ALBERTO DELPINO

(Porto das Flores, MG, 1864 - Belo Horizonte, MG, 1942)

por Ricardo Giannetti

Alberto André Feijó Delpino nasceu em Porto das Flores, lugarejo próximo à divisa das províncias de Minas Gerais e do Rio de Janeiro. Teve formação escolar no Mosteiro de São Bento no Rio de Janeiro e logo ingressou na Academia Imperial das Belas Artes. Estudou desenho e pintura com José Maria de Medeiros, João Zeferino da Costa, Victor Meirelles, entre outros.

Transferiu-se para a cidade mineira de Barbacena, onde, em 1891, tornou-se professor de Desenho no Internato do Ginásio Mineiro. Em 1894 foi nomeado para a cadeira da mesma matéria na Escola Normal de Barbacena. Ao lado do magistério, seguiu continuamente o trabalho de pintura, manifestando especial apreço pelos assuntos da cultura de Minas e pelo registro de sua paisagem. Um aspecto percebe-se marcante em Delpino: a prática do desenho e o grande interesse em atuar na imprensa. Como caricaturista, jornalista e ilustrador, teve participação numerosa em periódicos como: O Diabo (em Petrópolis), O Espelho, A Semana (de Valentim Magalhães), O Mequetrefe, Gazeta de Petrópolis, O Mensal (em Barbacena), Correio da Manhã, Correio da Tarde, Álbum de Minas (1906).

Voltando a atenção para sua obra pictórica, notamos ter absorvido muito da concepção e da prática dos paisagistas atuantes no Brasil no final do século XIX e início do século XX. Estudou e exercitou intensamente a pintura ao ar livre. Permaneceria, porém, um pintor detalhista e contido, preso a um elaborado desenho, ao abordar a figura humana e as cenas de interior. De sua extensa obra, pode-se destacar: Tropeiro; Ilha das Cobras; Perfil de Tiradentes; Retrato do maestro Manoel Joaquim de Macedo; Chuva na serra; Volta da colheita (esses dois últimos quadros pertenceram à coleção de Laudelino Freire); Praia do Vidigal no Rio de Janeiro (acervo Coleção Cultura Inglesa); Panorama da cidade de Mariana (acervo do Museu Mineiro).

Delpino esteve presente com assiduidade nas Exposições Gerais de Belas Artes do Rio de Janeiro, somando-se um total surpreendente de trinta participações, desde 1890 até 1933. Em 1895 recebeu a Menção Honrosa. Na Exposição Geral de 1907 apresentou duas pequenas paisagens e a conhecida tela Saudosa Marília, conquistando a Menção Honrosa de 1.º Grau.

Teve presença expressiva na Exposição Universal de Saint Louis nos Estados Unidos, em 1904, ao lado de Honório Esteves e Frederico Steckel, pintores representantes do Estado de Minas Gerais. Realizara o envio de nada menos que 18 obras, sendo reconhecido com a Medalha de Bronze. Dentre os quadros incluídos na ocasião, destacam-se: O garimpeiro; O retireiro em trajes de Minas; Casa onde nasceu Santos Dumont; Cruz das Almas, casa rural em Barbacena; Pico do Itacolomi. Em 1906, amigos do pintor, prestando-lhe uma homenagem, organizaram no salão nobre do Grande Hotel de Belo Horizonte exposição composta por todas as suas obras que haviam figurado na Exposição de Saint Louis. O Governo do Estado fez a aquisição de Berço da Inconfidência.

Deixando a cidade de Barbacena no ano de 1929, já então aposentado, Alberto Delpino transferiu-se com sua família para Belo Horizonte. Uma vida muito simples passou a viver na capital mineira no decorrer dos anos trinta, vindo a falecer em 1942.

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Fonte da Imagem: <http://www.artedata.com/crml/retratos/abretp01.htm>. Acesso em 1 set. 2009.