Os elos entre a University of Pennsylvania e a arquitetura do Brasil, através da trajetória profissional de George Henry Krug

Fernando Atique [1]

ATIQUE, Fernando. Os elos entre a University of Pennsylvania e a arquitetura do Brasil, através da trajetória profissional de George Henry Krug. 19&20, Rio de Janeiro, v. IV, n. 1, jan. 2009. Disponível em: <http://www.dezenovevinte.net/arte%20decorativa/atique_krug.htm>. [English]

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1.       Talvez não haja, no cenário brasileiro, universidade americana mais envolta em paradoxos do que a University of Pennsylvania, também conhecida, simplesmente, por sua sigla Penn. Embora tenha abrigado, até hoje, mais de 200 alunos brasileiros,[2] ela é quase sempre preterida ao se falar do universo acadêmico americano, em prol de instituições como Harvard, Columbia, Princeton ou Berkley, mesmo sendo, como as demais, uma das mais prestigiadas instituições de ensino no mundo. No âmbito arquitetônico, encontrar referências à Penn não é tarefa das mais fáceis, já que quase sempre as indicações a essa instituição aparecem em notas de textos ou em obituários de arquitetos, mas nunca de uma forma específica capaz de revelar, a fundo, as relações que entrelaçaram o Brasil àquela instituição. É por conta deste panorama enevoado que se apresenta este artigo.[3] Intentando apresentar uma possível sistematização dos resultados da tese de doutorado defendida na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, em 2007, o artigo mostra, brevemente, a trajetória do primeiro aluno ligado à arquitetura egresso da Penn: George Henry Krug [Figura 1].

2.       O foco da discussão é apresentar a contribuição dessa personagem para a construção de instituições e de um campo profissional em que foram empregadas referências americanas como opções válidas e complementares às de origem européia, no país. O objetivo é, longe de desmontar uma trama historiográfica na qual se enxerga, claramente, a presença européia, apresentar os nichos onde as referências americanas foram empregadas. Em linhas gerais, a pesquisa parte do pressuposto de que a ação do arquiteto, no Brasil, foi construída dentro de uma rica e plural conjugação de referências, o que atesta o caráter não-geográfico do conhecimento e a conseqüente circulação de idéias que matizou os anos finais do século XIX e o princípio do século XX.

A University of Pennsylvania e a formação em Arquitetura no final do século XIX.

3.       Antes, contudo, de se discutir a personagem em questão, faz-se necessário apresentar a instituição em que ela se formou. A University of Pennsylvania tem ocupado, desde 1876, quando o primeiro brasileiro ali se matriculou,[4] lugar de destaque na formação universitária de brasileiros. Conhecida com um pouco mais de ênfase, no Brasil, em três áreas do conhecimento (Odontologia, Administração e Medicina),[5] a Penn teve, também, forte importância na formação de profissionais de áreas como Engenharia e Arquitetura. Remontando à formação da Academy and Charitable School of Philadelphia, em 1740, pelas mãos de Benjamin Franklin, a Penn é considerada a primeira universidade criada por mãos americanas sem a participação da metrópole inglesa (THOMAS; BROWNLEE, 2000, p.23-26).

4.       Quando o jovem Benjamin Franklin, natural de Boston, chegou à Philadelphia, em 1723, essa cidade estava em franco processo de crescimento e era muito freqüentada por estrangeiros em função de sua importância política e do caráter internacional de seu porto. Embora dinâmica em suas relações comerciais, a questão educacional não era privilegiada, conforme apontam os historiadores George Thomas e David Brownlee em Building America’s First University: an historical and architectural guide for the University of Pennsylvania. Para estes autores, o fato de William Penn, o fundador da cidade, ter sido um quaker, fez com que esta religião alcançasse proeminência na Philadelphia, e imprimisse certas características elucidativas do nascimento da universidade. Por não necessitarem de templos e nem de líderes espirituais[6], não houve a preocupação por parte de William Penn nem de seus companheiros de fé, com a criação de seminários para a formação de religiosos ou de escolas confessionais. Esta situação prolongou-se até 1740, quando Franklin montou a relatada escola (THOMAS; BROWNLEE, 2000, p.23-26). Em 1749, Benjamin Franklin publicou um texto de nome Proposals for the Education of Youth In Pensilvania [sic], considerado, nos Estados Unidos, como a primeira declaração pública de que, no “Novo Mundo”, todas as raças e credos deveriam ter acesso à educação. Tanto o texto quanto a Academy and Charitable School of Philadelphia são apontados, pelos historiadores da Penn, como a origem dessa universidade. (THOMAS; BROWNLEE, 2000, p. XI).

5.       Durante muitos anos, mesmo contando com um significativo incremento de alunos em seus cursos, a University of Pennsylvania não possuía acomodações adequadas ao pleno desenvolvimento de suas funções educacionais, além de ser descuidada com sua biblioteca. Embora tenha ocupado edifícios na chamada “Old City”, desde sua fundação até por volta de 1870, foi apenas na porção oeste da malha original da cidade, na margem direita do rio Schuylkill, que ela conheceu sua expansão em termos de cursos oferecidos e de alunos matriculados (THOMAS; BROWNLEE, 2000: 54-55). Foi neste campus montado nesta área da cidade que os alunos brasileiros estudaram, já que, visto, foi apenas em 1876 que o primeiro brasileiro se matriculou na Penn. Contudo, a década de 1880 assistiu ao aparecimento dos departamentos de Philosophy, Architecture, Archaelogy and Paleontoly, da Training School for Nurses, além da constituição do the Graduate Department to Women [sic], do Laboratory of Hygiene, do Hospital for Dogs, do Wistar Institute of Anatomy and Biology e de muitas outras benfeitorias (THE RECORD OF THE CLASS OF 1901, p.87).

6.       Esta significativa expansão de carreiras era seguida pela construção de numerosos edifícios, como o da nova Biblioteca, projetada pelo arquiteto local Frank Furness, em Queen Anne Style, e dos prédios do Museu, do Dental Hall e da Law School, além dos dois prédios seminais do campus, o Logan Hall e o College Hall [Figura 2], projetados e edificados por Thomas Webb Richards, o primeiro “Professor of Drawing and Architecture”, da Penn (ARCHITECTURAL ALUMNI SOCIETY, 1934, p.12).

7.       A formação em arquitetura na University of Pennsylvania teve início em 1873 pelas mãos de Thomas Webb Richards. Este curso era oferecido dentro do College, e, oficialmente, durava quatro anos, embora, como apontou Edwin Bateman Morris, um antigo aluno e professor da casa, os dois primeiros anos de estudo fossem “devotados aos estudos acadêmicos - uma seqüência de disciplinas ‘formadoras de mentes’” - e apenas os dois últimos aos de arquitetura, propriamente dita (MORRIS, 1934, p.12). O mesmo autor frisou que o fundador dessa carreira na Penn, “Mr. Richards, parece ter sido uma pessoa de considerável zelo e devoção à causa da arquitetura, instilando em seus pupilos um entendimento dos princípios do design como ele mesmo os entendia” (MORRIS, 1934). Carentes de maiores recursos espaciais, as aulas eram ministradas no edifício central da universidade, o College Hall, e este prédio, assim como o Logan Hall - a sede do curso de Medicina -, ambos desenhados por Richards, eram apontados como exemplos de “boa arquitetura” aos alunos. Sendo os dois prédios tributários da arquitetura medieval, embora ostentem muitos ornamentos e volumes típicos de outras referências estilísticas empregadas no século XIX, é fácil supor quais eram as soluções formais utilizadas pelos alunos em seus trabalhos acadêmicos.

8.       A School of Architecture, como instituição autônoma do College, só foi inaugurada em 7 de outubro de 1890, sob a direção de Theophilus P. Chandler, arquiteto atuante na cidade da Philadelphia. Um inquérito sobre as Escolas de Arquitetura nos Estados Unidos dedicou à Penn um artigo extenso nas páginas da revista The Architectural Record, em 1901. Neste artigo, escrito pelo jornalista Percy C. Stuart, são encontrados muitos dados acerca das origens dessa escola, alguns dos quais contrariam a própria narrativa histórica consolidada sobre o início do oferecimento dessa carreira na Penn.

9.       A versão publicada pela revista desconsidera o papel de Thomas W. Richards. De fato, mesmo nos Architectural Archives da Penn, documentação sobre este primeiro período é muito difícil de ser encontrada. Em todo caso, sabe-se que a formação em arquitetura existiu ainda nos anos de 1870 e, de fato, graduou poucos profissionais. Os métodos de ensino empregados não são facilmente verificados pela falta de dados nos catálogos e demais publicações da universidade. Estima-se, contudo, pelo cruzamento de diversas fontes, que houvesse a adesão ao curso de arquitetura sem a necessidade de se cursar os anos básicos do College, caso o aluno fosse aprovado em exames de suficiência, aplicados pelos docentes da casa. Dessa forma, ao invés de quatro anos, o curso se reduzia a dois. Como algumas publicações acerca do ensino de arquitetura nos Estados Unidos revelam, havia forte ênfase formal no entendimento e na reprodução dos estilos britânicos, e, muitas vezes, a forte tradição de edificação em tijolos da Philadelphia, tornava-se condição sine qua non dos projetos acadêmicos (FOUNDATION FOR ARCHITECTURE, 1994, p.14).

10.    Uma das possíveis causas para esse obnubilar, talvez tenha sido o fato de que, primeiramente, o curso era oferecido dentro do College, por meio do Department of Arts, passando, depois, para a responsabilidade da escola de engenharia - a Towne Scientific School - e, apenas na década de 1890, tornando-se uma escola própria, por mão de Chandler Jr. (ARCHITECTURAL RECORD, 1901, p.315).

11.    Em todo caso, nos anos 1890, oficializou-se o ensino de arquitetura na Penn. Neste período havia, além do curso de bacharelado de quatro anos, um curso de curta duração designado como Special Course in Architecture que, ao invés de expedir o grau de Bacharel em Arquitetura, emitia um Certificado de Proficiência em Arquitetura, após dois anos. Este curso era destinado a profissionais que tivessem desempenhado na área, comprovadamente, atuação como desenhistas, construtores ou mestres de obras. Este curso se destinava, ainda, a estudantes que tivessem cursado parte de um programa de estudos similar em qualquer academia de ensino superior. Quem seguisse o Special Course poderia estender seus estudos mediante um outro curso de Interior Architecture, também de dois anos, tendo direito a um diploma especial (UNIVERSITY OF PENNSYLVANIA, CATALOGUE AND ANNOUNCEMENTS, 1893-94, p.158). A regulamentação dessa formação mais curta é um forte indício de que ela já acontecia, de fato, anteriormente, como sugerido acima.

12.    Entretanto, uma ressalva deve ser feita. Há informações, nos catálogos consultados, de que os estudantes que fossem considerados impossibilitados de se encaixar em um dos dois modelos de cursos propostos poderiam, ainda assim, ser admitidos como “Partial Students (estudantes parciais) nessas linhas de estudo, conforme seus preparatórios os atestassem aptos (UNIVERSITY OF PENNSYLVANIA, CATALOGUE AND ANNOUNCEMENTS, 1893-94, p.165).

13.    Toda esta facilidade de se cursar a University of Pennsylvania deve ser vista como uma tentativa de atrair o maior número possível de estudantes, já que ela era mantida, em grande medida, pelas taxas cobradas dos matriculados, embora recebesse subvenções estatais. Como no século XIX os Estados Unidos ainda padeciam de uma certa desigualdade de instrução entre seus diversos estados, permitir arranjos especiais aos estudantes interessados em cursar as instituições superiores de ensino garantia uma qualificação do trabalho a ser empregado no desenvolvimento da indústria e dos setores de serviços nacionais. Por outro lado, esta facilidade de acesso favoreceu a chegada de estudantes internacionais que, cientes das diversas possibilidades para a obtenção de uma formação - aliada ao fato de que as taxas se tornavam exauríveis em função do câmbio desfavorável de suas moedas -, optavam pelos cursos especiais ou parciais, eliminando o problema de pagarem por muitos anos as tuitions e as fees. No caso da arquitetura, esta opção foi freqüente, e a grande maioria dos brasileiros que se dirigiu à Penn valeu-se desta possibilidade de formação mais rápida.

14.    A School of Architecture passou por diversas remodelações ao longo de sua história. Uma das mais retumbantes foi a contratação de Paul Philippe Cret, arquiteto diplomado pela École Nationale de Beaux-Arts de Lyon, na França, em 1901, e premiado com o Grand-Prix de Paris nesse mesmo ano. Esta contratação permitiu o ingresso da University of Pennsylvania na tendência universal de afrancesamento das graduações em arquitetura, nos Estados Unidos, processada desde meados da década de 1890 (GROSSMAN, 1996, p.XV).

15.    Com a chegada de Cret, o ensino assumiu uma postura mais próxima dos dogmas das Écoles francesas, mas não seguiu totalmente o método de ensino nelas empregado. Por força do pragmatismo norte-americano, a formação artística foi simplificada e aliada ao caráter técnico que dominava as formações em engenharia praticadas nas escolas norte-americanas, e, de onde, não coincidentemente, a graduação da Penn havia saído há pouco.

16.    A segunda reforma diz respeito à transformação, em 1920, da School of Architecture, em School of Fine Arts, mudança que, mais do que incorporar os cursos de graduação em música e artes plásticas, intentou traduzir, literalmente, sua vinculação às Écoles de Beaux-Arts, embora, na prática, a estrutura de ensino já ostentasse a separação da carreira do arquiteto em três campos: a do Architect, a do Urban Designer e a do Landscape Architect, seguindo a peculiar estrutura profissional norte-americana (KOYL, 1934, p.10).

17.    O arquiteto Lucio Costa, em entrevista concedida a Hugo Segawa,[7] nos anos 1980, pontuou que, de fato, École de Beaux Arts e School of Fine Arts não deveriam ser vistas como a mesma coisa. Enquanto a primeira conservava o intuito de formação artística global, preservando a separação em artes maiores e artes menores, as School of Fine Arts reduziam a formação apenas às artes “mais finas”, indicando certa seleção e a incorporação de um pragmatismo à formação, sobretudo de arquitetos. Dessa forma, mesmo contando com um francês em seu corpo docente - Cret - a School of Fine Arts da Penn ajudou a fixar uma maneira de formação em arquitetura, tipicamente americana, ensaiada desde o princípio de seu curso, em 1873, pelas mãos de Thomas Webb Richards.

18.    Tendo analisado, mesmo que brevemente, a história da formação em Arquitetura na Penn, passa-se a pontuar a trajetória do primeiro aluno brasileiro egresso de seus bancos: George Henry Krug.

George Henry Krug: um profissional cuja trajetória profissional esmaeceu

19.    Arquiteto e professor de importantes instituições paulistanas de ensino superior em fins do século XIX e início do XX, George Henry Krug tem sua trajetória profissional pouco conhecida no país. Esparsas referências à sua biografia e obra têm difundido suposições como fatos historicamente comprováveis, prejudicando o entendimento de seu papel no cenário profissional brasileiro dessa época. Talvez o mais significativo exemplo deste desconhecimento sobre ele seja a confusão acerca de sua nacionalidade. Os poucos estudos a tratar de sua biografia intelectual atribuem-no a nacionalidade norte-americana. Segundo estes estudos, Krug seria um californiano de Fresno. Entretanto, de fato, ele era natural do interior de São Paulo, conforme atesta seu prontuário de ex-aluno arquivado no University Archives and Record Center da University of Pennsylvania, na Philadelphia. Fora este equívoco inicial, muitas outras informações não foram localizadas pelos poucos historiadores a tratarem de sua obra. De qualquer forma, a pesquisa efetuada nos Estados Unidos, se não completou todas as lacunas referentes à obra deste arquiteto, permitiu um avanço significativo acerca de seu papel no campo arquitetônico brasileiro.

20.    Nascido em Campinas, em 3 de dezembro de 1860, George Henry Krug era filho do alemão Wilhelm Gustav Heinrich Krug e da norte-americana Amely Catherine Bailey Krug (UNIVERSITY ARCHIVES, FOLDER G. KRUG). Seu pai era construtor e mantinha ligações com a Igreja Presbiteriana, o que lhe permitiu dirigir a construção do Colégio Internacional, fundado pela Igreja Presbiteriana do Sul dos Estados Unidos, em Campinas, na década de 1870.

21.    Sabe-se que a família de George Krug residiu durante alguns anos nos Estados Unidos vindo, depois, ao Brasil, se fixando em Campinas, no último quartel do século XIX. Posteriormente, no começo do século XX, Wilhelm Krug residiu em São Paulo. A família Krug é bastante antiga em Campinas, o que explica, em certo sentido, o destino final de Catherine e Wilhelm. Pelo cruzamento de diversas fontes, pôde-se perceber que o alemão Wilhelm Krug imigrou sozinho da Alemanha aos Estados Unidos, onde assumiu o nome William, e se casou com Amely Bailey, vindo, depois de casado, ao Brasil, em conseqüência da Guerra de Secessão, como muitos outros imigrantes estadunidenses. Em lista sobre as famílias norte-americanas que entraram no Brasil, entre 1865 e 1885, preparada por Betty Antunes de Oliveira, aparece o registro de William Krug. Já no Brasil, o casal teve George Henry Krug e Arthur Gillum Krug; e, posteriormente, em 1889, em Taubaté, Bernard McDowell Krug, o caçula (UNIVERSITY OF PENNSYLVANIA, THE MEDICAL SCOPE, 1914).

22.    Nos documentos consultados nos Estados Unidos, principalmente nos arquivos referentes ao ex-alunos da Penn, não se obteve muita informação a respeito da carreira de George Krug pelo fato de que, muito raramente, ele respondeu às pesquisas encaminhadas aos ex-alunos da instituição. Entretanto, algo extremamente importante foi a descoberta de que os três Krug estudaram na Penn. O primeiro deles, segundo os registros encontrados lá, foi mesmo George, que ingressou no College, em 1883, como Special Student in Architecture, desligando-se em 1885 (UNIVERSITY ARCHIVES, FOLDER KRUG). Entre 1884 e 1885, foi a vez de Arthur Krug se matricular no curso de Civil Engineering (UNIVERSITY ARCHIVES, FOLDER A. KRUG), e, em 1914, Bernard McDowell Krug se graduou em Medicina (UNIVERSITY OF PENNSYLVANIA, THE MEDICAL SCOPE, 1914). A presença dos três irmãos Krug na University of Pennsylvania permite ver que, para além da manutenção dos nomes ao gosto da terra da mãe, a família conservou o ideário de que os Estados Unidos era detentor de uma formação respeitável em cursos superiores. Deve-se expor, todavia, que no momento em que George Krug vai para a Penn estudar arquitetura, São Paulo não contava com nenhum curso que habilitasse a esta prática profissional, e, mesmo em nível nacional, apenas a Academia Imperial de Belas Artes, no Rio de Janeiro, garantia esta formação, mas, com pouco prestígio (DURAND, 1989, p.98).[8] O mesmo ocorreu com relação a seu irmão Arthur Gillum Krug, egresso, em 1885, do curso de Engenharia Civil, da Penn. Em São Paulo as graduações em Engenharia Civil seriam oferecidas apenas em 1890 e 1896, respectivamente, na Escola Politécnica e no Mackenzie College, o que, pelo menos parcialmente, explica a busca por esta carreira no exterior.

23.    Ainda com relação ao envio desses irmãos aos Estados Unidos, afora a questão de serem filhos de uma norte-americana com um alemão, primeiramente radicado naquele país, e, depois, no Brasil, está o fato de seu pai ter tido grande trânsito junto à elite paulista, o que fez com que o casal seguisse o mesmo costume dessa classe social, que enviava seus filhos para se graduarem na Cornell University, em Ithaca, NY, e na própria Penn (ATIQUE, 2007). Sabendo-se que Wilhelm Krug foi o construtor do Colégio Internacional em Campinas, e, posteriormente, residiu em São Paulo, envolvendo-se com a execução do Hospital Samaritano, ambas obras presbiterianas, é provável que tenha matriculado os filhos em uma dessas instituições confessionais protestantes.

24.    Embora a vida pregressa de George Henry Krug seja importante de ser analisada, é, contudo, sua presença na Penn que convém ser ressaltada. No ano de 1883, quando aportou na Philadelphia para cursar a University of Pennsylvania, o curso de Arquitetura era ministrado dentro do College, sob a responsabilidade do professor Thomas Webb Richards. Como exposto, George Krug não cursou a graduação convencional oferecida pela Instituição. Ele se matriculou num curso especial, de curta duração. Como em São Paulo, lugar em que residia até chegar à Philadelphia, inexistiam graduações em arquitetura, é bem provável que Krug tenha sido examinado, levando-se em conta sua atuação com seu pai, o que lhe garantiu aprovação para o curso especial em Arquitetura. Entretanto, fontes definitivas sobre esta hipótese não tenham sido encontradas em seus registros como estudante.

25.    Este curso especial, freqüentado por Krug, até sua entrada, havia diplomado apenas sete estudantes. No ano em que obteve o certificado de proficiência em arquitetura, 1885, ele foi o único aluno. Não foi possível identificar qual era o programa de curso que estes alunos pioneiros cursaram na Penn. Analisando a mais antiga referência à constituição dessas “instruções em arquitetura”, o catálogo de 1872, foi possível detectar que Thomas Webb Richards ministrava as disciplinas de “Desenho - desenho geométrico e isométrico, e desenho no plano. Esboços à mão-livre, para o Freshman Year [primeiro ano], e “Desenho - Perspectiva. Princípios de Arquitetura. Sombreamento com tinta indiana. Desenho de Ornamentos”, para o Sophomore Year [Segundo ano] do College. Quando os alunos ingressavam nos seus campos de escolha, como, por exemplo, Engenharia Civil, Richards se encarregava de ensinar “Desenho - Uso da escala e do tira-linhas. Aquarela. Representação Gráfica a partir da Geometria. Esboço à mão-livre. Ornamentação”, para o Freshman Year deste curso e “Desenho - Perspectiva isométrica e linear. Representação Gráfica a partir da Geometria. Geometria Descritiva. Desenho de Ornamentos. Ambientação”, para o Sophomore. Os Junior Year [terceiro ano] e Senior Year [quarto ano] do curso de Engenharia Civil estudavam, respectivamente, “Desenho - Desenho Topográfico. Coberturas. Pontes”, e “Desenho - Plantas. Elevações. Cortes.” Os estudantes ainda cursavam as cadeiras de Geometria no Freshman Year da Engenharia Civil:Geometria Descritiva - Problemas incluindo o ponto, a linha e o plano”, e Geometria Descritiva”, no Sophomore Year, que se baseava em “Problemas Práticos. Sombras, Projeções e Perspectiva”, e, no Junior Year, “Geometria Descritiva - Aplicação às Plantas, Elevações e Cortes” (UNIVERSITY OF PENNSYLVANIA, 1872, p.9-10,15-16 - tradução minha).

26.    Fora estas disciplinas apontadas, os estudantes ainda receberiam instrução obrigatória em Mecânica Teórica, Aquecimento, Som, Iluminação; em Literatura e Língua Alemã; em Literatura Inglesa; em Redação, História, Ciência Social, Eletricidade, Astronomia e Geografia Física (UNIVERSITY OF PENNSYLVANIA, 1872, p.16).

27.    Em comparação com o Special Course in Architecture, oferecido pela School of Architecture, depois de 1890, nota-se que o programa de estudos para a certificação de um arquiteto, nos anos iniciais dessa habilitação na Penn, não era muito diferente do que viria a ser oficializado com a criação da School of Architecture, na última década dos oitocentos. A falta maior recaía sobre os conteúdos de história da arquitetura, que, possivelmente, eram ministrados no momento das aulas práticas, quando da reprodução dos modelos em gesso, e no desenvolvimento de projetos, neste período sob a incumbência de Richards.

28.    Tendo terminado o curso de dois anos, George Krug regressou ao Brasil,[9] não como se pensa, Bacharel em Arquitetura, apenas Proficiente em Arquitetura. Esta diferenciação estava para a arquitetura, nos Estados Unidos, assim como o trabalho dos “práticos em odontologia” esteve para os dentistas brasileiros, até os anos de 1960. Contudo, valendo-se do campo de trabalho aberto por seu pai no Brasil, Krug passou a trabalhar junto dele, primeiramente, em Campinas, e, logo em seguida, em São Paulo, passando a ser denominado de Arquiteto, mas, também, de Engenheiro pela sociedade na qual transitou.

29.    Na capital paulista, pai e filho desenvolveram o projeto do Hospital Evangélico, depois chamado de Hospital Samaritano, inaugurado em 25 de janeiro de 1894, na atual rua Conselheiro Brotero, em Higienópolis. Este edifício teve sua arquitetura vazada dentro das regras compositivas tão caras ao século XIX que, com certeza, fizeram parte do repertório adquirido na Penn: fachada tripartida, envasaduras ritmadas e encimadas por molduras e tímpanos, além de eixos de simetria claros e bem demarcados. Ainda no bairro de Higienópolis, segundo Maria Cecília Naclério Homem, a firma Guilherme Krug & Filho construiu um chalé em “estilo campestre” para Ira .G. Baumgardner,[10] à avenida Higienópolis, 22; duas residências para Martinho Burchard [Figura 3], uma à avenida Higienópolis, 20, e, a outra, à rua Aracaju, além da casa de sua própria família, no mesmo bairro (HOMEM, 1981, p.79-80, 82-83). Sabe-se que a produção arquitetônica de George Krug era vinculada a programas e estéticas norte-americanas, como o emprego freqüente do Queen Anne Style, que, apesar de remeter, pela própria nomenclatura, à Grã-Bretanha, era, de fato, uma das mais prolíficas estéticas empregadas nos Estados Unidos.[11] Este fato permite expor que seus vínculos com a pátria onde estudou nunca foram rompidos.

30.    Krug também trabalhou para o arquiteto Ramos de Azevedo, antes mesmo que este constituísse o Escritório Técnico Ramos de Azevedo, em 1907. Carlos Lemos diz, em Ramos de Azevedo e seu Escritório, que desde 1886 Krug auxiliava Ramos no desenvolvimento de seus projetos. Este auxílio era apenas um desdobramento natural do relacionamento que seu tio Samuele Malfatti e seu pai Wilhelm já mantinham com Ramos de Azevedo, desde Campinas (LEMOS, 1993, p.54). Seus afazeres no escritório não foram confirmados, mas devem ter sido os mesmos que couberam a outros colegas, como Victor Dubugras e Maximiliano Hehl: desenvolvimento de projetos, execução de aquarelas, acompanhamento da execução de detalhes em obras.

31.    Heloisa Barbuy consultando os processos de construção, reforma e ampliação das edificações do Triângulo Histórico de São Paulo, até 1914, localizou algumas obras feitas tanto pela firma Guilherme Krug & Filho, quanto apenas por George Krug. Dentre elas, estão a construção do prédio para o Deutsche Bank, em 1897, no Largo do Tesouro; a reforma para instalação de um outro banco, na rua do Tesouro, em 1899; a modificação da fachada do imóvel do antigo número 45 da rua da Quitanda, em 1909; a construção de um prédio no Largo da Misericórdia, em 1910; a construção e alterações em edifício nos antigos números, 22, 24 e 36 da rua da Quitanda, entre 1911 e 1914 (BARBUY, 2006, p.259 - 285).

32.    Sylvia Ficher relata, também, em sua tese de doutoramento, que, em 1904, Krug e seu pai foram selecionados e premiados com a medalha de Prata na Exposição Internacional de Saint Louis, nos Estados Unidos. O projeto apresentado, segundo esta autora, foi o de um armazém para o Engenho Victoria, de propriedade da E. Johnston & Co., em estilo Queen Anne simplificado, edificado em São Carlos do Pinhal, hoje, São Carlos, no interior paulista (FICHER, 1989, p.108).

33.    Competiu a George Krug, também, por alguns anos, (1889-1902) a tarefa de Professor na Escola de Engenharia do Mackenzie College, onde ministrou aulas nas cadeiras de Arquitetura e Construção, função que deixou após ter ingressado na Escola Politécnica de São Paulo, em 1904. O início de sua carreira na Politécnica ocorreu mediante votação acontecida entre os membros da Congregação dessa escola, na qual obteve vitória sobre nomes já consagrados, como Euclides da Cunha e Regino Aragão, entre outros. Neste certame ficou explícita a proteção de Ramos de Azevedo a George Krug, conforme interessante artigo de José Carlos Barreto de Santana (SANTANA, 1996, p.322).

34.    Nomeado lente substituto-interino da 4ª Seção de Artes da Escola Politécnica de São Paulo, foi efetivado no cargo em 1906, e elevado à condição de catedrático, em 1916 (FICHER, 1989). Sabe-se que George Krug exerceu a função de fiscal residente para a University State of New York - USNY - junto ao Mackenzie College, após sua saída do corpo docente do curso de Engenharia desta escola. O que se deseja vincar, contudo, é que no caso de Krug, sua presença se deu, primeiramente, dentro do corpo docente do Mackenzie College e, depois, como fiscal da USNY, por três razões: por ser um dos profissionais de destaque no cenário paulista da Arquitetura e da Engenharia; por ter sido ele de família presbiteriana, envolvido profundamente com várias construções da denominação; e, principalmente, por ostentar certificado de uma universidade norte-americana, o que o chancelava como conhecedor do sistema estadunidense de ensino superior (ATIQUE, 2007).

35.    Contudo, paralelamente às suas funções de docente, Krug manteve a firma criada por seu pai até a morte deste, em 1907. Anos depois, por volta de 1910, associou-se a seu antigo colega no escritório Ramos de Azevedo, e seu então desenhista, Antonio Garcia Moya, transformando a razão do escritório de Guilherme Krug & Filho, para Krug, Moya & Cia. Neste período, houve certo incremento no número de suas obras, inclusive no interior do estado, onde, em 1914, realizou uma grande reforma no Colégio Piracicabano, fundado por Martha Watts, em 1881, e cujo edifício principal havia sido realizado por Antonio de Matheus Haussler, em 1884. Conforme a Secretaria de Turismo de Piracicaba, George Krug atuou, primeiramente, como arquiteto e construtor de um edifício anexo ao colégio, batizado de Martha Watts, mas, depois, estendeu seu trabalho à “reforma da fachada do Edifício Principal de modo que combinasse estilisticamente com o anexo”. A nova fachada, então, passou a apresentar “elementos da arquitetura republicana, do período após a Guerra da Secessão, dos EUA”, possivelmente, do chamado Federal Style, praticado nesta época em todo o Brasil (ATIQUE, 2007).

36.    A partir de 1916, ano em que se tornou catedrático da Politécnica, Krug assumiu a direção das obras da nova catedral de São Paulo, até então tocadas por seu colega Maximiliano Hehl. George Krug esteve diretamente vinculado a elas até sua morte, em 1919. Pelo que parece, Krug nunca trabalhou com seu irmão Arthur Krug, engenheiro civil. A presença de Arthur Krug em sua firma se deu, segundo Sylvia Ficher, após a morte do titular do escritório, que se tornou, então, Krug, Moya & Malfatti, e, depois, apenas Moya & Malfatti (FICHER, 1989, p.109). Nos anos 1920, sabe-se que Arthur Krug desenvolvia atividades como um dos diretores-fundadores da American Chamber of Commerce, em São Paulo (UNIVERSITY ARCHIVES, FOLDER A.G. KRUG). Crê-se que o envolvimento no escritório do irmão deva ter ocorrido para liquidar obras pendentes, até encontrar sucessor ao trabalho.

37.    George Krug era tio de Guilherme Malfatti, arquiteto diplomado pela Escola de Belas Artes de São Paulo, em 1933, e de Anita Catarina Malfatti, célebre pintora modernista. Filhos de Eleonora Elizabeth Krug Malfatti, irmã de George, nascida, provavelmente, no Brasil, em data desconhecida, ambos foram alunos do Mackenzie College, e, sabe-se, com certeza, que Anita Malfatti foi apadrinhada pelo tio, após perder o pai, o construtor italiano, Samuel Malfatti. A atitude de mecenas de George Krug levou Anita Malfatti a estudar na Alemanha, a partir de 1910, e na Independent School of Art, em New York, entre 1914 e 1916. Envolvendo-se com a Arte Moderna, desagradou seu tio, mas não rompeu com os preceitos modernistas. Guilherme Malfatti tornou-se, primeiro, herdeiro do escritório do tio e, só depois, se formou arquiteto.

38.    No campo da regulamentação profissional, Krug fez parte da Sociedade de Arquitetos de São Paulo, fundada em 1911, e do Instituto de Engenharia, fundado em 1917, dentro da Politécnica, quase que numa continuação natural daquela agremiação de classe pioneira, como expõe, Carlos Lemos (LEMOS, 1993, p.83).

39.    George Kurg faleceu em 1919, em São Paulo.

À guisa de fechamento

40.    A trajetória de George Henry Krug revela a necessidade de se olhar a história da profissão de arquiteto no país sob outra ótica. Personagem que desempenhou papel capital na gestão de instituições de ensino, e no formular de edificações, causa estranheza notar como sua contribuição tem sido minimizada nos manuais produzidos no país sobre este assunto.

41.    Ligado a um grupo étnico que também é pouco explorado na historiografia brasileira - os anglo-saxões - e a um reduto religioso sequer investigado em seus arranjos espaciais - os protestantes históricos - Krug mostra que existem nichos ocupados por personagens bem formados, atuantes e ideologicamente diversos das linhas tradicionais de análise existentes no país. Nota-se, então, que essas personagens precisam ser investigadas para que a pluralidade de opções e de atores sociais existentes nos anos de criação das estruturas modernas, do país, possam ser entendidos.

42.    Este paper, que é um excerto da tese de doutoramento defendida na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP tentou mostrar a contribuição da University of Pennsylvania para o processo de modernização do Brasil, entendido como aquele que proporcionou a formação em carreiras que o país ainda, timidamente, possuía. De certa forma, o mapeamento iniciado, aqui, pela trajetória de George Krug, coaduna-se a outros profissionais, os quais, estranhamente, sequer eram conhecidos antes da pesquisa efetuada, in loco, na Penn. Que estas personagens que, outrora estiveram visíveis no grande circuito da arquitetura do Brasil, possam ocupar algumas páginas dos manuais de história da arquitetura e do urbanismo no país, ajudando a entender a circulação de idéias que ajudaram a construir um país tão plural como o que se tem hoje.

Referências bibliográficas

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[1] Fernando Atique, arquiteto e urbanista, mestre em Arquitetura e Urbanismo (EESCUSP - 1999 e 2002) e Doutor em História e Fundamentos da Arquitetura e do Urbanismo (FAUUSP - 2007) é professor e coordenador do Curso de graduação em Arquitetura e Urbanismo da Universidade São Francisco, em Itatiba / SP. Foi Visiting Scholar na University of Pennsylvania, EUA, em 2006, com bolsa CAPES.

[2] Entre 1876 e 1900 foram 43 os brasileiros que estiveram na Penn estudando as mais variadas áreas do conhecimento humano. Entre 1901 e 1950, pôde-se demarcar mais 65 alunos oriundos do Brasil, perfazendo um total de 108 brasileiros em pouco menos de um século (ATIQUE, 2006). Após a década de 1950, segundo aponta o Alumni Directory (1998) o total de brasileiros na Penn chega à casa dos 200, até 1998. Os brasileiros ligados à arquitetura foram 6. Americanos de nascimento que imigraram para o Brasil para trabalharem foram dois (ATIQUE, 2007).

[3] O artigo é fruto da pesquisa realizada, in loco, nessa instituição durante o primeiro semestre de 2006, ao abrigo de uma bolsa de doutorado sandwich concedida pela CAPES.

[4] O primeiro aluno comprovadamente matriculado ali, com procedência brasileira, foi o carioca Bernardo de Souza Franco Harrah, em 1876. Ali, ele cursou a Law School, versão americana do curso de Direito.

[5] Os vínculos com o campo da Odontologia, a Medicina e a Administração foram descobertos na pesquisa realizada na Penn, e discutidos no capítulo três da tese do autor.

[6] Os quakers, ainda hoje, se reúnem apenas uma vez ao mês em salões chamados de Quaker’s Meeting Houses.

[7] Informação obtida em conversa informal com este Professor.

[8] Lauro Cavalcanti mostra que, de 1890 até 1939, a ENBA formou 384 arquitetos, sendo “3, entre 1890 e 1900; 37, entre 1901 e 1929 e 344, entre 1930 e 1939” (CAVALCANTI, 1995, p.47).

[9] Durante sua estadia na Philadelphia, George Henry Krug residiu numa fraternidade, a Chi Phi, que possuía a seção Nu, naquelas plagas.

[10] Ira Baumgarnder era também aluno egresso da Penn, onde cursou odontologia. Em São Paulo era conhecido como “dentista americano” (ATIQUE, 2007).

[11] Muitos edifícios do campus da Penn, na Philadelphia, foram vazados em Queen Anne Style, como, por exemplo, a Biblioteca projetada por Frank Furness.