CHROME, John de. O salão de Belas Artes - Notas comprimidas e irreverentes II. O Globo, Rio de Janeiro, 16 ago. 1929, p. 1.
De Egba
O “pintor” Guignard fez uns rabiscos, que a gente até hoje não sabe o que é - Sigond [?] também fez rabiscos, fingindo pingos de cera de tocha, - D. Georgina oferece uma cena de praia, com um braço do tamanho de um bonde, e um cachorro empalhado; dá também um casal de meninos cheios de azulão e com as canelas sujas [Imagem] - Mario Nunes expõe cartazes franceses, desses que são reclame das estradas de ferro de lá, pura fantasia, - Navarro da Costa meteu um pedaço de Veneza na baia de Guanabara, com a Villegaignon a vinte quilômetros de distância da terra; noutro quadro tem fatias de bolos de confeitaria num molho de gelatina - Pedro Bruno oferece um nu à frescata à beira-mar, um barco apoplético e um mercado de peixe no tempo dos franciscanos, segundo descreve o Raul - Roberto Rodrigues, diz o Chambelland, expõe a apoteose do desengonço e o degringolado do equilíbrio, com traço firme - Jordão, até agora escapou à “trepação” geral - Turati escapou também, mas dos elogios - Mazzuchelli apresenta o busto do torcicolo do poeta Olegario, e o mesmo faz, no estilo afunilado, o escultor Paes Leme - Samuel Ribeiro mostra uma mulher pneumática torcendo-se por causa de uma dentada escabrosa - Almeida Junior [Luiz Fernandes de Almeida Júnior] é esplêndido nas laranjas entre troncos animados [Imagem] - Gaspar Magalhães nos dá uma feira livre com chaleira para o júri.
Amanhã, tem mais.
Digitalização de Mirian Nogueira Seraphim
Transcrição de Vinícius Moraes de Aguiar
CHROME, John de. O salão de Belas Artes - Notas comprimidas e irreverentes II. O Globo, Rio de Janeiro, 16 ago. 1929, p. 1.