O ATELIÊ DOS FOTÓGRAFOS ITINERANTES EM MINAS GERAIS NO SÉCULO XIX

Rogério Pereira de Arruda (Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri)

Resumo: No século XIX, a expansão da fotografia pelo interior do Brasil ocorreu, em grande medida, por meio da itinerância dos fotógrafos. Geralmente, eles se estabeleciam em uma capital, uma cidade de maior importância econômica ou cidade portuária de onde partiam em viagens para assim ampliar suas oportunidades de trabalho. Em Minas Gerais registra-se um grande número de fotógrafos que percorreram as montanhas e caminhos sinuosos da região em busca de novos clientes. Ao se consultar a imprensa do período, é possível traçar as características destes deslocamentos, permitindo-se conhecer as cidades visitadas, os serviços fotográficos oferecidos e seus preços. No entanto, as condições do fazer fotográfico, propriamente dito, não são comumente discutidas. Diante disso, esta comunicação se propõe a tratar alguns aspectos do fazer fotográfico a partir da manifestação pública de dois fotógrafos, Francisco Manuel da Veiga e José Gallotti. Em Diamantina (MG), em momentos diferentes, eles se manifestaram sobre seus ateliês fotográficos, não para fazer propagandas padronizadas, como era comum no período, mas para tratar de questões artísticas. O primeiro, em 1871, ao encontrar um local ideal para estabelecer seu ateliê, apresenta o modo como o cliente deveria se apresentar para ser fotografado. Já o segundo, em 1889, para rebater críticas recebidas sobre seu trabalho, discute as características artísticas de suas fotografias. Ao tratar de tais questões esta comunicação pretende abrir uma pequena fresta por onde se possa ver alguns detalhes do ateliê desses artistas.