Oscar Pereira da Silva e suas representações do feminino

Ana Carolina de Souza Pereira e Gabriella de Amorim Gen [1]

PEREIRA, Ana Carolina de Souza; GEN, Gabriella de Amorim. Oscar Pereira da Silva e suas representações do feminino. 19&20, Rio de Janeiro, v. III, n. 4, out. 2008. Disponível em: <http://www.dezenovevinte.net/artistas/ops_feminino.htm> [Français]

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1.       A proposta deste trabalho é não apenas analisar a vida e a obra de um dos artistas mais ativos da arte brasileira no século XIX, mas também formar conhecimento perante as suas contribuições para com a arte, no que se refere, exclusivamente, à representação da mulher. Visamos assim, não somente discorrer sobre a obra e a vida de Oscar Pereira da Silva, mas também analisar algumas de suas obras mais conhecidas, como a Escrava Romana [Figura 1], a Odalisca [Figura 2] e Dalila e Sansão [Figura 3], pensando-as dentro de um contexto artístico que não somente se aprazia à representação da mulher como objeto na pintura, mas que, indo além, criou, efetivamente, o tipo da femme fatale.

2.       Começaremos assim, falando sobre a formação e a trajetória desse que consideramos um dos pintores mais completos da arte brasileira no contexto artístico do século XIX. Durante muito tempo, a sociedade de estudiosos, com forte tendência modernista, não deu a devida atenção aos pintores brasileiros ditos acadêmicos. Grandes expressões do século XIX, tais como Victor Meirelles, Eliseu Visconti, Belmiro de Almeida entre outros, foram simplesmente esquecidos, ou, quando não, eram lembrados apenas para servir de contra-exemplo a arte inovadora e de qualidade aparentemente inquestionável do Modernismo. O artista que escolhemos destacar nesse artigo foi um desses esquecidos. Como relata em seu livro o historiador de arte Jorge Coli, - defensor de um novo olhar, mais detalhado e pertinente sobre a a produção artística do século XIX -, quando era ainda um adolescente, olhava os quadros de Pereira da Silva e de outros artistas citados anteriormente, induzido por seus professores, para formar um conceito do que era uma pintura ruim, mesmo achando a produção artística dessa época de excelente qualidade.

3.       Em seu livro Como estudar a arte brasileira do século XIX? o historiador nos fala que o foi varrido do mapa “tudo aquilo que não parecia estar dentro dos parâmetros que esses modernos estabeleciam”. Com isso, perdemos durante muito tempo o “sabor” de estudar artistas grandiosos como Oscar Pereira da Silva, que foi, sem duvida, um dos artistas brasileiros que mais se beneficiou com as premiações concedidas pela Academia (COLI, 1999).

4.       Oscar Pereira da Silva nasceu em 27 de agosto de 1867, em São Fidélis, no estado do Rio de Janeiro. Entre 1882 e 1887, estudou na Academia Imperial das Belas Artes, no Rio de Janeiro, tendo como professores Zeferino da Costa, Chaves Pinheiro, Victor Meirelles e José Maria de Medeiros.

5.       Como assistente de Zeferino da Costa, colaborou na execução dos painéis decorativos da nave principal da igreja da candelária, em 1887. Nosso grande crítico de arte Gonzaga Duque conheceu seu trabalho quando ele era ainda aluno da Academia Imperial das Belas Artes e previu que “um dia se tornaria um eminente artista, pois já considerava que seu trabalho na juventude valia muito mais do que o de alguns pintores afamados”. Em seus 73 anos de vida, dos quais a maior parte foi dedicada ao oficio da pintura, Oscar teve inúmeras premiações. Com 15 anos, em 1880, recebeu a pequena medalha de ouro em desenho figurado na Academia Imperial de Belas Artes, no ano seguinte recebeu uma menção em paisagem e medalhas de ouro em pintura histórica e modelo vivo. Em 1882, receberia outra medalha de ouro em pintura histórica. Em 1887 ganha o Prêmio de Viajem da academia, seguindo, devido a problemas na instituição, somente em 1890 para a França. Em 1895, outro quadro marcante, A Infância de Giotto [Figura 4]. Em 1897, uma medalha de ouro vai para a Escrava Romana, que, mais a frente no presente artigo, será alvo de uma análise mais aprofundada, no que se refere a figura da mulher como objeto na pintura. Por ocasião da exposição nos EUA, recebeu a grande medalha de prata com a Criação da Vovó [Figura 5]. Em 1908, a exposição comemorativa da abertura dos portos do Brasil conferiu-lhe o grande prêmio por Canto de Cozinha. Em São Paulo, recebeu, em 1936, o segundo prêmio da prefeitura. Em 1937, na Exposição Nacional de Belas Artes ,foi lhe conferido o prêmio máximo, o grande premio de honra.

6.       Com todas essas premiações não fica difícil perceber a grandeza no espírito artístico desse importante pintor da arte brasileira do século XIX. Dentro desse mesmo contexto, podemos também concluir que o artista foi um grande conhecedor do oficio e fiel ao espírito de sua época e isto remete o pensamento à famosa frase de Daumier muito apreciada pelos artistas do século XIX, “il faut être de son temps” - algo que traduzido ficaria “deve-se pertencer à sua época”, o que facilmente encontramos em todas as obras, O que mais chama atenção na produção de Oscar Pereira da Silva é multiplicidade de temas que foram por ele abordados - o que, de resto, era usual aos artistas oitocentistas, embora muitos tenham entrado para a história da arte como atuantes apenas em um tipo de produção, como é o caso de Giovanni Castagneto, conhecido unicamente como paisagista. No começo da carreira de Oscar pereira da Silva, a pintura histórica e a temática religiosa predominaram em sua obra, fruto de encomendas da igreja e do Museu Paulista. E para instituições públicas e instituições de ensino, pintou alegorias e também retratos, para aqueles que desejavam ter perpetuada sua imagem em um quadro a óleo. Também representava nus, cenas mitológicas, o Oriente, naturezas-mortas, flores e animais. Para a burguesia executou lindas paisagens, registros de recantos que hoje não existem mais. Pintou pessoas da elite e pessoas comuns, além dos quadros de gênero, com cenas do cotidiano que são precisos documentos da vida daqueles tempos. Destacou-se como pintor de história, fixando em grandes telas, preferencialmente passagens tomadas da história do Estado de São Paulo, onde se radicou. As suas pinturas históricas, sempre eram representadas com teatralidade e realismo, onde podemos destacar Fundação da Cidade de São Paulo (1903) [Figura 6], no Museu Paulista, visto tratar-se de uma obra com aspecto impactante, tanto pela dimensão quanto pelos detalhes magistralmente tratados (Tarasantchi, 2006).

7.       A vida do pintor resumiu-se durante muito tempo, as suas idas e vindas a Paris, e, apesar de considerar-se herdeiro de Henrique Bernardelli e Pedro Américo, sua formação artística foi, basicamente, européia, embora não possamos desconsiderar os inúmeros anos que passou como aluno da Academia Imperial das Belas Artes. Pereira da Silva afirma, segundo o livro de Laudelino Freire, intitulado Galeria Histórica dos Pintores do Brasil, ter sido discípulo de Mr. Léon Gérôme e Mr. Bonnat quando estudou na França, reforçando assim a idéia de uma formação para além daquela obtida como os seus mestres brasileiros (FREIRE, 1914-1916). E sua ambição, como a de todos os seus contemporâneos, era pintar tão bem como um europeu, o que não significou, entretanto, que não tenha produzido obras que podemos considerar como brasileiras, seja pela tema, seja pelo tratamento. A versatilidade presente nas obras de Oscar Pereira portanto, vem não somente dos seus estudos na Academia Imperial das Belas Artes, mas também dos seus estudos em Paris na Academia Julian, que teve grande importância na formação dos artistas brasileiros do século XIX. São posteriores a sua passagem por aquele país, Dalila e Sansão (1893) e a Escrava Romana (1894) e Odalisca (c.1900) , dotados de grande força pictórica, obras que analisaremos mais a frente.

8.       A brasilidade de Pereira da Silva se manifestou, sobretudo, nos motivos escolhidos pelo pintor tais como a série de velhos, algumas naturezas mortas e, sobretudo, nas pinturas históricas. E, naturalmente, o Brasil está em suas paisagens, quando focaliza nosso interior, com carros de boi, animais passando no campo, pequenos trechos interioreanos, lembrança dos lugares que mais encantam seu olhar artístico [Figura 7], e em seus quadros de gênero, que quase sempre tem como cenário os lares da burguesia, nos deixou lembranças dos modos vivenciados dos ricos fazendeiros paulistas ou da São Paulo enriquecida pelo café (Tarasantchi, 2006).

9.       Sua formação e sua trajetória viriam a culminar, em 1897 na fundação do Núcleo Artístico, origem da Escola de Belas Artes em São Paulo, inaugurada juntamente com José Candido de Sousa e Sandoville, aonde viria a lecionar. Pereira da Silva também se tornou professor do Liceu de Artes e Ofícios, na mesma cidade. Entre outros prêmios, obteve em São Paulo, em 1933, a grande medalha de ouro no Salão Paulista de Belas Artes. Foi ainda decorador, trabalhando nas igrejas de Santa Cecília e de N. Sra. Consolação, bem como para o Teatro Municipal de São Paulo, para onde concebeu três murais, Uma Comédia Ambulante nas Ruas de Atenas [Figura 8], A Dança e A Música (c.1911).

10.    Com tudo isso, apesar de Oscar Pereira da Silva abordar praticamente todos os gêneros e temáticas correntes na virada do século XIX para o XX, escolhemos aqui enfocar, privilegiadamente, as suas obras que retratam figuras femininas em duas situações específicas: a mulher como objeto e a mulher que faz dos homens seus objetos de prazer, ou seja, a femme fatale.

Análise de suas obras: Mulher objeto e mulher fatal

11.    Começaremos então, com a questão da representação da mulher como objeto na pintura . A obra em que melhor podemos visualizar a questão da exposição do corpo feminino transformado em objeto é em um dos quadros mais famosos de Oscar P.da Silva, intitulado a Escrava Romana (1894 - óleo sobre tela, 146,5 x 72, 5 cm. Acervo da Pinacoteca de São Paulo).

12.    A forma como a personagem toca seu corpo, nós passa a sensação de oferta. A sensualidade do modelo é visivel, a forma com que as roupas lhe caem, quase como uma encenação em seu ponto final. O nome da obra já traz em si a degradação da imagem retratada, a mulher ali representada é apenas uma “mera escrava” romana, isto significa que seu povo, como era de costume dos romanos, foi conquistado e o destino dos povos conquistado por esse grandioso império era somente vinculado à degradação moral e ética.

13.    Os escravos, na realidade, sustentavam a economia do Império Romano, desempenhando as mais diversas funções, desde as domésticas até as agrícolas, trabalhando em minas e como escribas, mas, não deixavam de ser escravos e de viverem em condições subumanas. A mulher ali exposta representa essa degradação da moral, uma vez que não nós mostra vergonha de sua nudez, seu rosto se mostra inteiramente complacente com tal situação, é como se passasse por essa mesma cena repetidas vezes, e por isso o ato de exibir-se, acabou tornando-se algo banal, presente em seu cotidiano. Essa pose de resignação perante a situação, nos mostra, ainda, uma escrava ansiosa por um futuro próspero, um dono rico por exemplo; mas nada do que ela faça naquele exato momento vai transforma-la em outra coisa , a não ser um “objeto” a ser vendido.

14.    É interessante também analisarmos um dos detalhes mais interessantes da pintura mais atentamente, a placa pendurada no pescoço da escrava, que possui a inscrição Virgo e logo abaixo XXI e a inscrição Nata, que nos remete a algo como nascimento ou nascida em. Podemos visualizar essa inscrição Virgo, como indicação de que aquela mulher ainda não teve relações sexuais, o que elevaria seu preço, segundo alguns historiadores da Antiga Roma. Já a numeração XXI é um possível indicador de sua idade, já que a obra foi feita entre os séculos XIX e o XX e por isso não poderia ser um caráter cronológico de referência à pintura. Somente suposições.

15.    Depois de nos atentarmos um pouco mais sobre a figuração presente no quadro e seu contexto histórico, presente até mesmo no titulo da obra, podemos perceber o forte caráter de degradação da feminilidade, da ética presente nas relações humanas e da moral. Que tipo de relação existiria entre a figura escravizada e o império que escraviza se não, o forte sentimento de desestruturação dos princípios básicos das relações humanas.

16.    Agora passaremos a analisar obras com a personificação da Femme Fatale, a mulher que manipula seus amantes aos sabores de seus desejos e, ardilosamente, os envolve em um jogo de sedução e perigo, onde as regras são ditadas unicamente por ela.

17.    Começaremos pela obra Dalila e Sansão (1893 - óleo sobre tela, 59 x 78,1 cm. Acervo do Museu Nacional de Belas Artes), que retrata a cena da mulher como personagem principal de uma história do Antigo Testamento. A mulher retratada em questão se transforma no foco central da narrativa, e diferentemente da Escrava Romana, sua postura mostra a verdadeira face de seus instintos primitivos, quando, na eminência da ação, deixa aparecer “descuidadamente” os seios, para a contemplação dos homens ao seu redor. A forma como é representado o repouso da figura feminina nos coloca em um ambiente sensual, aonde Dalila deseja ser o objeto de cobiça dos espectadores que a rodeiam.

18.    Para compreendermos melhor a associação feita nessa pintura entre a personagem Dalila e o tipo da femme fatale é necessário conhecer a história retratada no quadro em questão, a história de Sansão e Dalila. A região de Gaza, na Palestina, por volta de 1.200 a.C era dominada pelos filisteus. Ao conhecer Semadar, uma filistéia, Sansão se apaixona por ela, mas é Dalila, irmã mais nova de Semadar, quem realmente o deseja. Quando Dalila o procura, ele a despreza e se torna um guerrilheiro, cuja força é capaz de destruir exércitos, já que Javé o escolhera para libertar seu povo. Tempos depois, no entanto, Sansão apaixona-se por Dalila.  Aproveitando-se disso, os chefes dos filisteus a procuram e lhe propõem uma recompensa se ela conseguir descobrir onde reside a força dele.  Esta, por vingança, aceita a idéia e depois de várias tentativas frustradas,  consegue finalmente saber que sua força está em seus longos cabelos.  Ela então avisa ao chefe dos filisteus. Enquanto estes se deslocam para o local onde os dois se encontram, ela faz Sansão dormir em seu colo, chama um homem e este corta as sete tranças do cabelo de Sansão.  Os filisteus chegam, o agarram, furam-lhe os olhos e o levam para Gaza. Na prisão, seus cabelos voltam a crescer e Sansão, por fim, consegue a sua 'liberdade'[2].

19.    Depois de brevemente discorremos sobre a história retratada no quadro, podemos, em fim, traçar um paralelo a personagem Dalila, como representada na tela de Oscar Pereira da Silva e o tipo da femme fatale. É difícil definir o porquê da escolha deste tema por Oscar Pereira da Silva, homem conhecido pela defesa de valores morais, quando sabemos que “A femme fatale é [na época que o artista pintou o quadro] a transposição artística da mulher que só deseja o prazer sexual, que conseqüentemente não valorizava os laços familiares, conduzindo o homem à ruína moral e levando, por fim, à morte, seja marido ou amante, através dos duelos de honra.” (DAZZI, 2008).

20.    Porém analisando o fato histórico relacionado ao acontecimento em questão retratado, a história de Sansão e Dalila, na qual a mulher usa de sua beleza e artimanha para descobrir a fonte da força descomunal de seu amado, proviniente dos cabelos, cortar-lhe as madeixas e o entrega aos filisteus, fica mais fácil compreender o motivo da construção pictórica do caráter da personagem ser tão similar ao encontrado nas denominadas femme fatale. O olhar de satisfação presente em Dalila nos leva a entender o significado do seu jogo de sedução, da intenção de causar um furor de desejo nos homens os quais ela se propõe conquistar, de seu poder sexual perante eles.

21.    Em outras duas obras de diferentes artistas, podemos visualizar esse mesmo deslocamento da figura feminina para um quadro exageradamente sensual e pertinente ao prazer sexual contido na definição da personificação da mulher como ponto de partida para maiores impulsos de prazeres eróticos. A função da mulher nestes quadros é permitir ao artista explorar as sensações eróticas presentes, seja no jogo de luzes que o artista emprega (como no caso de Franz Von Stuck e sua Salomé [Figura 9]) ou, como Henrique Bernardelli faz quando deixa em branco lacunas sobre o ambiente em que está inserida a personagem principal em sua obra intitulada Messalina [Figura 10]. Essa analise pode ser também presenciada em um fragmento extraído do texto “'Augusta Meretrix' - Decadentismo no Meio Artístico Brasileiro Finessecular”, quando Camila Dazzi nos diz que Henrique Bernardelli “omite” informações do ambiente em que se encontra a figura feminina retratada “O lugar sobre o qual se deita Messalina também tem um caráter incerto, não sabemos tratar-se de uma cama ou de um sarcófago”. (DAZZI, 2008). Dessa forma, Bernardelli inevitavelmente nos coloca em um jogos sobre a dualidade presente no lugar dos prazeres carnais (a cama) e o leito de morte (Sarcófago) desta mulher com caráter cruel e demasiado erótico. Com isso o pintor faz com que nossa mente, guiada talvez por instintos primitivos ligados à sensualidade contida no quadro, complete o significado real do momento que o pintor quis retratar.

22.    Neste contexto, enquanto em alguns quadros observamos como destino a morte, no caso de Bernardelli, e a oferta do corpo relacionada a esse prazer eminente na personagem retratada, como na Salomé de Von Stuck, na Escrava Romana percebemos um caráter de degradação moral, quando notamos que a mulher está ali para ser vendida e não parece ser contrária ao seu destino.

23.    Já a Odalisca (c. 1900. Coleção Particular) de Oscar Pereira parece refletir sobre o seu futuro,- como fará para conquistar os homens que almeja? -, em contraste com obras que retratam a mulher no momento exato de fruição de um prazer momentâneo, como é o caso da Salomé de Von Stuck. A dança erótica, que enaltece suas partes nuas, e faz seu criado (o observador ao fundo da imagem) sorrir, é completamente diferente do que encontramos na sensualidade do repouso e do pensamento da Odalisca de Oscar Pereira.

24.    Se analisarmos esse quadro de Pereira da Silva, buscando nele unicamente encontrar a figuração da mulher como objeto, descobriremos estar ele descontextualizado, visto que sua odalisca não parece se oferecer, na verdade passa-nos a impressão de que nós observadores estamos “espiando” algum momento intimo seu.

25.    Porém é necessário ressaltar que mesmo alheia ao observador ou ao desejo de conquista, essa figura não deixa de nos transmitir um efeito de sensualidade; que é encontrado em sua pose e obviamente na exposição quase que total de seu corpo. Fazendo essa analise das obras relacionadas acima, gostaríamos de atentar para o emprego desse tema em obras artísticas brasileiras pertinentes ao momento histórico estudado (século XIX e início do XX), e formar um foco de estudo para temas relacionados a esse emprego da mulher como figura erotizada e objeto de prazer.

Referências bibliográficas

COLI, Jorge. Como estudar a arte brasileira no século XIX?. O Brasil Redescoberto. Catálogo Paço Imperial. Rio de Janeiro: Minc/IPHAN, 1999.

DAZZI, Camila. “Augusta Meretrix” - Decadentismo no Meio Artístico Brasileiro Finessecular. 19&20, Rio de Janeiro, v. III, n. 1, jan. 2008. Disponível em: <http://www.dezenovevinte.net/obras/obras_messalina.htm>

FREIRE, Laudelino de Oliveira. Galeria Histórica dos Pintores no Brasil. Rio de Janeiro, Liga Marítima Brasileira, 1914-1916

FREIRE, Laudelino. Um Século de Pintura: 1816-1916. Apontamentos para a história da pintura no Brasil de 1816-1916. Rio de Janeiro: Typ. Röhe, 1916.

TARASANTCHI, Ruth Sprung. Oscar Pereira da Silva. São Paulo: Empresa das Artes, 2006.

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[1] Ana Carolina de Sousa Pereira e Gabriella Gen são estudantes do 5º Período do Bacharelado em História da Arte do ART/UERJ. O presente trabalho, agora publicado como artigo na Revista Eletrônica 19&20, é uma versão revista do trabalho apresentado no 1º Semester de 2008 para a disciplina de Historia da Arte no Brasil II, ministrada pela professora Camila Dazzi, vinculada, então, ao Departamento de História da Arte do ART/UERJ.

[2] Conta a Bíblia, que, um dia, os filisteus se reuniram para oferecer um grande sacrifício ao deus Dagon, um deus pagão cuja representação é a cabeça de um peixe. Na ocasião, mandaram trazer Sansão para que se divirtam com ele. Quando o colocam entre duas colunas que sustentam o templo onde se acham cerca de 3.000 homens e mulheres, ele invoca a Javé pedindo-lhe forças para que se vingue dos filisteus com um só golpe, por causa dos seus olhos. Sansão, então, toca as duas colunas centrais e grita: "Que eu morra com os filisteus".  Em seguida, empurra as colunas com toda a força e o templo desaba, matando a todos.