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ARTES E ARTISTAS. BELAS ARTES. O Paiz, Rio de Janeiro, 15 nov. 1922, p.2.

De Egba

Edição feita às 18h09min de 3 de Abril de 2010 por Egba (Discussão | contribs)

A INAUGURAÇÃO DA EXPOSIÇÃO DE ARTE CONTEMPORÂNEA E RETROSPECTIVA.

Realizou-se ante-ontem, às 14 horas, na Escola de Belas Artes, a inauguração da exposição de arte retrospectiva e contemporânea, organizada sob direção competente dos Srs. Baptista da Costa, Raul Pederneiras e Fléxa Ribeiro.

À solenidade, que se revestiu de grande brilhantismo, compareceram os senhores major Cunha Pitta, representando o Sr. Presidente da República; Dr. Carlos Sampaio, prefeito do Distrito Federal; Dr. Ferreira Ramos, delegado geral da exposição; Conde Van de Bruch, comissário geral da Bélgica; figuras de maior destaque no nosso mundo artístico, Exmas. senhoras, Dr. Victor Marks, delegado de polícia da exposição; Dr. Vergueiro Steidel, delegado do governo paulista; representantes da imprensa e outras pessoas gradas.

Antes da inauguração do salon de belas artes foi inaugurado, na sala da congregação da escola, o busto em bronze do Dr. Epitacio Pessoa, presidente da República, trabalho artístico do escultor Costa [sic] Lima.

Por essa ocasião, o diretor da escola, professor Baptista da Costa, pronunciou discurso no qual salientou os inestimáveis serviços prestados às belas artes pelo Sr. presidente da República.

Fez um ligeiro apanhado das obras de remodelação por que passou o belo edifício da Avenida Rio Branco e terminou com as seguintes palavras:

“A Escola Nacional de Belas Artes, como prova de reconhecimento aos serviços prestados por S. Ex. à instituição, por unânime e significativa vontade expressa em sessão plena da congregação, resolveu colocar em lugar distinto desta casa o busto em bronze do Dr. Epitacio Pessoa, obra de um dos seus molhados artistas, como sincera homenagem no dia de hoje, e sente-se feliz em tornar público seus agradecimentos, com os votos de prosperidade e felicidade a quem tão bem compreendeu, animou e tanto realizou, em proveito das belas artes, em nosso amado Brasil.”

A convite do Sr. Batista da Costa, o Dr. Carlos Sampaio retirou a bandeira que cobria um busto de bronze do Dr. Epitacio Pessoa, ouvindo-se então o hino nacional.

Em seguida a numerosa assistência percorreu os vastos salões da escola, onde se encontram verdadeiros primores de arte.

Como já ficou dito, a exposição compreende trabalhos artísticos coordenados de 1816 a 1915 (arte retrospectiva) a e 1915 a esta parte (arte contemporânea).

De arte retrospectiva são dignos de menção aos trabalhos da missão francesa, tais como os quadro de Debret, Taunay [[[Nicolas-Antoine]]] e outros, a maquette da batalha de Riachuelo de Victor Meirelles; os bronzes S. Estevão e A faceira, de Rodolpho Bernardelli; um curioso lavabo monumental dos tempos coloniais; um bronze simbólico de Almeida reis, O rio Paraíba; vários bustos do professor Corrêa Lima; a coleção de medalhas dos chefes de Estado do Brasil, desde Pedro I; a maquette do monumento a Pedro I, de Rocher [sic]; várias vistas panorâmicas do Rio, de Victor Meirelles; a maquette da batalha dos Guararapes; quadros de Amoêdo, Visconti, Baptista da Costa, Chambelland e de tantos outros e mármores e Corrêa Lima.

A parte referente à “Arte contemporânea” não cabe em um breve registro de reportagem. Cabe-nos, apenas, assinalar que, quer em pintura, quer em escultura, arquitetura ou gravura, os nossos artistas de hoje não desmereceram das glórias que para o nosso país conquistaram Pedro Américo, Victor Meirelles e tantos outros.

Após uma longa peregrinação pelos salões da escola, detivemo-nos por instantes, enbevecidos, diante da “Batalha do Avahy”, a grandiosa e surpreendente tela de Pedro Américo.

Na seção de pintura foram muito apreciada seguinte telas: “Iracema”, de Almeida Junior; “Civilização”, de André Vento; “O precursor”, de Pedro Bruno; “O dia de feira”, de Chambelland [[[Carlos Chambelland]]]; “Flamboyant”, de Garcia Bento; “Igreja de S. João d'El Rey”, de Lucílio de Albuquerque; “Retrato de Mell. B. F. B.”, de Justino Migeuis; “Passagem”, de Moreira de Vasconcelos; “Melancolia”, de Jorge Mendonça; “Avó” e “D. Juan”, de Oswaldo Teixeira; “Solar Avoengo”, de Edgard Parreiras; “Auto retrato”, de Sarah Villela Figueiredo; “A governante”, de Visconti; e a encantadora “poesia da tarde”, de Clara Welker.

O Sr. Baptista da Costa foi muito cumprimentado pelo brilho e pela eficiência da exposição, que tomou a si dirigir.

A exposição estará aberta à noite o público, todos os dias das 11 às 18 horas, e das 20 às 22 horas, sendo de 1$ (bônus) o ingresso à mesma.

ESCOLA N. DE BELAS ARTES

Pede-nos para declarar que não tem fundamento a nota publicada ontem por um matutino desta capital, referente à Exposição de Belas Artes, visto como os catálogos da referida exposição foram entregues aos representantes da imprensa que os solicitaram.


Digitalização de Mirian Nogueira Seraphim

Transcrição de Arthur Valle

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