BARCO A SECO: CASTAGNETO COMO MODELO DE ARTISTA MODERNO

Vera Beatriz Siqueira (ART/UERJ; CBHA)

Resumo: Nesta comunicação pretendo refletir, a partir do romance Barco a seco de Rubens Figueiredo (2001), sobre a mitologia do artista moderno, construída sobre traços biográficos de Castagneto. Rústico, humilde, insubmisso e isolado - foi assim que o pintor de marinhas ficou conhecido, especialmente a partir da crítica de Gonzaga Duque, que o qualifica como representante de uma típica sensibilidade moderna. Rubens Figueiredo retoma algumas dessas histórias para dar forma a Emilio Vega, pintor obscuro e desaparecido, que se torna o objeto de estudo do historiador e perito Gaspar Dias. Este estabelece com o artista uma relação conturbada, de admiração e despeito. Embora viva de sua obra, valorizada no mercado de arte em que atua, empenha-se em dar cabo da visão sentimental que o cerca e em destruir a sua reputação, vivendo um conflito insolúvel. Pensar como Castagneto serve de paradigma para esse livro pode nos levar, portanto, a pensar nas estratégias de formação da sua reputação artística e nos valores de ajuizamento estético que se estabelecem no início de nossa modernidade.