A ARTE DECORATIVA DE ESTUQUES DE INTERIORES EM PELOTAS - 1870 A 1931

Cristina Jeannes Rozisky (UFPEL)

Resumo: Este trabalho trata dos estuques decorativos de interiores nos prédios ecléticos da cidade de Pelotas, construídos no período de 1870 a 1931. A riqueza da cidade, gerada pela comercialização dos produtos processados nas charqueadas e a localização meridional de Pelotas junto aos veios d’água navegáveis, contribuíram para a chegada dos adornos importados e também de profissionais da área da construção civil portugueses, italianos, alemães, franceses e ingleses. A arte decorativa de estuque, desde sempre considerada arte menor, nunca teve seu devido reconhecimento. O estuque é conhecido e utilizado desde a Mesopotâmia e Egito, uma arte milenar que ressurgiu na Itália no período do Renascimento. No período estudado, a ornamentação das edificações do estilo eclético historicista era generalizada, elementos funcionais e ornamentais em diferentes suportes chegavam ao porto de Pelotas da Europa através dos navios, no mesmo período de desenvolvimento urbano das grandes capitais do país. A proposta deste trabalho é inicialmente fazer uma análise dos estuques decorativos da Itália e de Portugal, países de tradição nesta arte decorativa. Identificar profissionais que migraram para o Brasil e, especificamente, para o extremo sul do país. Analisar a experiência e a produção pelotense na estucaria e ponderar influências sofridas da arquitetura eclética desenvolvida no Brasil. O foco principal da pesquisa consiste nos estudos iconográficos das ornamentações, das técnicas e dos materiais empregados nesta arte decorativa em Pelotas, procurando descrevê-los como também verificar nessas peças os valores que remetem ao debate da preservação dos bens integrados à arquitetura, objetivando estabelecer seu significado e importância no quadro da história da arquitetura local. Apresentar análises dos exemplares de estuque através de fichas das técnicas em relevo e liso polido. Relacionar a ornamentação com a função dos ambientes interiores das construções e às ideologias de seus proprietários. Verificar o estado de conservação das decorações e apresentar propostas para sua conservação ou restauração, segundo os princípios desenvolvidos na área do restauro. A qualidade formal, compositiva e técnica encontrada nos exemplos investigados demonstram que, assim como autores pelotenses discorrem sobre a história da arquitetura local e comprovam a presença de construtores estrangeiros nas obras edificadas durante o período, artífices imigrantes também se fizeram presentes na ornamentação dos edifícios cidade.