MODERNO E NACIONAL: A PROCURA DE UMA ALTERNATIVA ARQUITECTÓNICA NO ESTADO NOVO PORTUGUÊS E BRASILEIRO

Joana Brites (Universidade de Coimbra)

Resumo: A abusiva equivalência estabelecida entre arquitectura moderna e “Movimento Moderno” tem dificultado o reconhecimento da modernidade de propostas que diferiram do arquétipo fixado (e codificado sob a designação “Estilo Internacional”) em torno das obras de Walter Gropius, Le Corbusier ou Mies van der Rohe: uma arquitectura cúbica, padronizada, horizontalizante, de expressão e alcance internacionais, de coberturas planas, de fachadas envidraçadas e despidas, que anunciava ou potenciava, segundo os seus arautos, o advento de uma sociedade igualitária e desalienada.

Partindo da proposta de uma definição mais abrangente de “modernismo” e de uma reflexão problematizante acerca da relação entre fascismo e modernismo, procurar-se-á caracterizar a arquitectura do Estado Novo português e brasileiro como propostas alternativas à imagem “apátrida” do Movimento Moderno. Demonstrando-se que foram múltiplos os trilhos da modernidade arquitectónica, o lema “nacional e moderno” será apresentado e discutido como uma das manifestações do modernismo, ou seja, uma resposta cultural face ao processo de modernização.