Volume XIX, 2024 - DOI: 10.52913/19e20.xix
- por Laíza de Oliveira Rodrigues
- DOI: 10.52913/19e20.xix.13
O artigo analisa as relações entre o quadro Uma Sesta Tropical (1925) e seu autor, Manoel Santiago, enfocando as orientações do pintor amazonense ao chegar no meio das belas-artes do Rio de Janeiro. Um registro de ateliê no qual obra e autor aparecem é peça-chave para que a proposta avance. A pesquisa se estende, ainda, na análise das estratégias do recém-chegado à então Capital Federal, considerando as relações que Santiago estabeleceu com o ambiente de formação artística local e com o circuito expositivo ao qual destinou Uma Sesta Tropical, igualmente considerando a recepção da obra dentro desse sistema.
- por Reginaldo da Rocha Leite
- DOI: 10.52913/19e20.xix.12
Este artigo apresenta uma discussão que nos parece pertinente e desafiante. Como uma exposição francesa, censurada em Paris no século XIX, foi responsável por mudar o pensamento e a postura do crítico Gonzaga Duque no Brasil? Nosso desafio adota a contramão como sentido, pois mesmo proibidos de serem expostos, os trabalhos de Félicien Rops tiveram tamanha repercussão que despertaram a curiosidade do crítico brasileiro, estampada no texto “A ironia de Rops”, publicado na revista Kosmos em 1904.
- por Pablo Schneider
- DOI: 10.52913/19e20.xix.11
No início do século XX, a ideia de que o conhecimento podia ser obtido através de combinações de imagens não era uma abordagem incomum na história da arte. Mas o círculo em torno da Kunstwissenschaftliche Bibliothek Warburg (KBW) seguia uma procedimento que integrava formas de organização pensadas de maneira singular. Ali, diferentes documentos não só eram interligados uns aos outros, mas também entendidos como fatores capazes de estabelecer entre si relações ativas. O meio de criação do conhecimento na KBW consistia na combinação de imagens em quadros [Tafeln] e da linguagem, os mesmos componentes do Atlas Mnemosyne, incessantemente (re)elaborado por Aby Warburg entre 1924 e 1929.
- por James Elkins
- DOI: 10.52913/19e20.xix.10
A análise visual ordinária - pedagogicamente incutida, mecânica e rotineira - produz dor na imagem analisada: ela revela e articula o desejo de compreensão do espectador como um desejo doloroso. E isso, por sua vez, permite que a análise histórica ou crítica da arte avance e crie o seu próprio prazer. Na medida em que o lingchi pode fornecer um modelo de visão histórica da arte em geral, ele pode também oferecer uma crítica profunda dos protocolos institucionais da disciplina da história da arte: a sua frieza, a sua propensão para controlar o visual, o seu interesse dissimulado em produzir dor.
- por Fernando de Castro Lopes
- DOI: 10.52913/19e20.xix.09
O artigo discute os contextos históricos, culturais e poéticos relativos à criação e às características do desenho “Apoteose de Bolívar” (1874), realizado em Caracas, Venezuela, pelo pintor espanhol Miguel Navarro Y Cañizares (1834-1913). O marco referencial é constituído pela abordagem iconográfica de matriz panofskiana, mas também faz referência a autores de língua espanhola e portuguesa, como José María Salvador-Gonzáles, Fernanda Pitta e Vera Pugliese.
- por Luciana Dilascio Neves
- DOI: 10.52913/19e20.xix.08
Como parte da tese de doutorado Devir e dialética nas estéticas do fragmento e da descontinuidade:
Práticas e reflexões para uma pedagogia da montagem, defendida em 2023, o artigo trata de análise relacionada à produção estética que, no entreguerras, se utilizou da montagem no embate político contra mecanismos de representação normativos, naturalizados por estruturas de poder vinculadas ao
capitalismo burguês - estratégia que é aqui exemplificada na produção de fotomontagens do artista alemão John Heartfield.
- por Camilla Aquino
- DOI: 10.52913/19e20.xix.07
Este artigo explora a obra Passarinheiro (1893) do pintor gaúcho Pedro Weingärtner (1853-1929), revelando memórias sobre a Florianópolis do século XIX. O texto traz à luz uma tela pouco estudada, que apenas recentemente foi exposta pelo Instituto Collaço Paulo. Busca-se, ainda, relacioná-la ao conceito de memória, demonstrando que a arte pode ser um meio de resistência contra o esquecimento. Nesse sentido, Passarinheiro e o próprio Instituto Collaço Paulo são autênticos lugares de memória.
- por Benjamin Binstock
- DOI: 10.52913/19e20.xix.06
Ao reconsiderar a chamada Escola de Viena e o papel que ela pode desempenhar no futuro da história da arte, o presente artigo se concentra na controversa figura de Hans Sedlmayr (1896-1984). Para alguns, Sedlmayr - um nazista fanático - representa uma espécie de nó górdio na história da história da arte, que seria melhor cortar e descartar. No entanto, cremos que reservar tempo para desembaraçar os fios que se atam em sua obra é crucial para entender o significado mais amplo da Escola de Viena.
- por Álvaro Saluan da Cunha
- DOI: 10.52913/19e20.xix.05
O artigo examina a rivalidade entre Angelo Agostini e Henrique Fleiuss na imprensa do século XIX, destacando seus periódicos Vida Fluminense e Semana Illustrada. Agostini, com críticas republicanas e abolicionistas, satirizava Fleiuss, monarquista próximo à Coroa. Acusações de plágio e financiamento estatal marcaram o conflito, que também refletia a luta por leitores no competitivo mercado editorial. Dessa maneira, a disputa expôs as tensões políticas e artísticas do Brasil imperial.
- por Arthur Valle
- DOI: 10.52913/19e20.xix.04
Os catálogos das Exposições Gerais organizadas no Rio de Janeiro pela Escola Nacional de Belas Artes são documentos fundamentais para a compreensão da história da arte no Brasil durante a chamada Primeira República. Realizadas anualmente a partir de 1894, essas exposições se tornaram presumivelmente os principais certames artísticos brasileiros na passagem do séc. XIX para o XX. Nessa seção, disponibilizamos fac-símiles dos catálogos das mostras realizadas entre 1894 e 1930, bem como transcrições daqueles publicados entre 1894 e 1905, realizadas por diversa/os pesquisadora/es.
- por Gabriel Borges Souza
- DOI: 10.52913/19e20.xix.03
Nas primeiras décadas do século XX, a efervescência da cena artística de Belém do Pará não se restringia ao foyer do Theatro da Paz e demais galerias de arte. Na imprensa, alguns literatos se dedicaram a escrever em um gênero textual que estava em voga nos principais centros urbanos brasileiros e europeus: a crítica de arte. Nesse artigo, apresentamos a faceta de crítico de João Affonso do Nascimento (1855-1924), multiartista maranhense que viveu em São Luís, Manaus, Paris, mas encontrou em Belém os meios para sua ascensão social.
- por Alison Ramos da Silva, Marcelo Vitor Branco de Lima, Ronaldo Marques de Carvalho e Cybelle Salvador Miranda
- DOI: 10.52913/19e20.xix.02
A maçonaria é uma fraternidade que prega a filantropia e realiza estudos filosóficos. As edificações onde se reúne são denominadas Lojas e sua construção é orientada por autoridades maçônicas. Este trabalho apresenta a estruturação arquitetônica e simbólica da Loja Renascença n° 3, em Belém do Pará, fundada em 1872, e que carrega em sua composição influências da arquitetura eclética. Essa Loja possui identificação de símbolos maçônicos em sua fachada e nos detalhes construtivos no interior, sendo um exemplo de como a simbologia maçônica pode se adequar a diferentes estilos.
- por Marco Thomas Bosshard
- DOI: 10.52913/19e20.xix.01
Este trabalho aplica as diretrizes metodológicas da crítica literária a um fenômeno cultural da década de 1930 e as reprojeta no presente extraliterário com o propósito de abrir um caminho alternativo para compreender as bases de uma possível “nova cultura boliviana.” O que se propõe aqui é, em suma, discutir a Escola-Ayllu de Warisata de um ângulo distinto do das ciências sociais.