Os registros científicos da Comissão Científica de Exploração ao Ceará e a importância da construção da nação

Clarice Ferreira de Sá

SÁ, Clarice Ferreira de. Os registros científicos da Comissão Científica de Exploração ao Ceará e a importância da construção da nação. 19&20, Rio de Janeiro, v. VI, n. 1, jan./mar. 2011. Disponível em: <http://www.dezenovevinte.net/obras/ccientifica_ce.htm>

*     *     *

Desde muito antes do século XIX o Brasil já contava com explorações ao seu território, muitas delas de iniciativa estrangeira, outras organizadas por Portugal para tomada de conhecimento das riquezas que poderiam ser exploradas. Para a realização destes estudos, eram organizadas expedições científicas que percorriam determinada parte do vasto território colonial e encarregavam-se da investigação da natureza e dos costumes da região, bem como da elaboração de material cartográfico, registros sobre as ocupações urbanas e interioranas, atividades agrícolas, fauna e flora, além de coletar dados relevantes sobre os habitantes da terra. Para a elaboração de tais registros estas expedições contavam com artistas que as acompanhavam fazendo desenhos, normalmente reunidos em uma publicação que revelava as pesquisas realizadas ao meio científico da época. Por falta de interesse da coroa portuguesa em revelar ao mundo as riquezas de suas colônias era comum que fosse dificultado o processo destas publicações e alguns autores afirmam que tais expedições fracassaram, o que não é exatamente uma verdade, dada a quantidade de registros recolhidos em museus de toda a Europa e também no Brasil.

Tais empreendimentos eram extremamente dispendiosos e, associados a eles, geralmente estão nomes relevantes. Na Viagem Filosófica ao Rio Negro, ainda no século XVIII, o incentivo é de Marquês de Pombal, enquanto outras importantes expedições do século seguinte tiveram o patrocínio de príncipes para que fosse possível não só arranhar o litoral do Brasil, mas adentrá-lo e realizar pesquisas mais significativas. Este é o caso da expedição de August Saint Hilaire que permanece aqui por seis anos (1816-1822) e realiza cinco viagens a localidades diferentes. Cito também a Expedição de Heinrich von Langsdorff de 1822, patrocinada pelo Czar russo Alexandre I e a expedição que acompanhou a comitiva da princesa Leopoldina trazendo para o Brasil o naturalista Carl Friedrich von Martius que seria importantíssimo para estudos posteriores e viria a influenciar pesquisas brasileiras.

No século XIX tornam-se comuns expedições científicas pelo “Novo Mundo” em parte pela corrida para a descoberta de novas espécies e sua classificação, em parte pela busca e disseminação do conhecimento científico, movimento que surge na Europa com o Iluminismo e avança com o incentivo do naturalista Alexander von Humboldt, refletindo-se no Brasil durante o governo de Pedro II. Segundo o autor Cândido de Mello Leitão, “por esse tempo [...] vivíamos do reflexo da ciência estrangeira, copiando o que faziam, animando-nos ao calor das suas iniciativas”[1], e é nesse contexto que surge a ideia de uma expedição organizada e realizada exclusivamente por cientistas brasileiros capazes de concretizar um projeto de objetivos ambiciosos tal como a Comissão Científica de Exploração ao Ceará.

O ideal de progresso que acompanha o império de D. Pedro II faz com que sejam desenvolvidos estudos acerca do território brasileiro, para que se conheçam suas riquezas naturais, afim de explorá-las, e seus problemas, afim de solucioná-los. Segundo Renato Braga, autor que pesquisa a fundo a Comissão, “vivia o Brasil um momento de renovação política, econômica, social e urbana”[2]. O autor afirma ainda ser “deste período o acentuado mecenato [de Pedro II] em relação aos estudos brasileiros”[3]. Girava em torno do progresso da nação um clima de Romantismo[4] que se acentuava pela valorização das paisagens e da origem do Brasil que se firmava enquanto nação independente. Buscava-se o autenticamente nacional, e nesse sentido é criado o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro em 1838, que tinha por função principal recriar o passado brasileiro, ordenar os fatos históricos ocorridos, demarcar o território e as fronteiras culturais, além de criar para o Brasil uma narrativa coerente de sua história. “A música, a literatura e as artes visuais vão fazer parte nesse momento do esforço político de construção do imaginário da nova nação, buscando os temas nacionais dentro de um modelo de história celebrativa”[5]. Fazia-se necessário conhecer o vasto território no qual se localizava a nação e para tanto se investia em viagens para a pesquisa e registro do que havia em terras longínquas. Era de extrema importância que um artista acompanhasse as expedições científicas realizadas, pois o registro através da imagem faria parte da formação deste imaginário brasileiro.

É através do incentivo do Estado e da vontade de conhecer e documentar o território que o Instituto Histórico propôs ao governo imperial a realização de uma expedição científica brasileira afim de explorar províncias pouco conhecidas, indicando as do nordeste para iniciar a pesquisa. Tão logo aceita a proposta, em 26 de maio de 1856, o IHGB ficou encarregado de nomear os participantes de tal expedição, chamada Comissão Científica de Exploração[6]. Era exigido de seus participantes que recolhessem material para a formação de uma coleção no Museu Nacional, contendo “produtos dos reinos orgânico e inorgânico, e de tudo quanto pudesse servir de prova do estado de civilização industrial, usos e costumes dos nossos indígenas[7].

Para a realização de tal exploração, a expedição foi dividida em cinco seções, sendo nomeados chefes para cada uma delas e um presidente para a expedição inteira, ao qual os membros do grupo deviam prestar contas. Foram indicados para a Seção Botânica: Francisco Freire Alemão, presidente da Comissão; Manuel Freire Alemão, como adjunto de seção; José dos Reis Carvalho, que foi designado para acompanhar a expedição como desenhista[8]. Para a Seção Geológica e Mineralógica: Guilherme Schüch de Capanema e Miguel da Silva Coutinho, como adjunto de seção. Para a seção zoológica: Manuel Ferreira Lagos e João Pedro Villa-Real, como adjunto de seção. Para a Seção Astronômica e Geográfica: Giacomo Raja Gabaglia e, como adjuntos de seção, Agostinho Victor de Borja Castro, João Soares Pinto, Caetano de Brito e Souza Gaioso, Basílio Antônio de Siqueira Barbedo e Antônio Alves dos Santos Sousa. Para a Seção Etnográfica e Narrativa da Viagem: Antônio Gonçalves Dias e Francisco Assis Azevedo Guimarães, como adjunto de seção.

Cada uma destas seções tinha funções específicas e eram independentes umas das outras[9], podendo seguir trajetos diferentes. Aos encargos da Seção Botânica estavam “o estudo dos vegetais silvestres, particularmente o das árvores que fornecerem madeiras de construção, resinas, óleos, gomas ou outro qualquer produto útil; e o das plantas que possam aproveitar na medicina e na indústria[10]. Deveria também recolher o nome indígena, o nome popular e os usos de cada vegetal coletado; observar o aspecto geral da paisagem quanto à sua vegetação primária e secundária, a relação dela com o terreno e as condições meteorológicas do local. À Seção Zoológica cabia descrever as espécies animais que encontrassem, vertebrados ou não, classificando nomes vulgares e científicos. Deveriam também identificar os animais típicos da região, sua escassez ou abundância no local, e também identificar os animais ainda não classificados no meio científico, se possível fosse encontrá-los.

Sobre as funções da Seção Etnográfica e Narrativa da Viagem, Araújo Porto Alegre, membro ativo do IHGB que tem influência sobre a expedição e alguns de seus membros, comenta sobre o aproveitamento que poderia trazer o conhecimento acerca dos indígenas fazendo-os “compartilhar os bens da civilização”[11] refere-se às tradições históricas e o pouco estudo sobre indígenas realizados no Brasil.

Em meados de 1858 a expedição estava formada, com a aparelhagem necessária comprada e partiu do Rio de Janeiro em direção ao Nordeste em 26 de janeiro 1859. No Ceará os “científicos”, como ficaram conhecidos pela população, foram bem recebidos tão logo chegaram: o fato de terem levado toda uma aparelhagem proveniente da Europa, em especial as câmeras fotográficas, chamava a atenção dos habitantes do lugar.

Durante um ano e oito meses, a expedição percorreu todo o Ceará, passando também pelo Piauí, Paraíba, Pernambuco e Rio Grande do Norte. Os cientistas se encontraram novamente em Fortaleza, em abril de 1860 e, articulando suas descobertas, propuseram novas pesquisas em uma próxima viagem. No entanto as instruções dadas na partida da expedição eram para que esta se estendesse apenas pelos dois anos já previstos, retornando, portanto, em 1861. E assim foi feito[12].

Depois de um ano de expedição, corria o boato que a Comissão havia fracassado por não ter encontrado os tesouros esperados. Muitos passaram a classificar os cientistas como simples viajantes em busca de aventuras e distração. Gonçalves Dias, Manuel Ferreira Lagos e Guilherme Capanema fizeram públicas declarações contradizendo tais críticas. Mas ainda assim a Comissão permanece como alvo de intrigas.

Ao chegar ao Rio de Janeiro, a Comissão não foi noticiada pela imprensa, “a verdade é que não se falava mais dela”[13]. O governo desfez a ideia de continuação das pesquisas pondo de lado a proposta trazida pelos cientistas de retornarem ao Ceará, limita a apuração de dados coletados e mantém a expedição no Rio de Janeiro afim de organizar e cuidar da manutenção das peças trazidas do Nordeste. O material de botânica e zoologia coletado ficou ao encargo do Museu Nacional e os objetos das tribos da Amazônia trazidos por Gonçalves Dias ficaram, em sua maioria, no IHGB. Neste ponto, deve-se levar em consideração que grande parte do material recolhido pela Seção Geológica, já no final das explorações, se perde no naufrágio do barco Palpite, responsável pelo transporte de boa parte da pesquisa de Capanema.

Dos resultados apresentados pela expedição, pode-se citar: 14 mil amostras do herbário acondicionadas pela Seção Botânica; 17 mil exemplares para a coleção zoológica do Museu Nacional, sendo 12 mil insetos, 4 mil aves, 80 répteis, diversos barris com peixes, além de mais de cem animais vivos quando da partida do navio para o Rio de Janeiro. Freire Alemão, Capanema e Gonçalves Dias contam respectivamente com diários de viagem, publicações acerca das pesquisas além de cartas e artigos escritos durante os dois anos da viagem.

Para entender a produção de imagens da Comissão, é necessário especificar a obra de José dos Reis Carvalho e Francisco Freire Alemão. É importante entender sua função dentro da expedição e sua formação[14] anterior a ela: o primeiro no ateliê de Debret; o segundo na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro e em Paris. Faço aqui uma comparação entre as gravuras publicadas por Francisco Freire Alemão em Trabalhos da Commissão Scientífica de Exploração: Secção de Botânica e a série de aquarelas de José dos Reis Carvalho do Museu D. João VI.

É possível associar a obra de Freire Alemão à narrativa da viagem, sempre encarando as imagens produzidas num contexto científico de registro. Utilizando como exemplo uma imagem do livro Estudos botânicos e descrições de plantas brasileiras [Figura 1], percebe-se que seu traço é nítido e claro, como deve ser a ilustração científica, que exige o detalhamento de flor, fruto, semente e folhas em diferentes estágios (inclusive depois de ressecada). Todas estas partes devem estar distribuídas de forma a priorizar a clareza da informação a ser transmitida e não pode haver confusão visual em ilustrações deste tipo.

José dos Reis Carvalho também possui algumas pranchas de flores [Figura 2], no entanto, percebe-se nelas um arranjo de composição diferente de Freire Alemão. É possível notar maior liberdade de traço, sendo o método de registro científico mais livre[15]. Reis Carvalho procura enfatizar o belo, o exótico em cada um destes registros, mesclando em uma mesma prancha os elementos que deveriam ser separadamente executados. Também é possível perceber que, pelo tratamento dado à imagem, o pintor se aproveita das propriedades da técnica da aquarela, nomeadamente a transparência e a elasticidade da pincelada, para criar áreas de manchas e cantos esmaecidos dos desenhos. Enquanto Freire Alemão, contando também com alguns registros em aquarela, mas tendo como sua principal técnica de registro a litografia, apresenta uma obra rigidamente linear primando pela clareza que concerne ao meio científico.

Atendo-me agora à obra de Reis Carvalho, pude perceber uma divisão de temas: botânica, zoologia, paisagem, costumes e um registro do acampamento da expedição [Figura 3]. Nas paisagens encontram-se desde igrejas locais até o tipo de construção que os habitantes realizavam para sua moradia, os tipos de poços utilizados pelos sertanejos, bem como o interior de um rancho. Alguns dos registros de botânica mostram flores misturadas à presença de insetos. Nos costumes e tipos populares vemos danças, vendedores ambulantes, hábitos dos moradores e dos viajantes e também o registro de mãe e filho com uma deficiência que chama a atenção do pintor. Este utiliza na maior parte dos registros a aquarela, que possibilita ao artista variadas formas de representação por sua elasticidade, facilidade de execução - basicamente composta de goma e pigmento - e transporte. A aquarela é um dos materiais mais utilizados em pintura ao ar livre, pois o transporte tanto de suas tintas quanto de seu suporte é leve e simples.

José dos Reis Carvalho também apresenta em sua obra o gosto pelo pitoresco e pelo exótico, estabelecendo uma relação com o Romantismo através do ideal representado. Seus registros mostram imagens que até hoje impressionam, o que dizer então da impressão causada por essas imagens na corte do Rio de Janeiro, repleta de costumes europeus e que pouco sabia dos hábitos do Brasil interiorano? É preciso destacar que movimentos tais como Neoclassicismo e Romantismo não podem ser isolados em datas consecutivas. As tendências na arte não se davam desta forma, elas coexistiam e por vezes se interpenetravam. Por isso, embora a formação deste pintor tenha sido inicialmente de cunho neoclássico, o ideal que permeia toda a expedição e no qual o pintor se insere é, em sua essência, romântico.

As obras produzidas na Comissão encontram-se no limiar entre arte e ciência. “O esforço político na construção do imaginário da nova nação aponta a absorção de alguns elementos românticos”[16]. O próprio ideal de mandar expedições registrarem o exótico e o ainda não explorado, além do interesse político e econômico, mostra também o gosto pelo pitoresco. Os ideais iluministas, o incentivo ao desenvolvimento do meio científico e a curiosidade com relação ao outro tornam o pitoresco fator importante destas viagens que geraram tantos registros do exotismo encontrado fora dos costumes “civilizados” europeus.

Embora a ideia que permeie a expedição tenha um caráter romântico, as imagens elaboradas tinham um compromisso com o registro científico. Este compromisso pode ser justificado nas ideias de Humboldt, grande influência no pensamento que guiou a produção de artistas viajantes. Segundo Ana Maria Belluzzo, este naturalista defendia a observação direta das verdades do mundo, conforme deve ser feita a descrição da natureza pelo cientista. Sendo assim, o artista viajante tinha “a capacidade de colocar a sensibilidade em colaboração com a razão”[17].

Enquanto a expedição buscava registrar um Brasil desconhecido em costumes populares e paisagens, ao mesmo tempo realizava seu papel no projeto de modernização do país que vinha então sendo desenvolvido no Império de D. Pedro II. Buscando enfatizar características em comum e tomar conhecimento das discrepâncias do território, a Comissão mostra com seus registros que o Brasil tinha grande necessidade de buscar uma semelhança possível com o estágio em que se encontrava o meio científico na Europa. Havia no Brasil uma intelectualidade cada vez mais interessada em projetos que o tornassem cada vez mais moderno, seguindo o modelo europeu. Seu ideal era extrair destas pesquisas resultados aplicáveis à indústria brasileira, à modernização das regiões e à contínua busca por riquezas que se convertessem para o Império. As imagens produzidas por José dos Reis Carvalho, condensam os costumes da região percorrida, então pouco conhecida em sua essência. As descobertas feitas pela Comissão Científica de Exploração mostraram a corte que uma região distante e bastante diferenciada em costumes, fauna, flora e paisagens, integrava uma nação recentemente independente da qual todos faziam parte.

Referências bibliográficas

ALEMÃO, Francisco Freire. Trabalhos da Commissão Scientífica de Exploração: secção botânica. Terceiro folheto. Rio de Janeiro: Tipografia do Imperial Instituto Artístico, 1866.

ALVES, Cláudio José. Ciência e arte em José dos Reis Carvalho: a pintura na Comissão Científica de Exploração ao Ceará (1859-1861). São Paulo: PUC-SP, 2006.

AMBRIZZI, Miguel Luiz. Entre Olhares - O romântico, o naturalista. Artistas-viajantes na Expedição Langsdorff: 1822-1829. 19&20, Rio de Janeiro, v. 3, n. 4, out. 2008. Disponível em: <www.dezenovevinte.net/artistas/viajantes_mla.htm> Acesso em: 4 set. 2009.

BELLUZZO, Ana Maria de Moraes. O Brasil dos Viajantes. São Paulo: Metalivros; Salvador: Fundação Oldebrecht, 1994.

BRAGA, Renato. História da Comissão Científica de Exploração. Ceará: Imprensa Universitária do Ceará, 1962.

DICCIONÁRIO HISTÓRICO, GEOGRAPHICO E ETNOGRAPHICO DO BRASIL. Rio de Janeiro: Krauss Repreint Nendeln/Liechtenstein, 1972. v.1, pt. II, p. 879-895.

FERNANDES, Cybele Vidal Neto. Expedição das Borboletas. Coleção José dos Reis Carvalho - Museu D. João VI. In: SALGUEIRO, Heliana Angotti (org.). Paisagem e arte: a invenção da natureza, a evolução do olhar. São Paulo: FAPESP, CNPq, CBHA, 2000.

GARCIA, Rodolfo. Explorações Científicas. In: Congresso de História Nacional, 2., 1931, Rio de Janeiro. Anais... Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1942. Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, v.2.

GOMES, Álvaro Cardoso. A estética romântica: textos doutrinários comentados. São Paulo: Atrlas, 1992.

KURY, Lorelai. Viagens Científicas. [S.l.]: Rede da Memória Virtual Brasileira, [S.d.]. Disponível em: <http://bndigital.bn.br/redememoria/viacientifica.html> Acesso em: 8 jul. 2010.

LEITÃO, Cândido de Mello. História das Expedições Científicas no Brasil. Brasiliana, Biblioteca Pedegógica Brasileira, Rio de Janeiro, Companhia Editora Nacional, série 2ª. v. 209, 1941.

PEREIRA, Sônia Gomes. Arte Brasileira no Século XIX. Belo Horizonte: C/Arte, 2008.

PORTO ALEGRE, Maria Sylvia. Comissão das Borboletas - A ciência e o Império, entre o Ceará e a corte. Fortaleza: Museu do Ceará, Secretaria de Cultura do Estado do Ceará, 2003.

RAMINELLI, Ronald. Alexandre Rodrigues Ferreira. [S.l.]: Rede da Memória Virtual Brasileira, [S.d.]. Disponível em: <http://catalogos.bn.br/alexandre/historico.htm> Acesso em: 2 maio 2009.

DÉCIMA sexta sessão em 14 de novembro de 1856 presidida pelo Exmo. Sr. Visconde de Sapucaí. Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, Rio de Janeiro, tomo 19, 1856.

____________________

[1] LEITÃO, 1941, p. 198.

[2] BRAGA, 1962, p.17.

[3] Idem, ibidem, p. 18.

[4] Segundo Álvaro Cardoso Gomes, o Romantismo surge no Brasil em 1836 com a obra Suspiros poéticos e saudades de Gonçalves de Magalhães logo seguido de Primeiros Cantos de Gonçalves Dias em 1847, buscando escrever uma obra autenticamente nacional. (GOMES, 1992, p. 31)

[5] PEREIRA, 2008, p. 34.

[6] Ou ainda Comissão Exploradora das Províncias do Norte, Expedição das Borboletas e Comissão Defloradora. (PORTO ALEGRE, 2003, p.13)

[7] GARCIA, 1931.

[8] José dos Reis Carvalho é pintor, formado como tal. Como integrante da Comissão Científica, entende-se que ele era o desenhista responsável pelos registros de viagem.

[9] As seções deveriam, sempre que possível colaborar entre si e reunir o material coletado para envio à corte, no Rio de Janeiro. Sobre a formação dos profissionais que seguiram viagem para o nordeste, sabe-se que Francisco Freire Alemão era médico e botânico, formado pela Escola Anatômica, Cirúrgica e Médica do Rio de Janeiro e doutor pela Faculdade de Medicina de Paris. Ocupou a cadeira de Botânica e Zoologia da Escola de Medicina do Rio de Janeiro e teve como adjunto na Comissão seu sobrinho, também médico, Manuel Freire Alemão, futuro diretor da Seção de Botânica do Museu Nacional. Guilherme Shüch, barão de Capanema, era doutor em ciências físicas e matemáticas, formado na Escola Politécnica de Viena. Giacomo Raja Gabaglia era matemático e lente da Academia de Marinha. Manuel Ferreira Lagos, naturalista e secretário do IHGB, foi adjunto da Seção de Zoologia e Anatomia Comparada do Museu Nacional. Gonçalves Dias era professor de História e Latim do Colégio Pedro II, foi oficial da Secretaria dos Negócios Estrangeiros. Por fim, acompanhando a Comissão como desenhista e pintor, estava José dos Reis Carvalho, aluno de Debret na Academia Imperial de Belas Artes do Rio de Janeiro entre os anos de 1824 e 1826 e tenente da Marinha, onde ocupou o cargo de professor de desenho na Escola Imperial da Marinha no período compreendido entre os anos de 1828 e 1865. Esses foram os membros selecionados pelo IHGB e aprovados pelo imperador para empreender a viagem à província do Ceará.

[10] ALEMÃO, Francisco Freire apud DÉCIMA sexta sessão em 14 de novembro de 1856 presidida pelo Exmo. Sr. Visconde de Sapucaí. Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, Rio de Janeiro, tomo 19, 1856.In. Revista do IHGB, 1856, tomo 19, p. 42.

[11] PORTO ALEGRE, Manuel de Araújo apud Revista do IHGB, 1856, tomo 19, p. 42.

[12] GARCIA, 1931.

[13] BRAGA, 1962, p. 45.

[14] Sobre Francisco Freire Alemão encontra-se no Museu Nacional uma cópia do terceiro folheto dos Trabalhos da Commissão Scientífica de Exploração: Secção de Botânica, publicado no Rio de Janeiro em 1866. Este exemplar conta com ilustrações em litografia, todas da seção botânica da expedição e, segundo Maria Sylvia Porto Alegre, grande parte destas ilustrações era feita pelo próprio Freire Alemão. No banco de imagens da Biblioteca Nacional, foi encontrado arquivo contendo 15 ilustrações botânicas referentes à Comissão do Ceará, todas elas com o nome de F. Freire Alemão. Possivelmente durante a viagem eram feitos estudos para posteriormente serem executadas as litografias no Rio de Janeiro, visando à publicação dos resultados das pesquisas.

[15] Entenda-se como método de registro científico mais livre o fato das imagens de José dos Reis Carvalho apresentarem uma composição dos diferentes estágios de evolução do vegetal analisado em uma só prancha unindo-os, enquanto Francisco Freire Alemão distribui em suas pranchas o recorte destes estágios em separado.

[16] PEREIRA, 2008, p.34.

[17] BELLUZZO apud AMBRIZZI, 2009.