19&20      
Volume IV, número 2 │ abril 2009..........................................ISSN 1981-030X...

                   

 

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Expediente

 

DezenoveVinte

 

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Editorial

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Se parece possível dizer, sem que tal afirmação soe por demais simplificadora, que a cidade do Rio de Janeiro foi o principal centro artístico brasileiro durante todo o Império e primeiras décadas da República, isso não implica que outros Estados e mesmo outras cidades fluminenses não tenham conhecido, nesse período, uma  efervescência cultural significativa. É isso que deixa entrever boa parte dos artigos reunidos na presente edição de 19&20.
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Por um lado, se constata que,
durante o século XIX, diversas províncias da Corte atraíram artistas estrangeiros de nomeada, como demonstra o caso de Nova Friburgo, onde o paisagista francês Auguste Glaziou teve uma importante atuação, analisada no artigo de Camila Dias Amaduro, ou, ainda, o caso da cidade de Campos de Goytacazes, na qual se estabeleceu o fotógrafo alemão Guilherme Bolkau, cuja obra é o foco da reflexão da Mônica Scarpat Zandonadi, Almerinda da Silva Lopes e Leonardo da Silva Vasconcelos. 
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Por outro lado, diversos Estados desenvolveram uma vida artística independente da do Rio de Janeiro. É o que testemunha a trajetória no Brasil de um outro estrangeiro, o norueguês Alfredo Andersen: como mostra o texto de Amélia Siegel Corrêa, Andersen, que aportou no Paraná nos anos 1890, se fixou em cidades como Paranaguá e Curitiba e ali realizou a maior parte de sua obra de maturidade. Analogamente, o gaúcho Pedro Weingärtner, cuja produção neo-pompeiana é analisada no presente número por Camila Dazzi, desenvolveu uma carreira bastante independente do meio artístico do Rio de Janeiro, assim como Antonio Parreiras, que recebeu de outros Estados a maioria das encomendadas de seus quadros históricos, peças importantes na elaboração da iconografia para a nação brasileira estudada por José Maurício Saldanha Álvarez em seu artigo.
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Durante a República, outras instâncias artísticas como o colecionismo e a crítica de arte também conheceram uma evolução crescente para além dos limites da Capital Federal. Práticas de mecenato irredutíveis àquelas do Rio de Janeiro levaram à constituição de coleções com características únicas, como o acervo do atual Museu Mariano Procópio, em Juiz de Fora-MG, onde se encontra a tela Limpando metais, de Armando Vianna, centro das considerações do texto de Maraliz de Castro Vieira Christo. Já as resenhas e artigos aqui transcritos da Revista do Brasil, importante periodico criado em São Paulo em 1916, demonstram não só o amadurecimento da critica de arte no Estado e a afirmação de diversos de seus artistas, como também acenam para o papel de liderança que a capital paulista logo assumiria no cenário artístico brasileiro.
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A presente edição de 19&20 traz ainda um artigo de Ana Heloisa Molina que aborda o pano de boca realizado por Eliseu Visconti, no inicio do século XX, para o Teatro Municipal do Rio de Janeiro, e se encerra com as transcrições feitas por Márcia Valéria Teixeira Rosa de importantes documentos referentes a Rodolpho Amoêdo, pertencentes aos acervos do Museu Nacional de Belas Artes e do Museu Dom João VI-EBA-UFRJ, e que abrangem desde a sua formação como pintor até o final de sua carreira artística.
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Arthur Valle
Camila Dazzi

Editores
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