Gabriel Borges Souza
Como citar: SOUZA, Gabriel Borges. O olhar crítico do maranhense João Affonso do Nascimento. 19&20, Rio de Janeiro, v. XIX, 2024. https://doi.org/10.52913/19e20.xix.03
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1. Se para alguns críticos de arte que publicavam na imprensa fluminense em idos do século XIX, o “Rio de Janeiro era o Brasil” e a arte carioca era a arte brasileira, aparentemente para alguns intelectuais do extremo Norte este não era caso.[1] No dia 18 de outubro de 1903, por exemplo, o multiartista e crítico de arte João Affonso do Nascimento (1855-1924) [ Figura 1 ] -assinando como Joafnas – publicava no jornal Folha do Norte, abrindo a edição de domingo, o texto intitulado “As Bellas Artes no Brasil,” onde narrou para os leitores de sua coluna dominical algumas impressões que teve sobre o Catálogo Illustrado da Décima Exposição Geral da Escola Nacional de Bellas Artes [ver fac-símile]. Dizia o crítico:
2. Um dia destes, trouxeram-me do correio um pequeno pacote, em cujo subscripto reconheci a lettra de um velho amigo residente na Capital Federal.
3. Abri pressurosamente o pacote: continha uma exígua brochura, de capa côr de chocolate, ornada de vinhetas art-nouveau [ Figura 2 ], semelhante, á primeira vista, aos livrinhos de distribuição gratuita, com instrucções para o uso da machina New-Home, ou confeccionaddos atestados da superioridade do xarope Mãe Seigel.
4. Titulo da brochura: Catálogo Illustrado da Décima Exposição Geral da Escola Nacional de Bellas Artes ou, em outros termos, catalogo do salon annual brasileiro.
5. Para um amador impenitente como eu, em que os annos não têm conseguido debelar a velha mania das cousas d’arte, póde-se imaginar facilmente que fino regalo seria o exame da brochurinha chocolate e arte-nova, posto que antecipadamente, e com tristeza, verificasse que das suas vinte e oito paginas de typo graúdo não me poderia vir senão um prazer de curta duração.[2]
6. Logo no início do texto, antes mesmo de comentar o que pode ver ao folhear o catálogo que lhe fora enviado por um amigo diretamente do Rio de Janeiro, João Affonso tratou logo de adiantar aos leitores do Folha seu descontentamento diante do conteúdo do livreto. Com sugestiva ironia, Joafnas seguiu com suas linhas:
7. Mas emfim, como todo mundo é accórde em proclamar que o Brasil é o Rio de Janeiro, lá deve ser, por via de regra, o fóco da intellectualidade nacional, o centro produtor, ao mesmo tempo intenso e abundante, de todos os ramos da Arte, inclusive os que foram grupados por Charles Blanc sob a denominação geral de Artes de desenho, e entre nós mais conhecidos por Bellas-Artes: a pintura, a esculptura, a archtectura, e a gravura. De lá, deve irradiar o exemplo da applicação fecunda e do incessante adeantamento para os outros Estados da União, que são como que os membros inferiores de um grande corpo de que o Pão de Assucar é a ponteaguda cabeça.
8. […] De tudo isso ia, naturalmente, dar-me cabal demonstração o pequeno catalogo que tinha deante de mim.
9. Pois, senhores, cahiu-me a alma aos pés: que franciscaníssima pobreza! Pobreza na quantidade, e, pelo que colligi da nomenclatura das obras expostas, pobreza na qualidade também. [grifos meus]
10. Tudo quanto constituiu a decima exposição geral de bellas-artes na Capital Federal, – na capital do paiz – poderia, com pequena differença, accomodar-se em qualquer sala um pouco mais vasta da casa de família.[3]
11. Apresentando-se como um sujeito contrário ao centralismo dado ao Rio de Janeiro como a principal capital brasileira na produção artística e intelectual, caso comum à época, João Affonso do Nascimento não poupou acidez ao definir o Catálogo Illustrado da Décima Exposição Geral da Escola Nacional de Bellas Artes como de “franciscaníssima pobreza”. Sem demora, ao abrir o catálogo, o crítico de arte se incomodou com um simples fato: cento e noventa e nove foi a quantidade total de obras de arte que os apreciadores puderam contemplar durante aquela exposição. Nas palavras de João Affonso, ironicamente, “faltou uma para arredondar a conta dos duzentos, e valia a pena terem n’o arranjado para acertar o numero, talvez mesmo que dizendo-se á bocca cheia dous centos, parecessem muito mais do que realmente eram.”[4]
12. Dos “duzentos menos um quadros”, através dos títulos encontrados no catálogo, o crítico de arte identificou produções de alguns gêneros de pintura comuns daquele período. Paisagens, naturezas mortas, retratos, entre outros. As pinturas em aquarela despontavam. E, embora João Affonso tivesse conseguido identificar os gêneros das pinturas que compuseram o salon, ele fez questão de apontar a carência de informações no livreto, indicando a falta de esforço do autor do catalogo em sua organização:
13. Raro é, pois, o que dá á perceber, da parte do seu actor, um esforço mais considerável de imaginação e composição, um trabalho de certa responsabilidade, que se eleve acima do nível da producção corrente, fácil e trivial, de onde se conclue, pelo menos quem formar o seu juízo pelas informações do catalogo, que a pintura do salon brasileiro, além de lastimavelmente reduzida em porção, reduziu-se a uma serie de quadros de pequenas dimensões e de assumptos banaes, somente um ou outro, se é que o havia, destacando-se, por qualidades excepcionaes, da vulgaridade da collecção, na qual, não obstante, encontram-se os nomes das actuaes summidades da arte nacional […].[5]
14. Se para o crítico de arte o autor do catálogo não tinha contribuído para que os folheadores do livreto tivessem uma boa impressão sobre a exposição, contribuíram muito menos para tal os estudantes da Escola Nacional de Belas Artes. A carência de esculturas, por exemplo, espantou João Affonso, que exclamava em seu texto: “essa então é que para demonstrar-se exuberantemente a que ponto se tem desenvolvido entre nós, não precisa mais do que recommendar-se pelo número. Quatro esculpturas, quatro!”[6] Poucas em quantidade mas boas em qualidade, as esculturas apresentadas naquela exposição caíram no gosto de João Affonso.[7]
15. Entre todos os gêneros, a arquitetura ganhou apenas uma produção, um modelo em relevo da fachada da própria Escola Nacional de Belas Artes, que havia sido projetado pelo professor Morales de los Rios, e executado por Joaquim Fontes Soares. E só. A ausência de outros estudos e projetos arquitetônicos na exposição, segundo João Affonso em seu texto, implicava diretamente “no estylo da construção urbana brasileira,” o que para o crítico resultava, ironicamente, nas edificações “de bom gosto e conforto,” encontradas nas ruas dos principais centros urbanos do país. De toda forma, ficou atestada uma certeza para João Affonso após folhear a seção de arquitetura do catálogo: “que neste paiz os architectos não correm o risco de morrer milionários.”[8]
16. “Gravuras de medalhas e pedras preciosas”, “Gravuras e litoghafia”, “Desenhos” e “Artes aplicadas”, foram mais algumas das seções brevemente comentadas por João Affonso do Nascimento em seu texto, onde o crítico de arte, linha sobre linha, ironizou o acervo que fora catalogado da exposição da Escola Nacional de Belas Artes.[9] Tendo se prolongado durante a redação de crítica de arte sobre o Catálogo Ilustrado, para fechar o texto, João Affonso, de forma inteligente, utilizou as duas páginas em branco contidas no Catálogo, destinadas a anotações de seus detentores, para sugerir que ainda tinha coisas a falar sobre o livreto e que tornaria a tê-lo como temática em sua coluna na próxima publicação:
17. O catalogo, porém, apresenta uma innovação, sobre as outras publicações congeneres que conheço: traz intercaladas duas páginas em branco, para notas.
18. Para tão pouca obra, o espaço é tambem pouco. Pelo menos, ao que particularmente nos toca as reflexões que me sugere são tantas, que já estando este longo, farei dellas assumpto para o artigo do proximo domingo.
19. Até lá, espero, leitor amigo que por tua vez terás tirado do que acabo de pôr sob teus olhos as conclusões que melhor te parecerem acerca do nosso Progresso, tão evidente, tão palpável, que só mesmo escripto com p grande, e até, se possível fosse, com p cedilhado.
20. Joafnas.[10]
21. Joafnas. Mais que um pseudônimo ou um acrônimo[11] de João Affonso do Nascimento, este foi o principal nome utilizado pelo multiartista maranhense ao assinar seus textos de temática variada em coluna própria no jornal Folha do Norte a partir do ano de 1903, quando regressou a Belém do Pará. Protagonista de uma vida agitada que foi permeada por mudanças de residências entre as cidades de São Luís do Maranhão, Belém do Pará, Manaus e Paris, João Affonso do Nascimento, entre tantas ocupações, também desempenhou o ofício de crítico de arte naquela Belém do início do século XX.
22. Sem pretensões de biografá-lo, nosso intuito, nas linhas que seguem, é o de apresentar justamente a faceta de crítico de arte de João Affonso do Nascimento em sua coluna dominical no jornal Folha do Norte. Ainda que Joafnas tenha se dedicado com mais afinco a redação de textos que tratavam sobre assuntos diversos, principalmente envolvendo história e moda, vez em quando os leitores do Folha, diante da ausência do crítico Alfredo Sousa[12] nas páginas do jornal ou sem motivo aparente, podiam se deparar com críticas de arte assinadas por Joafnas.
23. Torna-se importante frisar que se comparado a seus contemporâneos nos campos intelectuais e artísticos, que contaram com uma rede de apoio durante sua vida educacional, João Affonso do Nascimento pode ser considerado um prodígio. Autodidata na literatura e na arte, ainda que tivesse cursado apenas o Liceu Maranhense, com destaque, João Affonso tornou-se um exímio caricaturista, sendo o fundador da revista A Flecha (1879), em São Luís, aos 24 anos. Chegando a Belém em 1881, rapidamente Joafnas conseguiu galgar espaços na imprensa local, passando a contribuir com ilustrações para o magazine A Vida Paraense (1883) [ Figura 3 ]. Na Revista Amazônica, publicou o romance-folhetim A Viúva, que para alguns – junto à Hortência de João Marques de Carvalho – foi o primeiro romance urbano de Belém.[13] Tais fatos contribuíram para que seu nome se consolidasse na imprensa do Norte do país.[14] Entre desenhos e letras, Joafnas também foi um sujeito ligado ao teatro, escrevendo diversas peças as quais intitulou Natividade, com temáticas religiosas.[15]
24. Arte, teatro e literatura. Os campos onde João Affonso do Nascimento atuou como produtor foram também os campos nos quais o multiartista se propôs a realizar análises. No novíssimo jornal Folha do Norte (1896), suas primeiras publicações datam 1901. Em viagem à Europa desde 1900, passando por Lisboa e fixando residência em Paris, Joafnas enviou uma série de crônicas de viagem em forma de cartas que foram publicadas no jornal durante o segundo semestre daquele ano.[16] O período vivendo na capital parisiense foi crucial para que Joafnas tivesse uma mudança de perspectiva artística, cultural e visual.[17] A modernidade havia contaminado o artista, que passou a enxergar inúmeras possibilidades do reflexo da cultura burguesa belle epoqueana na cultura cotidiana da cidade guajarina.
25. De volta a Belém, foi a partir do segundo semestre de 1903 que João Affonso do Nascimento se tornou um dos redatores fixos do jornal Folha do Norte. Artista que era, Joafnas foi ciceroneado na redação do jornal pelo crítico de arte Alfredo Sousa, amigo de artistas e que, no dia 28 de agosto, em sua coluna Notas de Arte, publicou uma crônica apresentando aos leitores do Folha as qualidades artísticas de João Affonso do Nascimento:
26. […] E’ o segundo um amador de vigoroso talento que faltou, para fazel-o um artista acabado, o estudo profissional. De intensa sensibilidade artística, instinctivo e naturalmente engenhoso, sem nunca ter tido um professor de desenho, ou assistido na sua juventude a uma aula de pintura, ele deu para fazer tudo, a lápis ou a pincel, desde a decoração rudimentar à composição mais complexa, em marinha, paisagem, animaes, figura, à pena, a carvão, gouache, pastel, óleo, fogo, todos os gêneros de pintura, emfim, e com alto gosto e discreção.
27. Referimo-nos a João Affonso do Nascimento, o mais edoso dos moços pintores de Belém, em espírito de eleição, bem provado já na vida, mas sempre juvenil e vivaz, servido de uma organização physica privilegiada, que se compraz no trabalho incessante e indefesso.
28. As horas fôrras à vida comercial, de porfiada labutação, emprega-as ele todas em locubrações da intelligência ou em espetáculos de arte, ou na elaboração de artigos de crítica [grifos meus] e observação, lançados com a elegância de um estheta e o atticismo de um humorista, e, principalmente, em pintar, copiando os mestres modernos o que não lhe censuramos, mas preferíamos vêl-o em composições suas, pois não lhe falta a imaginação, e os modelos fácil lhe será encontral-os, querendo.
29. De qualquer modo, porém, admiramel-o e estimamel-o como artista, louvando-lhe a prodigiosa actividade, pois é ele, dentre todos, profissionaes e amadores, o que maior numero de trabalhos produz, sempre animado pelo fogo sagrado da Arte.[18]
30. Após os elogios impressos na matéria das Notas de Arte de Alfredo Sousa, o nome de João Affonso do Nascimento ganhou mais espaço nas páginas do jornal Folha do Norte. Nesse sentido, não assusta que poucos meses depois de ter suas habilidades artísticas reconhecidas por Sousa, o nome de João Affonso tenha aparecido novamente em setembro de 1903, em matéria já citada, indicado para compor o quadro de docentes do projeto referente à Academia de Pintura que estava sendo pensada para a capital.[19] Curiosamente – ou não – em outubro de 1903, a Folha do Norte abriu as portas de sua redação para o senhor João Affonso do Nascimento, que passou a publicar matérias em coluna exclusiva, abrindo as edições dos domingos, com seu pseudônimo Joafnas.
31. Foi neste contexto em que a crítica sobre o Catálogo Illustrado da Décima Exposição Geral da Escola Nacional de Bellas Artes e outros textos foram publicados no jornal Folha do Norte com a assinatura de Joafnas. No domingo seguinte após a publicação daquela que ficou marcada como sua primeira crítica de arte impressa no Folha, João Affonso, como prometido, redigiu e publicou mais um texto sobre o dito Catálogo, no qual o jornalista observou inúmeras ressalvas, como já explicitado.
32. Sobre o “minguado catalogo,” em Atrazo ou Negligencia?, texto publicado por Joafnas no dia 25 de outubro de 1903, o crítico de arte reiterava que, ao folhear o livreto, sentia-se “envergonhado” com a produção artística da juventude carioca, principalmente devido aos artistas e intelectuais de lá gozarem de “uma natureza privilegiada, povoada por uma sociedade que pretende ser Paris em miniatura,” além de terem a pretensão de “estabelecerem successão entre lettras do sul e lettras do norte.” Durante a semana, para servir de base ao seu novo artigo, João Affonso fez o resgate do Catalogo Illustrado da Exposição Artística da Imperial Academia de Bellas Artes do Rio de Janeiro, de 1884. Em seu texto, o crítico fez questão de realizar uma análise comparativa deste com o catálogo de 1903. Após apresentar aos leitores a discrepância na quantidade de obras catalogadas daquela exposição ocorrida durante o Segundo Reinado, Joafnas propôs a indagação que deu título ao seu texto: Atrazo ou Negligencia?[20]
33. Atribuindo a responsabilidade ao Governo Republicano pela carência de boas produções na Exposição da Escola Nacional de Belas Artes daquele ano, principalmente devido à negligência na propaganda, no incentivo de novos egressos e a falta de estratégias para a formação de novos artistas, Joafnas ainda sinalizou que não é de hoje que os artistas do extremo norte, da Amazônia, contestam a ausência de espaços nas grandes exposições ocorridas em galerias e museus do sudeste brasileiro para colocarem a mostra suas obras:
34. Um indicio dessa inconstancia na propaganda da cultura artistica, do abandono dos elementos, que podiam concorrer para o seu fomento, é o esquecimento em que até agora tem ficado os estados, quando mais não seja aquelles que se acham aqui no extremo norte, na organisação das exposições como a de que nos occupamos. Não sei o que dirá a respeito o regulamento actual da Escola: o da antiga Academia dispunha que tomassem parte nas exposições geraes os artistas das províncias, e o projecto dos tres reformadores, a que me tenho referido, determinava a admissão de todos os cidadãos nos concursos artisticos; o que sei é que não me consta terem sido até hoje convidados os artistas paraenses a enviar seus trabalhos para o salon da Capital Federal, nem que, official ou particularmente, se conheça aqui sequer a data em que elle se realiza.[21]
35. Vivendo em Belém há algumas décadas, João Affonso do Nascimento estava em convivência e diálogo com ótimos artistas que estavam produzindo obras de arte no extremo norte do país. Levando em consideração o que foi dito pelo outro crítico de arte do jornal Folha do Norte, o Sr. Alfredo Sousa, pode-se supor que devido a qualidade atestada em seus trabalhos, obras do próprio Joafnas – naquele momento, um homem maduro de 48 anos – poderiam estar expostas nos cavaletes dos principais salons artísticos do Rio de Janeiro e de outras capitais brasileiras. Entretanto, ao que tudo indica, os convites para artistas nortistas comporem os acervos de grandes exposições no sudeste brasileiro demoravam a chegar, podendo ser citado como exemplo pontual a participação do pintor José Girard na Exposição Nacional do Rio de Janeiro, no ano de 1908.
36. Após os dois textos publicados sobre o Catálogo Illustrado da Décima Exposição Geral da Escola Nacional de Bellas Artes, João Affonso do Nascimento manteve a assiduidade de sua coluna, abrindo as edições do jornal Folha do Norte com novos artigos até meados de setembro de 1904. Embora Belém estivesse contando com um crescimento exponencial no seu circuito de exposições, Joafnas não publicou mais nem um texto de crítica de arte em sua coluna, deixando a cargo de Alfredo Sousa tratar sobre o assunto.
37. Crê-se que o sumiço de quatro anos, entre 1904 e 1908, de João Affonso da imprensa belenense esteja atrelado a mais uma viagem de intercâmbio a Paris. Desta forma, Joafnas esteve ausente em grandes ocasiões da vida artística da cidade guajarina, como a abertura do foyer do Theatro da Paz durante a exposição de Antônio Parreiras em 1905, assim como nas demais exposições de renomados pintores nacionais e internacionais que o espaço destinado a apreciação da arte comportou. Com a ausência de João Affonso, pode-se dizer que a redação do jornal Folha do Norte não perdeu em nada no que diz respeito ao campo da crítica de arte, pois Alfredo Sousa tratou de publicar inúmeros textos deste gênero no mesmo período. Abrindo parênteses para conjecturas, se João Affonso permanecesse em Belém, imaginamos que as contribuições poderiam ser maiores tanto nas páginas do jornal, quanto no cotidiano artístico da cidade.
38. Nesse sentido, podemos adiantar que as contribuições com textos de crítica de arte redigidos por João Affonso do Nascimento no jornal Folha do Norte sobre o circuito de exposições de belas artes de Belém foram pontuais, principalmente se comparadas às produções publicadas por Alfredo Sousa, no mesmo jornal ou às de Antônio Marques de Carvalho, no jornal opositor, A Província do Pará.[22] Ainda assim, torna-se importante debater os poucos textos deste gênero publicados por Joafnas, principalmente no intuito de estabelecer as páginas do jornal Folha do Norte como um campo de debates artísticos.
39. Joafnas voltou a redação do Folha apenas em maio de 1908. Dali em diante, começaria o período de maior constância de publicações do jornalista no impresso. Além de resgatar a sua coluna dominical, iniciada anos antes, João Affonso do Nascimento diariamente passou a publicar textos satíricos na coluna Conversa Fiada, sob o pseudônimo “Pimentão.”[23] Em meio a inúmeros textos veiculados ao longo do ano, custou para que uma nova crítica de arte redigida por João Affonso do Nascimento fosse impressa no Folha do Norte.
40. Se Alfredo Sousa e Antônio Marques de Carvalho, os dois críticos de arte mais conhecidos em Belém durante a década de 1910 não puderam escrever sobre a obra prima de Theodoro Braga – a tela A Fundação de Belém [ Figura 4 ] – Joafnas assim o fez, encarnando novamente um crítico de arte. A entrega da tela, encomenda feita a Theodoro Braga por seus mecenas, o Intendente Municipal Antônio Lemos, foi realizada no dia 17 de dezembro de 1908, na ocasião de abertura de mais uma exposição de Braga em Belém, além de aniversário de Antônio Lemos.
41. O foyer do Theatro da Paz mais uma vez foi aberto para a fina flor da sociedade belenense poder contemplar a tela pintada por Theodoro Braga, que além de pintor, se fez um pesquisador, viajando a Portugal em busca de vestígios históricos para aplicar no quadro. Ao entrar no pomposo espaço, os apreciadores eram presenteados com um livreto contendo a descrição do quadro.[24] Entre tantas almas que ali estiveram presentes, João Affonso do Nascimento também pode contemplar a pintura histórica de Theodoro Braga.
42. O quadro suscitou em João Affonso a inspiração lítero-artística para redigir um texto de crítica de arte que foi publicado em sua coluna dominical no dia 20 de dezembro de 1908, três dias após a abertura da exposição de Theodoro Braga. Em um extenso e minucioso estudo, corroborando com os textos que comumente eram publicados por Alfredo Sousa e Antônio de Carvalho, João Affonso do Nascimento iniciou sua crítica narrando aos leitores do jornal Folha do Norte as suas impressões ao passar os olhos sobre as primeiras telas que compunham a exposição:
43. “Pintor ao Norte!”, disse eu commigo, logo ao primeiro golpe de vista pelo salão do theatro da Paz.
44. […] Percorrendo a actual exposição de Theodoro Braga, o visitante se convencerá promptamente deste asserto, vendo trabalhos a oleo, a aquerella, a pastel, a tempera, a penna, a fumo, a carvão, a miniatura; scenas históricas, quadros de generos, paisagens, assumptos religiosos, retratos, phantasias, decoração. Significa isto que o artista teve em vista mostrar-se familiarisado com qualquer dos ramos da sua profissão, e é justiça proclamar que elle o conseguiu.
45. […] Visto isso, ouso entreter hoje os meus caros leitores dominicaes, com as impressões, que pessoalmente me deixou a exposição alludida.
46. Não é uma crítica, me apresso em declarar. O distincto amador, que nas columnas da Folha do Norte se occupa habitualmente de coisas d’arte, achando-se ora ausente, não me abalanço a substituil-o [grifos meus] […].[25]
47. Após comentar os gêneros de pintura que poderiam ser contemplados na mostra de Theodoro Braga, Joafnas citou seu companheiro de redação Alfredo Sousa, crítico de arte residente do jornal Folha do Norte, que estava ausente de Belém durante a abertura da nova exposição de Braga. No parágrafo, fica nítido que Joafnas não tinha a pretensão de ocupar o cargo de crítico de arte daquele jornal, respeitando o espaço de Alfredo Sousa. O caso foi que, diante da conjuntura de entrega da tela A Fundação de Belém, o jornal Folha do Norte não poderia deixar de veicular uma análise sobre o quadro, episódio icônico para a cena artística da capital. Estando Alfredo Sousa ausente, o jornalista mais qualificado foi designado a redigir o estudo: João Affonso do Nascimento. Dando continuidade as suas análises, Joafnas privilegiou promover na primeira parte do seu texto um debate sobre a grande tela histórica pintada por Theodoro Braga:
48. Dentre os trabalhos expostos, tem de ser necessariamente mencionado em primeiro lugar, já por ser o de mais custosa composição, de mais aprofundado estudo, de mais vastas dimensões, de maior responsabilidade, em summa a causa principal da exposição, o que representa a Fundação da cidade de N. S. de Belém, executado por encomenda da intendência desta capital.
49. Para bem avaliar um quadro deste genero, é indispensável, cuido eu, a pessoa collocar-se no mesmo ponto de vista que o actor, isto é, inteirar-se previamente das razões que elle teve para interpretar como interpretou o facto histórico que serviu de thema á sua composição, e feito isto, confrontar a documentação na téla, e d’ahi concluir se elle foi ou não fiel e honesto interprete.
50. Ora, tendo o visitante á sua disposição a monographia impressa, cuidadosamente organizada pelo proprio artista com um louvável fim de elucidação, e da qual deprehende a somma do trabalho, de estudo, e de investigação, a que o levaram o seu escrúpulo e o seu proposito de ser honesto e fiel, tenho para mim que elle effectivamente foi.[26]
51. Salientando para os leitores de sua coluna a importância da leitura do livreto sobre a tela que Theodoro Braga havia distribuído durante a abertura da exposição, Joafnas argumentava que o impresso auxiliava os apreciadores no momento da fruição da obra, pontuando que, a partir da leitura e feita a contemplação, atestou que o pintor havia sido “honesto e fiel” em sua composição. Partindo para o debate técnico e adentrando a questão de gosto, Joafnas seguiu falando sobre as cenas que compõem o quadro:
52. No tocante á factura do quadro, ella é, para mim, toda satisfactoria no seu conjuncto, se bem que as minhas predileções se inclinem para a divisão esquerda do diptyco, tanto pela enscenação geral, como pelo modo de tratar as figuras. As arvores e os terrenos do primeiro plano são, a meu ver, bellos trechos de pinturas robustas e expressiva.
53. Na retina de certos espectadores, bem intencionados, eu sei, mas de limitada educação technica, a tonalidade, o grupamento das massas, a pintura tracejada que em alguns logares se vê, podem produzir um effeito, não direi desagradavel, mas em todo caso extranho. Entretanto, é ainda essa uma prova de que o nosso pintor anda bem a par do movimento evolutivo da sua arte, conduzido pelos mestres aclamados da moderna pintura mural decorativa […].[27]
54. Embora sem a pretensa de escrever uma crítica de arte, Joafnas perpassou, ainda que econômico em descrição, em análise e abordagem, pela qualidade estética das figuras retratadas por Theodoro Braga em seu novo quadro, salientando a qualidade técnica exprimida pelo pintor no ato da composição da tela. Além disso, o jornalista se atentou a técnica moderna utilizada pelo pintor durante a coloração do quadro, advinda de estudos da pintura mural e decorativa, gêneros trabalhados por Theodoro Braga naquele período. Sem tantas delongas, estes foram os meros pareceres críticos de Joafnas sobre a aguardada tela. Talvez o jornalista estivesse deixando espaços para que Alfredo Sousa comentasse outros pormenores da tela, o que acabou não ocorrendo. De toda forma, é possível imaginar que alguns leitores do jornal Folha do Norte tenham se frustrado com a pequena análise da obra de arte.
55. Como se passeasse pela exposição, João Affonso do Nascimento seguiu o texto arrolando as demais obras que a compunham como um cronista, longe de se ater em debates estéticos condensados sobre traços, coloração ou contrastes. Para findar o texto, o jornalista reservou palavras de incentivo a seu velho amigo Theodoro Braga:[28]
56. E agora, antes do ponto final, desejo, depois de haver externado o verdadeiro contentamento que sinto por este acontecimento tão salutar á aridez do nosso meio, dirigir duas palavras ao artista, como expressão dos votos que por elle fórmo, como seu amigo e admirador.
57. Faço votos para que, terminada a exposição, não volte para a sua casa um só dos trabalhos, apreçados no catalogo por muito menos do seu real valor, sem duvida, para collocal-os ao alcance do nosso ainda restricto mercado artístico.
58. […] E’ quanto lhe desejo, meu caro amigo Theodoro Braga: que você, uma vez aparelhado, como acaba de demonstrar, com todos os recursos da sua nobre e bella profissão, possa emfim prosseguir na sua carreira definitiva e pelo caminho que melhor possa lhe aprouver.[29]
59. A imprensa detinha um papel primordial dentro do sistema de arte da Belém daquela época. Se os principais críticos de arte dos dois maiores jornais em circulação não puderam escrever suas impressões sobre a aguardada tela A Fundação de Belém, assim como sobre as demais obras que compuseram a recente exposição de Theodoro Braga, João Affonso do Nascimento tomou para si a responsabilidade de registrar a ocasião, ora como um crítico (ainda que timidamente), ora como um cronista, informando o público apreciador sobre a mostra e suscitando debates de gosto sobre o que podia ser visto no foyer.
60. Foram pontuais as publicações de João Affonso do Nascimento como crítico de arte, de fato. Com exceção da exposição de Theodoro Braga, os leitores do jornal Folha do Norte poderiam notar a diferença entre os textos publicados por João Affonso e Alfredo Sousa, este último crítico de arte residente do jornal. Em sua coluna dominical, entre artigos sobre moda ou sobre história, ainda que tivesse as belas artes como pauta, os textos desta temática que datam entre 1908 e 1914 se inclinavam para uma debate teórico-artístico, onde João Affonso experimentou lançar discussões mais conceituais para o público leitor do Folha.
61. Da arte da fraude na arte,[30] Da sinceridade na arte,[31] Guerra á linha curva,[32] Se fosse o Louvre…,[33] são artigos que não tratavam sobre juízo estético, gosto, traços, ou coloração em obras de arte contempladas. Neles, Joafnas se apresentava aos leitores de sua coluna mais como um teórico no campo da arte do que como um crítico de arte.
62. Se Alfredo Sousa e Antônio Marques de Carvalho, cada um a seu modo, acompanharam de perto a evolução de artistas e o crescimento do círculo artístico de Belém através da visita a ateliês, registrando grandes exposições e pequenas mostras, suscitando debates através da imprensa, João Affonso do Nascimento não seguiu o mesmo caminho, embora tenha contribuído como artista e produtor na cena paraense.
63. Sobre o circuito de exposições escolares, entre 1909 e 1913, todo mês de setembro o jornalista reservou espaço em sua coluna para comentar a Exposição Escolar de Desenho, promovida pelo Governo do Estado. Por mais que Alfredo Sousa tenha publicado artigos sobre algumas delas,[34] João Affonso, quase sempre citando seu colega de redação, também publicou os textos: O desenho ao mesmo tempo que o abc (1909),[35] Um anno desaproveitado (1910),[36] A terceira exposição escolar de desenho (1911),[37] A quarta exposição escolar de desenho (1913),[38] A quinta exposição escolar de desenho (1914),[39] onde deixou registradas, ano a ano, impressões negativas sobre os singelos estudos dos alunos aspirantes a artistas de Belém.
64. Se dentro do sistema de arte da Belém do início do século XX a imprensa impressa detinha um papel primordial em difundir ideias e informar a população, no campo artístico, a crítica de arte deste período, através das páginas dos jornais de circulação diária, desempenhava um papel parecido. Evidenciando a complexidade do contexto, dos espaços e dos agentes que estavam ligados à intelectualidade nortista, João Affonso Nascimento foi um dos nomes que contribuíram com o enriquecimento da cena artística de Belém através de seus debates como crítico de arte, desempenhando o papel de mediador entre artistas e público leitor/apreciador, além de deixar, através de seus textos, grande parte da sociedade belenense a par das principais discussões dos mundos da arte daquele período
* Mestre em História pelo Programa de Pós-Graduação em História Social da Amazônia da Universidade Federal do Pará (PPHIST-UFPA, 2024). Pós-Graduado em Africanidades e Cultura Afro Brasileira pela Universidade Pitágoras Unopar Anhanguera (2023). Graduado em Licenciatura Plena em História pela Universidade da Amazônia (UNAMA, 2020), Realiza pesquisas voltadas para círculos intelectuais de entresséculos (XIX-XX) em Belém, tratando sobre a crítica de arte, imprensa e artes visuais. E-mail: gabrielsouza091@yahoo.com.br
[1] Félix Ferreira (1841-1898) foi um dos propagadores de tal ideia. Disse o crítico em dado momento: “Em geral, aqui no Rio de Janeiro, o que quer dizer no Brasil [grifos meus], os que aprendem a desenhar contentam-se em copiar alguma coisa do natural, do gesso quase sempre, poucos são os que conseguem saber desenhar originalmente”. FERREIRA, Félix. Belas Artes: Estudos e Apreciações. Versão Digital Arte Data, 1998, p. 84.
[2] JOAFNAS. As Bellas Artes no Brasil. Folha do Norte, 18 out. 1903, p. 1.
[3] idem
[4] Idem.
[5] idem.
[6] idem.
[7] As quatro esculturas eram: Busto do dr. Brissay, por Rodolpho Bernardelli; Busto de Menino e Busto de Pescador, por Corrêa Lima; e Cupido, por Julieta França. Sobre as esculturas, escreveu João Affonso: “Deante destas quatro esculpturas, quem não se convencer de que somos um povo eminentemente dotado para as Artes, é porque realmente é muito pessimista” (Idem). Ver também: ESCOLA Nacional de Belas Artes. Catálogo Illustrado da Décima Exposição Geral da Escola Nacional de Bellas Artes. Rio de Janeiro: E. Bevilacqua & C., Editores, 1903, p. 23. Nesse caso, João Affonso não estaria sendo irônico: ele faz questão de frisar a qualidade da escultura produzida pelo Professor Bernadelli, dizendo que ela “supre a quantidade pela qualidade.” No mais, havia uma escultura da artista paraense Julieta França, com quem João Affonso teve trocas positivas em Paris em meados de 1900 durante a estada de ambos por lá. João Affonso inclusive requisitou, em carta publicada na Folha do Norte, o apoio financeiro do Governo do Estado do Pará à Julieta França, que passava dificuldades financeiras devido ao valor baixo da bolsa de estudos concedida pela ENBA. Ver: SIMIONI, Ana Paula Cavalcanti. Souvenir de ma carrière artistique. Uma autobiografia de Julieta de França, escultora acadêmica brasileira. Anais do Museu Paulista, v. 15, p. 249-278, 2007.
[8] JOAFNAS, op. cit.
[9] Em Gravuras de medalhas e pedras preciosas, por exemplo, o crítico citou o caso da estátua em gesso Lua de Melo, do escultor Girandet, estar erroneamente locada naquela seção. Ironizando, mais uma vez, João Affonso escreveu: “Custou-me decifrar porque é que uma estatueta em gesso veio parar a esta secção, mas afinal acertei: é que no compartimento de esculptura, de que acima descriminei os quatro numeros, havia trabalhos demais….” Sobre os desenhos catalogados, aparentemente o crítico esperava mais: mais desenhos, mais temas, mais produções. Dizia ele: “Na classe dos desenhos, havia uma série deles para o emblema da Biblioteca Nacional e outra para o ex-libris da mesma. Muito se desenha no Brasil! [grifos meus].” Idem.
[10] Idem.
[11] Acrônimo: palavra que se forma pela junção das primeiras letras ou das sílabas iniciais de um grupo de palavras, de uma expressão. No caso de nosso personagem: (Jo)ão (Af)fonso do (Nas)cimento = Joafnas.
[12] Alfredo Sousa foi um português que residia em Belém e responsável pelas principias colunas vinculadas aos debates artísticos nas páginas do jornal diário Folha do Norte. Além de ser o crítico de arte residente do jornal, foi um colecionador de obras de arte. Para mais, ver: SOUZA, Gabriel Borges. Quantos Mundos Há na Arte? Crítica de Arte em Belém do Pará (1896-1914). Dissertação (História) – Programa de Pós-Graduação em História Social da Amazônia, UFPA, Belém, 2024, p. 113.
[13] MEIRA, Clóvis; ILDONE, José; CASTRO, Acyr (org.). Introdução à literatura no Pará: antologia. Belém: CEJUP, 1990, v. 8, p. 111.
[14] HAGE, Fernando. Entre palavras, desenhos e modas: um percurso com João Affonso. – 1ª. Ed. – Curitiba: Appris, 2020, p. 26.
[15] AZEVEDO, J. Literatura paraense. – 3. ed. – Belém: Secult, 1990, p. 122.
[16] De Lisboa, ver: JOAFNAS. Cartas de Longe. Folha do Norte, 25 ago. 1901, p. 1. De Paris, ver: JOAFNAS. Cartas de Longe. por. Folha do Norte, 26 ago. 190, p. 1.
[17] HAGE, op. cit., p. 94.
[18] A. Notas de arte. Folha do Norte, 28 ago 1903, p. 1.
[19] “São indigitados para o corpo docente os srs. João Affonso, drs. Barroso Rebello, A. Marques de Carvalho, dr. Flavio Cardoso, José Girard, Carlos Azevedo, Victor Mansini, Maurice Blaise, Irineu de Souza”. SOUSA, Alfredo. Notas Artísticas – Academia de Pintura. Folha do Norte, 24 set. 1903, p. 1.
[20] Sobre o catálogo de 1884: “O catalogo relaciona duzentos e noventa e quatro trabalhos de pintura e desenho, seis esculpturas, sete planos de architectura, quarenta provas photographicas”. JOAFNAS. Atrazo ou Negligencia? Folha do Norte, 25 out. 1903, p. 1.
[21] Idem.
[22] Antônio Marques de Carvalho foi o crítico de arte residente deste jornal entre os anos de 1899 e 1909, assinando a coluna Crítica d’Arte, ora com seu próprio nome, ora com o pseudônimo “Monóculo”. Ver: SOUZA, op cit, p.56.
[23] Encontramos a coluna Conversa Fiada sendo publicada no ano de 1897, durante o segundo ano de circulação do jornal Folha do Norte. Na ocasião, “Demócrito” foi quem assinou a pequena seção. Ver: DEMÓCRITO. Conversa Fiada. Folha do Norte, 17 mai. 1897, p. 1.
[24] FIGUEIREDO, Aldrin Moura de. Eternos Modernos: uma história social da arte e da literatura na Amazônia 1908-1929. (Tese de Doutorado). São Paulo: Unicamp, 2001, p. 19-20.
[25] JOAFNAS. Uma exposição artística. Folha do Norte, 20 dez. 1908, p. 1.
[26] Idem.
[27] Idem.
[28] Aldrin Figueiredo e Fernando Hage propagam a ideia de que João Affonso do Nascimento conheceu Theodoro Braga em 1901, quando ambos estavam residindo em Paris.
[29] JOAFNAS. Uma exposição artística, p. 1.
[30] JOAFNAS. Da arte da fraude na arte. Folha do Norte, 05 jun. 1910, p. 1.
[31] JOAFNAS. Da sinceridade na arte. Folha do Norte, 07 mai. 1911, p. 1.
[32] JOAFNAS. Guerra á linha curva. Folha do Norte, 24 nov. 1912, p. 1.
[33] JOAFNAS. Se fosse o Louvre. Folha do Norte, 01 dez. 1914, p. 1.
[34] Além da Primeira Exposição Escolar de Artes do ano de 1909, Alfredo Sousa publicou textos sobre Segunda Exposição Escolar, ocorrida em 1910, mbos com opiniões negativas. Ver: SOUSA, Alfredo. Impressões de Arte – A Segunda Exposição Escolar. Folha do Norte, 10 set. 1910, p. 1.
[35] JOAFNAS. O desenho ao mesmo tempo que o abc. por. Folha do Norte, 19/09/1909.
[36] JOAFNAS. Um anno desaproveitado” por Joafnas. Folha do Norte, 13 set. 1910, p. 1.
[37] JOAFNAS. A terceira exposição escolar de desenho”, por Joafnas. Folha do Norte, 29 set. 1911, p. 1.
[38] JOAFNAS. A quarta exposição escolar de desenho”, por Joafnas. Folha do Norte, 29 set. 1912, p. 1.