Jean Baptiste Binot, um artista francês nos trópicos

Mariluci da Cunha Guberman

GUBERMAN, Mariluci da Cunha. Jean Baptiste Binot, um artista francês nos trópicos. 19&20, Rio de Janeiro, v. V, n. 1, jan. 2010. Disponível em: <http://www.dezenovevinte.net/artistas/artistas_jbbinot.htm>.

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À memória de minha avó, Isabel Binot da Cunha, neta de Jean Baptiste Binot.

                     1.            No século XV, com as grandes navegações e o “descobrimento” da América, constatou-se a existência de um ser devorador de carne humana, que Cristóvão Colombo denominou canibal, registrando o termo pela primeira vez em seu Diário de navegação, sexta-feira, 23 de novembro: “[a ilha] a qual diziam que era muito grande e que havia nela gente que tinha um olho na frente, e outros que se chamavam canibais, aos quais mostravam ter muito medo”. Em 15 de fevereiro de 1493 o Almirante anunciou o descobrimento da América ao mundo, através de uma carta, da que se pode destacar: “Assim que monstros não encontrei, nem notícia, salvo de uma ilha, a segunda à entrada das Índias, que está povoada de uns seres [humanos], que são considerados em todas as ilhas como muito ferozes, os quais comem carne humana. [...].”

                     2.            A princípio o termo canibal limitava-se aos caraíbas, indígenas que habitavam, entre outros povos - como os taínos - as ilhas do Caribe, onde Colombo aportou em suas quatro viagens; logo a denominação atribuída aos indígenas caribenhos se estendeu por toda a América e o termo canibalismo passou a ser compreendido como o ato específico de alimentar-se de carne humana.

                     3.            Em 1500, o “descobrimento” do Brasil suscitou novas expedições ao Novo Mundo, e não só os navegantes, mas também os comerciantes e missionários vieram a terras brasileiras: primeiramente, os portugueses e, em 1555, os franceses. Com a morte do rei de Portugal, D. Sebastião, iniciou-se um processo sucessório que resultou na união das Coroas de Portugal e Espanha por um período de sessenta anos (1580-1640) e que permitiu a convivência pacífica com os espanhóis.

                     4.            Em 1554 o bispo D. Pero Sardinha, que vivia no Brasil, se desentendeu com o filho do governador geral Duarte da Costa. O rei português D. João III, ao se inteirar do ocorrido, chamou o bispo de volta a Portugal; entretanto, a caravela, que levava D. Pero, sofreu um naufrágio no litoral e o bispo foi devorado pelos índios caetés em 1556.

                     5.            Em 1557 foi publicado, na Alemanha, o livro de Hans Staden, História verídica e descrição de uma terra de selvagens, que narra suas aventuras no Brasil e como o aprisionaram os canibais. Também descreve detalhadamente de que maneira os indígenas comem seus prisioneiros [Figura 1]. A preocupação de Staden pelos detalhes escandalizou o mundo.

                     6.            Após a divulgação desses fatos ocorridos na América, surgiu, na França em 1580, o ensaio de Michel de Montaigne (1533-1592), Dos canibais,[1] que certamente influenciou William Shakespeare (1564-1616) ao escrever a obra teatral The Tempest (1611), já que Giovanni Floro - tradutor para o inglês dos Essais, de Montaigne - era amigo pessoal do dramaturgo inglês. Em A Tempestade, Shakespeare (1999: 35-36) apresenta o mito do selvagem na figura do escravo bárbaro e disforme Caliban, anagrama de canibal. Caliban tem como senhor o poderoso mago Próspero, o qual lhe roubou a ilha e o escravizou, ensinando-lhe sua língua:

                     7.                                                  A ilha é minha, da mãe Sycorax,

                     8.                                                  Que você me tirou.

                     9.                                                  [...]

                  10.                                                  Agora eu sei falar, e o meu proveito

                  11.                                                  É poder praguejar. Que a peste o pegue,

                  12.                                                  Por me ensinar sua língua!

                  13.            No século XVI, enquanto os soberanos D. João III e Francisco I, respectivamente, reis de Portugal e França, mantinham conversações diplomáticas sobre o domínio português no Brasil, criou-se nestas terras, a França Antártica (Rio de Janeiro)[2] e, logo, a França Equinocial (Maranhão).[3]  A França Antártica foi fundada, em 1555, por Nicolau Durand de Villegagnon, nas terras ao redor da Baía da Guanabara. E a França Equinocial, em 1612, por Daniel de La Touche, em uma ilha no atual Estado do Maranhão. Chegaram depois de atravessar a linha equinocial e descansar em Fernando de Noronha por quinze dias, conforme o cronista Claude d’Abbeville (1975), “começamos a ver, pela manhã, as montanhas dos canibais, princípio da terra do Brasil”. Esta afirmação reitera uma vez mais a presença dos canibais. Se essas duas instituições francesas puseram em risco as relações entre os dois países, principalmente, depois da argumentação do rei francês, de que somente aceitaria o domínio português se lhe mostrassem um legítimo testamento de Adão, também contribuíram para o desenvolvimento do Maranhão, pois trouxeram pedreiros, carpinteiros, tecelões, fundidores, artífices, astrônomos e um cirurgião.

                  14.            No século XVIII, na Europa, surgiram ideias como o iluminismo, o enciclopedismo e o liberalismo, que foram fundamentais para a formação do pensamento crítico e revolucionário não só no continente europeu mas também no americano.

                  15.            O espírito de investigação e o interesse comercial, na Europa, caracterizaram o século XVIII como uma época de viagens e expedições científicas. Essas incursões em sua grande maioria se dirigiam para a América e foram significativas para o conhecimento científico e para a retificação da cartografia americana. Entre elas se destaca a expedição de Alexander von Humboldt (1769-1859), que percorreu a América Latina e a Ásia de 1799 a 1804. Com ele veio o naturalista francês Aimé Bonpland (1773-1858). Também as expressões artísticas, registradas pelos integrantes dessas expedições, revelaram riquezas[4] da fauna e da flora, e a diversidade do povo americano. A partir do século XIX essas incursões se tornam uma constante, e entre elas se destaca a do médico e naturalista Georg Heinrich von Langsdorff (Alemanha, 1774-1852) em sua expedição a terras brasileiras (1813-1830). Com Langsdorff vieram os seguintes artistas e investigadores: o pintor alemão Johann Moritz Rugendas (1802-1858), que registrou a natureza, valorizou os naturais do Brasil e os costumes do Rio de Janeiro; os zoólogos franceses Edouard Ménétriès (1802-1861) e Christian Hasse; o botânico Ludwig Riedel; o astrônomo e geólogo russo A. N. Rubtsov. Juntaram-se a Langsdorff, já no Brasil, os pintores Aimé-Adriaen Taunay (1803-1828) e Hércules Florence (1804-1879).

                  16.            Em 1808, a Família Real portuguesa foi obrigada a trasladar-se para o Brasil quando Napoleão invadiu a Península Ibérica. Este fato histórico marcou, nas terras brasileiras, um passo para a modernidade. O Príncipe Regente D. João logo em sua chegada a Salvador (Bahia) decretou a abertura dos portos às nações amigas. Já no Rio de Janeiro, o Regente criou a Imprensa Régia, a Livraria Pública, o Jardim Botânico, a Real Academia Militar e a Academia da Marinha. A cidade a partir dessa época passa a ser o centro cultural do Brasil, iniciando sua modernização em fins de 1840 com a iniciativa de Irineu Evangelista de Souza (1813-1889), o Barão de Mauá, que criou um estaleiro, a primeira estrada de ferro em terras brasileiras, o Banco do Brasil etc. A partir de 1860 a cidade do Rio de Janeiro foi urbanizada: saneamento, abastecimento de água e transportes urbanos. Também foram criados os serviços telegráficos, conectando o Brasil ao mundo. Em 1881 se instalou a energia elétrica. Em 1892, chegaram ao Rio de Janeiro os bondes (do inglês bond), que ganharam esse nome por causa de sua implantação, que requereu a venda de bônus.

                  17.            Em 1816, o Príncipe Regente do Brasil, D. João, autorizou a entrada da Missão Francesa no Rio de Janeiro, que tinha como objetivo fundar uma Academia de Belas-Artes, o que só ocorreu em 1826. A Missão trouxe pintores, escultores, arquitetos, gravadores etc. Entre eles estavam o arquiteto Auguste Henri Grandjean de Montigny (Paris, 1776-Rio de Janeiro, 1850), o desenhista e pintor Jean-Baptiste Debret (Paris, 1768-1848) e o pintor Nicholas Antoine Taunay (Paris, 1755-1830). Debret registrou, principalmente, a cidade do Rio de Janeiro através de suas aquarelas, desenhos e pinturas. Em sua Voyage au Brésil, documentou a vida e os costumes do país.

                  18.            Embora os renomados artistas registrassem o povo latino-americano, que passava por um processo de transformação e até mesmo de aculturação, o poeta e ensaísta cubano José Martí (1985, p.164), em seu manifesto “Nuestra América” (1891), realizou uma crítica veemente à importação cultural:

                  19.                                                  Éramos uma visão, com peito de atleta, mãos de janota e rosto de criança. Éramos uma máscara, com os calções da Inglaterra, colete parisiense, jaqueta norte-americana e barrete da Espanha. O índio, mudo, andava ao nosso redor e ia para a montanha, para o pico da montanha, batizar seus filhos. O negro, vigiado, cantava de noite a música de seu coração, sozinho e desconhecido, entre as ondas e as feras.

                  20.            Debret, em seus segundo e terceiro volumes de Viagem pitoresca e histórica ao Brasil, dedica-se a descrever os costumes da terra; enquanto, no primeiro volume (DEBRET, 1940, p. 9), reduplica o pensamento de Montaigne, como se verifica a seguir:

                  21.                                                  [...] o naturalista observador se sente atingido, repentinamente, apesar de sua filantropia, por um sentimento de tristeza perante o aspecto de sua imagem reproduzida em um ser selvagem, cuja sutileza e perfeição dos sentidos, transformados temíveis sob formas apáticas mas ferozes, lhe trazem ao pensamento uma involuntária comparação com a fera [...].

                  22.            Se Montigny, Debret, Taunay, entre outros franceses, redescobrem o Brasil por meio do registro revelador das artes plásticas, desmitificando o país de canibais, Jean Baptiste Binot (1810-1894) [Figura 2], por meio da arte de planejar e cultivar flores valoriza e atua na paisagem e no pensamento do homem brasileiro. Horticultor, membro da Sociedade Imperial e Central de Horticultura de Paris, correspondente de inúmeros estabelecimentos de agricultura e horticultura da França, chegou em 1836 ao Brasil. Em 1848 adquiriu uma propriedade na cidade de Petrópolis,[5] onde instalou sua primeira chácara de plantas com exemplares raros e bem cuidados. Mais tarde adquiriu terrenos do Retiro para onde se transladou e criou uma chácara. Nesta, o horticultor francês, já em 1861, “tinha plantado em grande escala - beterrabas, aspargos, alcachofras, couves-flores, 2.000 videiras de Portugal, Espanha, França, e outras árvores frutíferas da Europa, algumas já com frutos, além do grande número de flores e plantas de estufa.”[6]

                  23.            Jean Baptiste Binot foi solicitado para a elaboração de um projeto para criar os jardins do Palácio Imperial de Petrópolis [Figura 3]. Ele aceitou, traçou e executou esse projeto dos jardins imperiais, em 1853, conservados até os dias atuais [Figura 4]. A arborização foi efetuada com uma variada vegetação [7], atualmente, com 99 espécies botânicas, entre plantas exóticas e árvores da flora nacional, sempre apresentando uma preciosa seleção de flores. De acordo com Alcindo Sodré (1950: 39-40), “O primeiro projeto foi de [Auguste] Glaziou.[8] O Imperador [D. Pedro II], no entanto, preferiu o plano de Binot, famoso botânico estabelecido em Petrópolis”.

                  24.            O processo devastador industrial e habitacional, em Petrópolis, ameaçando a reserva natural, tornou-se uma preocupação crescente para o Imperador, que viu em Binot a pessoa indicada para um projeto não só estético, mas também ambiental, pois conforme Henri Raffard (1895: 128-129), “Junto à casa Mauá [Casa do Barão de Mauá] o infatigável floricultor Binot já tinha em sua chácara um completo viveiro de plantas no qual, mais tarde, e daí em diante, se serviam os diversos jardins de Petrópolis, inclusive o do palácio”.

                  25.            Nos jardins do Palácio Imperial, as linhas paisagísticas dos canteiros e das espécies vegetais foram harmonicamente assim distribuídas por Binot (Sodré, 1950: 39-40):

                  26.            No alto, em torno do edifício, equidistantes, em postura marcial, estão as palmeiras reais, como sentinelas solenes da imperial morada.

                  27.            Descendo em alamedas para o grande tabuleiro ao nível da via pública, árvores exóticas misturam-se com as do país na riqueza e pujança da variedade. São ciprestes indostânicos, pandanos de África, palmeiras da Austrália, árvores de incenso, bananeiras de Madagascar, em convívio com as jaqueiras, os ingás, os cedros e as magnólias.

                  28.            Nos claros, e pela alegria viva de suas cores, as camélias, os jasmins, as três-marias, os manacás, a flor do Imperador...

                  29.            Jean Baptiste Binot, apesar de ter em vista o caráter botânico e paisagístico dos jardins imperiais, preocupou-se também com o caráter humanístico. Com este fim acrescentou aos jardins os seguintes elementos (Sodré, 1950: 39-40):

                  30.                                                  Estatuetas da mitologia grega [Figura 5], repuxos e fontes. A Fonte do Sapo [Figura 6], num recanto, onde pessoas de todas as classes, nos tempos idos, cruzavam os portões abertos do palácio, cântaros à mão, em busca da água de beber de Dom Pedro II que, “devendo ser a melhor de Petrópolis”, jorrava generosamente para todos naquela fonte que se tornara popular...

                  31.            Roedores, peixes e aves alegram, como outrora, o parque imperial.

                  32.            Nota-se então uma preocupação ambiental e uma integração homem e natureza, que podem incluir o Imperador[9] e Binot como uns dos primeiros defensores do sistema ecológico no Brasil.

                  33.            Jean Baptiste Binot, além de se interessar pelo cultivo de plantas e pelo paisagismo, também se preocupou com a educação e aprimoramento da prática da agricultura, bem como de sua divulgação:

                  34.                                                  [...] Binot propõe-se [...] a criar, em seu estabelecimento, uma escola prática e teórica de horticultura e agricultura, na qual serão admitidos gratuitamente alguns moços brasileiros. O estabelecimento propõe-se também a fazer duas exposições por ano, uma de horticultura e outra de agricultura, para as quais serão convidadas a concorrer todas as pessoas que professam estes dois ramos [...].[10]

                  35.            Conforme Jean Baptiste Binot, premiado com medalha de ouro na Exposição de Antuérpia (1885) e Primeiro Prêmio na Exposição Universal de Paris (1889), em seu artigo “Da agricultura e da horticultura em suas aplicações a Petrópolis”, publicado em O Parahyba (20.01.1859):

                  36.            Toda a Europa faz atualmente justiça ao governo francês pela viva solicitude de mostrar-se em favor da agricultura, que por seus cuidados e desvelos entrou já em uma nova via fecunda por muito tempo ignorada, conquistando uma preponderância sobre a maior parte das carreiras abertas à atividade humana.

                  37.            Neste mesmo artigo, Binot aborda a importância da agricultura, “outrora tão desprezada, é na atualidade uma carreira lucrativa e honrosa; os mais ricos rendeiros de França honram-se em pegar no cabo do arado [...]”. Ainda em O Parahyba (23.01.1859), o horticultor francês afirma que “A agricultura é a mais nobre das profissões, porque sem ela nenhum império pode prosperar; e quando uma nação precisa fazer vir do estrangeiro, [...], o seu alimento quotidiano, pode-se recear a fome todos os dias”.

                  38.            Em outro artigo de O Parahyba (30.12.1858), Binot revela seu conhecimento e seu interesse pelas terras e florestas de Petrópolis:

                  39.                                                  Pouca gente conhece bem Petrópolis, o que o interior de suas florestas encerra de belo, de rico, de pitoresco, e quanto o seu solo é fecundo em minerais. Sou eu talvez a única pessoa que conhece todas as suas maravilhas, porquanto não há montanha nem vale que não tenha explorado: mais tarde [...], os que sabem pouco de agricultura reconhecerão o seu erro sobre a fertilidade de Petrópolis.

                  40.            Além dos jardins do Palácio, outros foram realizados por Jean Baptiste Binot na cidade imperial, permitindo a denominação de Petrópolis de “Cidade das Flores”. Também a inauguração[11] do Palácio de Cristal, construído nas Oficinas da Sociedade Anônima de Saint-Sauvers Les Arras, na França, para a Associação Hortícola de Petrópolis, cujo presidente era o Conde D’Eu, possibilitou exposições e festas com mostras de plantas e flores, convertendo os olhares para a cidade serrana. Deste modo, verifica-se que a ideia inicial do Brasil como país de canibais havia se transformado, em grande parte com a participação dos franceses, em país de flores e de homens civilizados.

Referências bibliográficas

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[1] Michel de Montaigne em “Dos canibais”, refere-se a “um outro mundo que foi descoberto em nosso século, no lugar onde Villegagnon desembarcou, e a que deu o nome de França Antártica”. In: MONTAIGNE (2002: 303). Por tanto, no Rio de Janeiro (1516-1528).

[2] Em 1558 chegou ao Brasil o terceiro governador geral, Mem de Sá, que governou até 1572. Em 1565, Estácio de Sá fundou a segunda cidade brasileira, São Sebastião do Rio de Janeiro, próxima à colônia francesa, a França Antártica. Desta nova cidade partiram os portugueses para expulsar os franceses no Rio de Janeiro; entretanto, só em 1557 os portugueses lograram a expulsão dos franceses, os quais regressaram a esta cidade em 1710 sob o comando de Jean-François du Clerc, assassinado em 1711. Ainda, nesta data, ocorreu a invasão de René du Guay-Trouin que permaneceu no Rio de Janeiro por aproximadamente dois meses.

[3] Daniel de La Touche chegou ao atual Estado do Maranhão em 8 de setembro de 1612. Com a invasão e a fundação do forte São Luis, na ilha Upaon-Açu do grupo indígena tupinambá, se originou a cidade de São Luis sob o domínio da França Equinocial. Os franceses permaneceram no Maranhão até 1614.

[4] Conforme Mariano Picón-Salas (1944: 195), “Con los productos de tan lejanos climas se forman en las capitales europeas -desde Madrid a San Petesburgo- los jardines botánicos, las colecciones mineralógicas, los museos de ‘curiosidades’”.

[5] A cidade de Petrópolis foi edificada, em consonância com a planta urbanística do engenheiro Major Julio Frederico Koeler, a princípio como cidade de veraneio do Imperador D. Pedro II e de sua família. Hoje é um grande centro de atividade industrial e comercial do Brasil.

[6] In: Sodré (1943) p. 105.

[7] As árvores frutíferas para a fatura dos jardins do Imperial Palácio de Petrópolis contratadas entre Jean Baptiste Binot e a Superintendência da Imperial Fazenda de Petrópolis, em 29/04/1854, eram as seguintes: 300 pés de macieiras, 500 pés de pereiras, 30 pés de pessegueiros, 20 pés de ameixeiras, 10 pés de damasqueiros, 10 pés de cerejeiras, 20 pés de nogueiras, 20 pés de macieiras com frutos, 20 pés de avelãs, 10 pés de castanheiras, em um total de 940 pés. Também constavam 1185 pés de roseiras, 1550 pés de arvoredo frutífero do país, 640 pés de arbusto de flores e ornamentos, 170 pés de vinhas ou parreiras escolhidas. In: Instituto Histórico de Petrópolis. Boletim (2008).

[8] Auguste François Marie Glaziou nasceu na França em 1833. Formou-se em engenharia civil e estudou botânica no Museu de História Natural de Paris, aprofundando seus conhecimentos em agricultura e horticultura. Participou da reforma do Jardim Público da cidade de Bordeaux, na França. Em 1858 veio para o Brasil a convite do Imperador D. Pedro II, para coordenar a Diretoria dos Parques e Jardins da Casa Imperial, no Rio de Janeiro. Nesta cidade realizou as reformas do Passeio Público (1864), da Quinta da Boa Vista (1869) e do Campo de Santana (1873-1880).

[9] D. Pedro II também se preocupou com a Mata Atlântica do Maciço da Tijuca, no Rio de Janeiro, e a devastação ocorrida neste espaço, no século XIX, com as plantações de café. Neste sentido, determinou o plantio de diversas mudas em grande quantidade nessa região, que se transformou na atual Floresta da Tijuca, única floresta urbana do mundo.

[10] Conforme O Parahyba, Petrópolis, Domingo, 18 de março de 1860.

[11] De acordo com J. Tinoco (1885), “inaugurou-se esse palácio-estufa no dia 2 de fevereiro de 1884 com um baile dado em benefício da Associação Hortícola. Mais tarde realizaram-se ali exposições de flores e outros produtos embora sem animação”.