Arte e técnica: formação e obra do engenheiro-arquiteto Jorge Félix de Sousa
Wolney Unes *

UNES, Wolney. Arte e técnica: formação e obra do engenheiro-arquiteto Jorge Félix de Sousa 19&20, Rio de Janeiro, v. XVI, n. 2, jul.-dez. 2021. https://doi.org/10.52913/19e20.xvi2.07

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A profissão

1.    A construção é uma das profissões mais antigas do planeta. As referências são inúmeras: no mito bíblico da Torre de Babel, são construtores que edificam o monumento; no Egito Antigo, construtores formavam uma classe especial, com o privilégio de ser investida de conhecimentos secretos. Desde essa época, a categoria dos construtores era como que uma seita. Já então, ser construtor era mais que apenas uma profissão, era um modo de ver a vida.

2.    Na Grécia antiga, os profissionais encarregados de construir recebiam o título de arquiteto, literalmente “técnico chefe.” Mas cabe aqui ressalva acerca do termo técnica, que pode assumir múltiplos significados. O termo nos chegou por meio do latim, que por sua vez o tomou do substantivo grego tekhné. O termo grego era utilizado para designar a boa prática numa determinada atividade. Um artífice, um artesão, como também um agricultor ou um vinicultor, todos tinham sua tekhné. Mas a coisa fica ainda mais interessante se retrocedermos um pouco até a mãe das línguas ocidentais, o protoindo-europeu: ali existia um termo semelhante, *tecs, que designava o ato de formar uma trama a partir de fibras, em uma palavra, tecer (VIARO, 2014).

3.    Por extensão, a tecelagem indo-europeia deu origem ao próprio ato de fabricar algo a partir de uma determinada matéria-prima. E eis que surgem significados como texto (aquilo que foi tecido a partir de palavras como matéria-prima) e têxtil (aquilo que foi tramado a partir de fibras como matéria-prima). Palavras como tecido, tecnologia, tectônico são todas tributárias ainda dessa origem, que em um sentido lato indica o próprio ato de construir, fabricar algo. O arquiteto é, portanto, o grande construtor, o mestre da arte de tecer uma trama, por complexa que seja, a partir da matéria-prima disponível, qualquer que seja ela. Esse conceito está ainda evidente na expressão “grande arquiteto do Universo” como paráfrase para deus, o criador, utilizada em vários textos do Cristianismo.

4.    Já o termo engenheiro só apareceu por volta de 1500, usado para referir-se ao especialista em um exército em lidar com engenhos bélicos. Os primeiros profissionais a receber o título de engenheiro ocupavam-se, portanto, de calcular a rota de um projétil, de erigir uma fortificação ou improvisar uma ponte para a passagem da infantaria (BUCHHEIM, 1990).

5.    Aos poucos, os engenheiros acrescentaram à sua competência, além de pontes e obuses, outros engenhos não militares. Finalmente, por volta de 1800, surge a designação engenheiro civil para mostrar que não trabalhava para o exército aquele profissional que projetava e construía. Hoje os engenheiros militares praticamente desapareceram, mas a diferenciação do termo engenheiro civil consagrou-se para o profissional construtor.

6.    Olhando a palavra engenho mais de perto, ela esconde a raiz gen, com o significado de fazer nascer, como em gênese. Engenho era, portanto, algo presente na própria gênese de um ser, inato, não adquirido. Com o tempo, por metonímia, a engenhosidade inata tornou-se sinônima do próprio fruto da habilidade (o engenho) e por fim o engenheiro passou a designar aquele que coloca em prática sua habilidade inata.

7.    São duas palavras, dois caminhos que se encontram, portanto, no ato de construir. Se o arquiteto é aquele que sabe elaborar uma trama a partir de uma matéria-prima, o engenheiro é aquele que faz uso de sua habilidade. Juntas, as duas palavras têm em comum o produto final, a criação por interferência direta do ser humano, em oposição ao natural.  

A formação

8.    D. João VI, rei de Portugal, ao chegar ao Rio de Janeiro fugindo das tropas napoleônicos em 1808, decepciona-se com o ambiente da cidade. De modo a aplacar o descontentamento real em seu exílio, a partir de 1816 passa a chegar à cidade uma comitiva de artistas franceses, com o objetivo de cultivar e disseminar a prática artística europeia na colônia, e assim criar o ambiente de que o rei tanto se ressentia (SCHWARCZ, 2010).

9.    A chegada desse grupo culminou, entre outras iniciativas, na criação de uma instituição de ensino, a Escola Real de Ciências, Artes e Ofícios. Ali, o grupo de franceses, com o apoio da corte, delineou um centro de formação artística, com cursos como arquitetura, pintura, desenho e música. Após muitas idas e vindas, em 1826 e renomeada Academia Imperial de Belas Artes, a instituição instalou-se em sua sede própria, em edifício projetado por um dos integrantes do grupo, o arquiteto Grandjean de Montigny. Entre os primeiros professores estavam os pintores Nicolas-Antoine Taunay, seu filho Félix-Émile Taunay, Jean-Baptiste Debret e o próprio Montigny, entre outros. Passaram por ali estudantes que se tornariam nomes relevantes nas artes brasileiras, como Vítor Meireles, Pedro Américo e Rodolfo Amoedo, criadores de algumas das imagens mais icônicas da nação (TAUNAY, 1956). Ao longo do séc. XIX, a instituição foi referência na formação de artistas no País e serviu de modelo para várias iniciativas semelhantes em outras partes do Império, como o Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo (1873).

10.   Com o advento da República, a escola muda seu programa de ensino e seu nome, tornando-se a Escola Nacional de Belas Artes. Em 1908, a Escola abandona o antigo edifício de Montigny (que seria demolido em 1938) e passa a ocupar o imponente edifício na Av. Rio Branco, atual sede do Museu Nacional de Belas Artes. Finalmente, a partir de 1931, a escola incorpora-se à recém-fundada Universidade do Rio de Janeiro, mais tarde Universidade do Brasil (1937) e atual Universidade Federal do Rio de Janeiro (TELLES, 1994).

11.   Foi nessa época que Jorge Félix de Sousa frequentou seu curso, entre 1928 e 1933, já no novo prédio da Av. Rio Branco, no Centro do Rio de Janeiro.  

Um engenheiro-arquiteto

12.   Jorge Félix de Sousa formou-se em uma época conturbada da Escola, marcada pelo embate entre grupos que intentavam abandonar práticas correntes, consideradas antiquadas, e modernizar o ensino. Nomes como Lúcio Costa, diretor da Escola entre 1930 e 1931, buscavam incentivar o Modernismo, abandonando o que consideravam academicismos. É nessa época que surge, por exemplo, a cadeira de Urbanismo, uma inovação na época.

13.   De modo geral, a técnica começava a se impor cada vez mais na formação da arquitetura. Já na legislação de criação da Universidade do Brasil, em 1937 (Lei nº 452, de 1937), estava prevista a criação da Escola Nacional de Arquitetura separada das chamadas belas-artes. Mas apenas em 1945 é que ocorreria a consolidação dessa separação entre as belas-artes e a arquitetura, que passam a ser ensinadas em escolas específicas: a Escola de Belas Artes e a então Faculdade Nacional de Arquitetura (organizada pelo Decreto 7.918, de 1945), ambas atualmente integrantes da Universidade Federal do Rio de Janeiro. O que estava aqui em jogo nessa transição é um dilema ainda hoje presente na formação em arquitetura: ora segue-se um viés artístico; ora esse viés é técnico; ora entende-se como ciências sociais aplicadas (ARAÚJO, SÁ, BRZEZINSKI, 2018).

14.   Ao diplomar-se, Jorge Félix de Sousa recebeu o título de engenheiro-arquiteto, denominação já utilizada, mas apenas normalizada pelo Decreto nº 23.569 de 1933, que regulava o exercício das profissões de engenheiro, de arquiteto e de agrimensor (e fundava o Conselho Federal de Engenharia e Arquitetura). Por essa legislação, engenheiro-arquiteto e arquiteto eram equivalentes, tanto em formação como em exercício profissional. A denominação engenheiro-arquiteto embute ainda uma opção pela formação com viés tanto artístico como técnico.

15.   Mas, se o Brasil começou a formar seus engenheiros e arquitetos apenas no século XIX, as raízes da engenharia arquitetônica (chamemo-la assim!) estão num passado muito mais distante. No Egito dos faraós, os cálculos e as medições nascem da necessidade prática, de uma necessidade típica da engenharia (que hoje talvez chamássemos agrimensura). Com as cheias sazonais do Nilo, a cada vazante os terrenos às margens do grande rio adquiriam configuração distinta daquela do ano precedente. Os agricultores que vinham plantar às suas margens tinham, portanto, a cada ano uma gleba de diferente dimensão, de diferente geometria. Para a administração central, o problema era como cobrar impostos sobre a área cultivada por cada agricultor, como prever a produção. Cálculos dessa natureza são ainda hoje problemas típicos da engenharia e da arquitetura (FLORMAN, 1996).

16.   Pois, dessa necessidade nascia o profissional da engenharia e da arquitetura. Com o título de arquiteto, há 3 mil anos a.E.C., nascia no Egito uma categoria profissional calcada eminentemente na necessidade de quantificar o mundo, de mensurar, de dimensionar, - em uma palavra - de organizar a natureza. Em 5 mil anos de profissão, podemos dizer que a natureza da engenharia arquitetônica não mudou muito.

17.   Em vista disso, não seria de todo errado dizer que a engenharia e a arquitetura, pela sua própria história, são profissões que estão na raiz do processo civilizador. A engenharia arquitetônica não está apenas em um canteiro de obras, no cálculo de uma estrutura ou no conhecimento da vazão de uma represa. O que a engenharia arquitetônica quer é organizar a natureza, configurando-a e preparando-a para a civilização. Ou, nas palavras de um engenheiro inglês: o que a engenharia quer é dirigir as grandes fontes de energia da natureza para o uso e a conveniência do homem. Mas, nesse processo de organização da natureza, é preciso saber compreendê-la, é preciso saber como transformá-la sem alterar seu delicado balanço.

18.   Se a engenharia e arquitetura modernas não mudaram sua finalidade em 5 mil anos, hoje trata-se de atividade infinitamente mais complexa que em seus primórdios. Ser engenheiro e arquiteto hoje, em uma época de técnica complexa, de processos que infligem grandes impactos à natureza - que podem, em segundos, impacto de anos de trabalho manual humano ou de alterações naturais - é algo que precisa estar cercado de cuidados.

19.   Esses cuidados se iniciam diante de um horizonte amplo. Talvez o aspecto mais evidente da carreira seja o fato de que o engenheiro-arquiteto é antes de tudo um pioneiro. Quase nunca engenheiros e arquitetos trabalham em ambientes ou situações urbanas, consolidadas, confortáveis. Muitas vezes, esses profissionais vão trabalhar em lugares onde a civilização ainda não chegou, onde o Homo faber ainda não esteve.

20.   Há vezes em que o engenheiro-arquiteto deve ser o primeiro a chegar a um lugar e, certamente, é o primeiro a perceber um potencial, uma possibilidade, uma solução. Quando chega o profissional da construção a um lugar, geralmente ainda não há ali condições propícias à vida moderna. Quando chega o engenheiro-arquiteto a um sítio, o que ele encontra é a natureza em estado bruto. Haverá casos em que se trata de regiões inóspitas mesmo, desfavoráveis à vida humana. Cumpre ao profissional tornar o ambiente habitável, dotá-lo de infraestrutura. Quando Jorge Félix de Sousa abandona o Rio de Janeiro e vem para Goiânia, a partir de sua diplomação, em 31 de dezembro de 1932, o que ali havia era apenas um grande canteiro de obras. O engenheiro-arquiteto passa, então, a elaborar o levantamento topográfico de quadras e lotes na futura cidade, em seguida passa a dedicar-se às vias da nova capital, no Departamento de Produção e Trânsito de Goiânia. Mais tarde passa a cuidar de estradas em todo o Estado, como inspetor de Estradas de Rodagem local, para finalmente assumir o cargo de secretário de Estado da Economia Pública (RIBEIRO, 2010-2011).

21.   Ao lado de tudo isso, Jorge Félix de Sousa não deixou de lado sua atividade de educador, dando aulas em várias instituições da cidade, colégios e faculdades, além de cursos livres. Deu aulas até em praça pública. Além disso, ele não deixou de lado ainda sua atividade de criador, escrevendo, pintando, fotografando e desenhando.

22.   Mas há ainda outra faceta do pioneirismo. Haverá vezes ainda em que o engenheiro-arquiteto será o primeiro a vislumbrar um problema: cumpre a ele todo o trabalho de convencimento acerca da existência do próprio problema, de que é preciso buscar soluções. Com isso, o engenheiro arquitetônico precisa saber identificar problemas, apontar caminhos e propor soluções, estando sempre um passo à frente. 

23.   Aqui chegamos ao segundo aspecto da carreira do engenheiro-arquiteto de que muitas vezes não nos damos conta. Se aceitamos que o engenheiro arquitetônico é um criador - criador de espaços, de estruturas e equipamentos, tecedor de tramas, alguém que identifica um problema e aponta-lhe um caminho -, então, mesmo que o objeto de sua ação seja a natureza, sua matéria-prima de trabalho são as ideias.

24.   E aqui está o cerne do drama da posição do arquiteto, situando-se ora nas belas artes, ora na técnica. Na formação do técnico, engenheiro ou arquiteto ou artista, cumpre não abandonar a formação humanista. É essa formação que lhe dará sensibilidade para reconhecer que não basta modificar, reconfigurar a natureza, abrir espaço para as realizações humanas. O engenheiro e o arquiteto devem saber conciliar o espaço humano com o espaço natural, aparentemente tão díspares.

25.   A missão do engenheiro-arquiteto é, portanto, a complexa coordenação entre esses dois polos: inventivos e versáteis, mas sobretudo sonhadores e poetas. E acima de tudo sabedores da forma de tornar reais esse sonho e essa poesia. Neste breve artigo, buscamos deixar evidente que o poeta-engenheiro-arquiteto Jorge Félix de Sousa se enquadra nessa categoria.  

Uma nova cidade

26.   Jorge Félix de Sousa teve participação em muitos projetos e edificações nos primeiros anos de Goiânia. Já não se sabe a abrangência dessa participação, se restrita a cálculos estruturais ou se abrangeria também o desenho. Mas, em menções de diversas fontes a vários edifícios, seu nome aparece isoladamente, com o que se pode imaginar que teria sito autor tanto do projeto de arquitetura como dos cálculos complementares.

27.   Um desses edifícios é a Igreja Imaculado Coração de Maria, com obras iniciadas em 1940, uma das primeiras igrejas edificadas na cidade. Nomeada patrimônio histórico do Estado em 1982, a igreja mantém ainda hoje todas as suas características originais [Figura 1]. Jorge Félix de Sousa elaborou os projetos sem custo para a Congregação Claretiana e acompanhou diariamente a execução da obra. Morou por muito tempo quase em frente à igreja, na mesma Avenida Paranaíba, em uma pequena residência ainda hoje existente, também projeto seu.

28.   A igreja exibe característica do estilo art déco, simétrica, com linhas geométricas e decoração parcimoniosa. A Casa Paroquial, aos fundos, mantém-se indecisa entre o colonial e o contemporâneo, com janelões em arco e grande beiral.

29.   A mesma indecisão estilística se manifesta no projeto do Coreto da Praça Cívica, edificado por ocasião da inauguração da capital, em 1942 [Figura 2, à esquerda]. Há ali elementos claramente oriundos do Ecletismo da virada para o século XX, bem como uma ou outra composição geométrica do art déco. O bordo da laje de cobertura exibe decoração rebuscada, ao passo que a laje, ao contrário das soluções adotadas no Pórtico da Exposição de Goiânia, é estruturada em pórtico, com vigas invertidas nos balanços.

30.   O Relógio da Avenida Goiás [Figura 2, à direita], ao contrário, é obra, por assim dizer, fiel aos cânones do art déco: ali abusa-se de decoração geométrica, jogo de volumes e revestimento em pó de pedra com quartzito micáceo. Frisos verticais, vidros e uma intrincada grade sobre o mostrador completam o panorama do relógio.  

31.   A grande obra do período é o Teatro Goiânia [Figura 3], edifício elaborado em parceria com José Amaral Neddermeyer. Trata-se de obra-prima do art déco, edifício de enormes proporções para a nascente capital, com mais de 12 m de cota de coroamento, recorde absoluto na época para o Brasil Central. Pelo seu valor estético e testemunho da vontade de inserir a nova cidade no âmbito cultural do País, o teatro foi nomeado patrimônio nacional pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) em 2003.

32.   O Teatro Goiânia tem a planta com referências náuticas, um enorme transatlântico, com leme na popa e rostro na proa, escotilhas nos dois lados, protegidas por elementos de ferro fundido. Na entrada principal, nas portas, exibe a combinação de vários metais, com a inovação do metal cromado e vidros martelados.

33.   A decoração adota uma espécie de tema com variações: a célula geradora é voluta terminada por longo apêndice, que ora aparece isolada, ora, combinada, outra vez de ponta cabeça ou, ainda, combinada na horizontal ou na vertical. Pode-se ficar uns bons minutos a buscar desvendar as diversas variações na enorme fachada do edifício.

34.   Este conjunto de obras foi edificado por ocasião das festividades de inauguração da cidade. O Pórtico de Goiânia foi pensado como estrutura provavelmente provisória, para marcar a entrada da Exposição de Goiânia [Figura 4]. Nessa exposição, apresentavam-se a cidade e o Estado ao País, com exibição e amostra de traços culturais da região, culinária, belezas naturais, danças folclóricas ou peças étnicas. Terminada a exposição, ficou o pórtico, a marcar a entrada do pátio da então Escola Técnica de Goiás. O pórtico, bem como o edifício principal do hoje Instituto Federal de Goiás (IFG), também faz parte do patrimônio nacional art déco desde 2003.

35.   Jorge Félix de Sousa foi um dos grandes responsáveis pelas solenidades do Batismo Cultural de Goiânia. Apesar de a história oficial não o ter registrado como um dos protagonistas, esteve nos bastidores da maioria das atividades.

36.   As solenidades iniciaram-se no dia 4 de julho de 1942, um dia frio. Após a recepção e baile daquela noite, o dia 5 começou com grande alvorada, já a partir das 5 horas da manhã. Todos se dirigiram então para a Praça Cívica, para a missa campal defronte o Palácio das Esmeraldas, onde foi montado grande cenário. À tarde, dirigiram-se os convidados ao Teatro Goiânia, para a inauguração formal da cidade. Paralelamente a essas atividades oficiais, no pátio da então Escola Técnica Federal, realizava-se a Semana Ruralista, com a primeira exposição pecuária de Goiás, evento ainda hoje realizado anualmente (BORGES, 2007).

37.   Pois por detrás de toda essa infraestrutura - Teatro Goiânia, areal da Exposição de Goiânia, mobiliário urbano da Praça Cívica - estava a figura do engenheiro-arquiteto.

38.   Depois desse acúmulo de obras, Jorge Félix de Sousa participaria ainda da edificação da primeira sede da Escola Goiana de Belas Artes, na Praça Universitária, na década de 1950, edifício já modernista, demolido em fins dos anos 1990. Foi ainda o responsável pelo cálculo estrutural da nova catedral de Goiânia, edificada numa quadra inteira (inicialmente planejada como área residencial) da Avenida Universitária e inaugurada em 1956.

39.   A partir daí, suas atividades inclinam-se cada vez mais para a docência. Deixou ainda alguns poemas, publicados postumamente, e várias gravuras e telas a óleo. Sua personalidade introvertida quase apagou sua figura da história oficial da nova capital.  

Art déco

40.   O estilo art déco esteve em alta desde os anos 1920. Quando do início da construção de Goiânia, era o estilo preferencial adotado em novas edificações e mesmo em planos urbanísticos de cidades. O arquiteto francês Alfred Agache, quando propõe seu redesenho de partes do Rio de Janeiro, em 1930, propunha a cidade como espécie de cenário, dentro do qual se desenvolveriam a cena e a vida urbana. Para este cenário, as palavras de ordem eram monumentalidade e organização, além, é claro, de decoração.

41.   A ideia de edificar um pórtico para demarcar a entrada no novo mundo proposto por Goiânia adequava-se, portanto, plenamente ao programa art déco, como também às referências egípcias, tão em voga naquele momento, como veremos a seguir. A escolha do concreto armado como elemento estrutural estava igualmente em consonância com o espírito da época: novos materiais, novas técnicas, nova escala.

42.   A função feérica do pórtico da Exposição de Goiânia estava assegurada pela robustez dos pilares associada à esbeltez da laje. A verticalidade dos pilares é realçada pelos frisos horizontais no topo do fuste, na base do mastro de bandeiras, frisos que se repetem na base dos pilares.

43.   O engenheiro-arquiteto adota claramente o partido streamline do art déco, a referência à velocidade e ao desenho aerodinâmico, com pilares de bordas curvas, seguindo a curvatura da laje. Essas curvas se coordenam com as curvas da mureta da base, igualmente adornada por frisos nas extremidades.

44.   O monumento contrasta fortemente com a arquitetura vernácula, sempre em esquadro, sempre contida e sem elementos ou adornos desnecessários. Formado no Rio de Janeiro, na Escola Nacional de Belas Artes, nos anos 1930, Jorge Félix de Sousa certamente tomou contato com as inovações de desenho propostas pelo art déco. Convém lembrar que Agache, entusiasta do urbanismo art déco, trabalhou no Brasil por vários anos da década de 1930, elaborando projetos tanto para o Rio de Janeiro como Porto Alegre e Curitiba, entre outras.  

Pórticos

45.   O pórtico do IFG foi a primeira estrutura desse tipo erigida na nova cidade de Goiânia [Figura 5 e Figura 6]. Inaugurado em 1942, o pórtico visava marcar de maneira monumental a entrada da Exposição de Goiânia. Metaforicamente, o visitante, ao passar sob ele, adentrava um novo mundo, a promessa de nova vida.

46.   Essa ideia persegue a humanidade há milênios, como atestam os toris xintoístas ou os pailous budistas. Na mitologia xintoísta, o pórtico marcaria a divisão entre o mundo profano e o sagrado, ao passo que a tradição chinesa o via apenas como monumento a demarcar um sítio. Em ambos os casos, especula-se que a origem seja a da torana hinduísta. Na cultura hindu, a torana tinha tanto a função de demarcar a entrada a um espaço sagrado como a de abençoar e comemorar um evento. No nascimento de um bebê, por exemplo, era (e ainda é) comum edificar um arco defronte a casa dos pais, sob o qual convidados e a família devem passar com o recém-nascido ao adentrar a casa, de modo a eliminar maus pensamentos e espíritos. O mesmo valia para um casamento ou mesmo para a inauguração de um edifício. Essa tradição chegou até nós e manifesta-se tanto no costume de cortar a fita inaugural de um novo edifício, bem como a de fazer os recém-casados passarem sob os braços arqueados dos convidados.

47.   A ideia da torana, portanto, se materializa por meio de dois pilares encimados por uma viga, destacado de qualquer outra edificação. Aos poucos a viga superior evoluiria para uma arquitrave, com arcada, frisos e outros elementos decorativos, o que daria origem aos grandes arcos comemorativos.

48.   De maneira semelhante, a arquitetura grega clássica exibe o mesmo tipo de estrutura. Não se sabe se o conceito se desenvolveu de maneira independente das toranas hinduístas, o que é bastante provável, uma vez que existem estruturas semelhantes em outras culturas distantes, caso das cidades maias na América Central e mesmo das ruínas neolíticas de Stonehenge, na Inglaterra, datadas de 2000 a.E.C.

49.   De volta à Grécia, há ali exemplos de pórticos desde os anos 1500 a.E.C. Em casos mais elaborados, a estrutura evolui para um propileu (literalmente “algo antes da porta”), como no caso da Acrópole (séc. V a.E.C.). Diferentemente da evolução oriental, os propileus gregos são estruturas em geral ligadas a um edifício.

50.   A arquitetura romana tomou de empréstimo a estrutura grega e a transformou em grandes arcos independentes e monumentais, edificados muitas vezes para comemorar uma vitória militar ou a chegada de um visitante ilustre. No caso militar, os arcos do triunfo eram edificados em capitais, por ocasião da volta das tropas vitoriosas, ao passo que arcos comemorativos foram edificados em lugares variados, em estradas, cruzamentos ou na entrada de cidades e territórios. Estima-se que mais de 360 desses arcos romanos tenham sido edificados (BINDING, 2009).

51.   Essa tradição foi mantida até a época moderna, com arcos em Paris, Berlim, Madri e várias outras cidades ocidentais. No séc. XX, o período do art déco retomou o conceito e propôs vários monumentos desse tipo. Um dos primeiros exemplos conhecidos é a Praça da Entrada do Brasil, projeto proposto pelo arquiteto francês Alfred Agache (1930), para a região entre a Glória e o Centro do Rio de Janeiro, nunca edificado [Figura 7]. Ali sobressaem-se os dois grandes pilares por entre os quais o visitante passaria ao adentrar o País. Outros exemplos encontram-se país afora em pontes e outras locações marcantes.

52.   Entretanto, nesses casos, a inspiração parece mais baseada nos chamados pilones dos templos egípcios [Figura 8], cultura que fascinava o Ocidente na esteira da descoberta da tumba de Tutancâmon. Os mais antigos pilones datam de 1.500 a.E.C. e eram edificados para demarcar a entrada de um templo ou solo sagrado. Os pilones eram formados por dois pilares ou torres laterais, unidas por uma viga. Característica marcante a diferenciar os pilones dos arcos gregos e romanos, bem como das toranas, são os pilares a extrapolar a altura da viga. É esse o caso do pórtico do IFG, com suas duas altas torres de 11 m, prolongadas para além da viga de cobertura a 3,80 m do piso [Figura 5].

53.   A referência egípcia é ainda reforçada pela edificação de vários obeliscos em pontos focais da cidade. Os grandes templos egípcios quase sempre exibiam um par de obeliscos em frente ao pilone. Se não há obeliscos em frente ao pórtico de Jorge Félix de Sousa, há (ou havia) exemplares tanto na Praça Cívica, no ponto exato do prolongamento das Avenidas Tocantins e Araguaia, como no cruzamento dessas mesmas avenidas com a Anhanguera. Não seria demais especular que nosso engenheiro-arquiteto tenha se baseado nessas referências, homem culto que era, de múltiplos interesses, com longos anos de estudos no Rio de Janeiro. Salta aos olhos a semelhança entre o hieróglifo que representa o pilone e a planta do pórtico, talvez mera coincidência.

54.   A estrutura completa dos pilones egípcios está ligada à ideia de recriação e renascimento. É a representação espacial do hieróglifo “horizonte”, com o sol a nascer entre duas colinas. Nada mais apropriado portanto que edificar um pilone na nova cidade que recriava Goiás e se abria para o País e para o mundo. 

Concreto armado

É o material que inspira o arquiteto ou as ideias do arquiteto que motivam o fabricante de materiais?

Cédric Avenier 

55.   Entre as várias inovações chegadas com a construção de Goiânia, das mais importantes talvez tenha sido o cimento, com sua aplicação em peças de concreto armado de vergalhões de aço.

56.   Essa técnica passou a substituir a antiga estrutura de madeira, possibilitando maiores vãos e altura, bem como múltiplos pavimentos. O concreto armado permite edifícios maiores, mais altos, vãos mais largos, sacadas maiores, com lajes em balanço.

57.   O concreto armado era uma inovação relativamente recente, iniciada na França a partir do século XIX. Após várias experimentações com a técnica, a primeira estrutura registrada é um edifício de quatro pavimentos construído num subúrbio de Paris, em 1853.

58.   O concreto armado consiste em uma estrutura de ferro, uma espécie de esqueleto, em volta da qual é aplicada uma mistura de cimento, areia e brita. O cimento é um material altamente resistente à compressão, mas não resiste bem à tração. Combinado o cimento com o aço, o composto ganha resistência tanto à tração como à compressão, uma união que possibilita peças esbeltas e ao mesmo tempo resistentes, o que não seria possível nem com peças de madeira nem com esses materiais usados isoladamente. Em que pese ter sido introduzido apenas no século XIX, tanto o ferro como o cimento eram já antigos conhecidos.

59.   Os primeiros registros de uso de cimento datam do Egito, em pirâmides do séc. XXV a.E.C. De maneira sistemática, foi também utilizado no Império Romano, em vários tipos de edificações. Com o fim do Império Romano, a tecnologia caiu em esquecimento e o conhecimento só foi recuperado nos anos 1800 na França, com a compreensão dos processos químicos envolvidos e o domínio da fabricação do cimento (AVENIER, 2010).

60.   No Brasil, a tecnologia de produção de cimento chegou com as primeiras pequenas fábricas em fins do século XIX. A maioria dessas fábricas não durou mais que uns poucos anos, já que os custos de transporte entre os locais de produção e de consumo tornavam o produto custoso. Com escala comercial e de maneire perene, a primeira indústria estabeleceu-se em São Paulo em 1924, a Companhia Brasileira de Cimento Portland.

61.   Jorge Félix de Sousa especializou-se em cálculo estrutural de concreto armado, disciplina ainda jovem. Sistematizado inicialmente na França e na Alemanha em meados do século XIX, a primeira obra conhecida no Brasil em concreto armado é um túnel ferroviário concluído em 1901, na Serra da Mantiqueira em Minas Gerais. A partir daí, foram construídos pontes, aquedutos e muros de arrimo, e o primeiro edifício surgiria em 1909, em São Paulo. Em todas essas obras, foi mínima a participação de construtores nacionais, visto que a técnica ainda era pouco conhecida. Apenas em 1926 funda-se no Brasil o primeiro escritório de cálculo estrutura de concreto armado, do engenheiro Emílio Baumgart, no Rio de Janeiro.

62.   Foi nesse cenário que o jovem Jorge Félix de Sousa tomou contato com essa técnica, tornando-se responsável por vários dos primeiros edifícios com estrutura de concreto armado em Goiânia e, por conseguinte, em Goiás. Os depoimentos de construtores da época o dão como autor dos projetos estruturais do Teatro Goiânia (1942), com grande plateia superior em balanço; do Coreto da Praça Cívica; e do Relógio da Avenida Goiás (1942). É de sua autoria ainda o cálculo estrutural da Igreja Imaculado Coração de Maria (iniciada em 1940), além de participação no cálculo da Catedral Metropolitana de Goiânia (1956).  

O pórtico do IFG

63.   Ao longo da história, vários materiais foram utilizados na edificação de pórticos e arcos. Na arquitetura clássica greco-romana, o material preferencial para o pórtico era a pedra, mesmo material dos pórticos maias e egípcios, ao passo que toris xintoístas utilizam majoritariamente madeira. Alguns pórticos romanos também utilizaram-se de cimento com revestimento em pedra. O pórtico do IFG foi edificado em concreto armado e alvenaria de tijolo rebocada e pintada.

64.   Dois pilares robustos formam a base do pórtico. O volume e a geometria dos pilares são moldados por alvenaria rebocada, ocos na base e sólidos a partir de determinada altura. Unindo os dois pilares, há a laje em concreto armado, extremamente delgada, com espessura de 10 cm no bordo, contrapondo-se à elevada robustez dos pilares. Entretanto a esbeltez da laje é efeito visual provocado por sua forma: no ponto de engaste com os pilares, a espessura chega a 15 cm. O resultado atende duplo objetivo, um técnico, outro poético: diminuição do peso próprio no bordo, região de maior carga, e grande esbeltez da peça.  

65.   Os elementos estruturais foram edificados em concreto convencional da época e, após quase 80 anos de existência exibia elevada carbonatação e grande oxidação de ferragens expostas. Durante os trabalhos de restauração em 2020, ficou evidente a degradação da estrutura.

66.   Os desgastes identificados tinham origem principalmente em infiltração pluvial, em especial na parte inferior da laje. Ocorre que a velocidade de escoamento da água por sobre o bordo da laje permitia-lhe escorrer para dentro da superfície inferior. Para corrigir o problema, foram moldadas pingadeiras com menos de 1 cm em todo o bordo da laje, de seção quadrada com sulco em sua face inferior.

67.   Afora essa pequena correção, em termos estruturais a edificação é tão magnífica quanto simples: laje que se apoia em um pilar. Entretanto, para conhecedores de sistemas estruturais, a simplicidade das peças combinadas é já um fator instigador. Os sistemas estruturais mais simples são compostos por três elementos: lajes, vigas e pilares. No caso de nosso pórtico, as vigas foram suprimidas, obtendo-se, portanto, apenas os elementos placa e barra, com apoio direto da placa na barra - uma laje cogumelo. Uma placa, ao apoiar-se em uma barra, faz com que a barra tenda a perfurar a placa. A maneira de evitar esse problema é ampliar a seção transversal do pilar e aumentar a espessura da laje na região de contato entre os dois elementos.

68.   No caso de um pórtico, a laje tem a função de cobrir uma determinada área, protegendo, por exemplo, da chuva; e os pilares devem compor a elevação do conjunto, conferindo a pujança necessária ao destaque do acesso. Os pilares devem ter elevação vertical tal que confiram o marco necessário à composição da fachada.

Conclusão

69.   Numa análise estrutural, histórica e estética do pórtico, ficam evidentes a sensibilidade técnica e o conhecimento do comportamento estrutural por parte do projetista, ao conferir as dimensões harmônicas e adequadas ao conjunto. Por vezes, a arquitetura é tratada como arte; mas a etimologia destaca sua essência mais ampla, já que na grande arquitetura a arte nunca se dissocia da técnica.

70.   O conhecimento técnico e capacidade criativa do engenheiro-arquiteto Jorge Félix de Sousa, já no primeiro terço do século passado, praticando Arte e Técnica em Goiás, permitiu-lhe projetar um pórtico que ao mesmo tempo carregasse os conceitos da arquitetura vanguardista contemporânea ao art déco, fazendo das perfeitas correlações de medidas e dimensões a base principal para que uma obra de concreto armado persistisse por praticamente 80 anos sem qualquer intervenção mais significativa. Chama a atenção ainda o fato de a edificação ter sido produzida nos primórdios de adoção deste material, ainda sob técnicas rudimentares, tendo se sustentado cumprindo as finalidades para quais foi concebida. Finalmente, trata-se de uma das poucas edificações capazes de registrar os elementos que expressam a condição histórica em que surge a capital de Goiás.

Fontes consultadas

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Arquivos consultados

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Arquivo do Museu D. João VI, Escola de Belas Artes, UFRJ

Elysium, Goiânia

Construtora Biapó, Goiânia

Museu da Imagem e do Som, Goiânia

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* Professor e pesquisador do Centro de Estudos Brasileiros da Universidade Federal de Goiás.