EMÍLIO ROUÈDE: TEMPO DE MINAS

Ricardo Giannetti

Resumo: Neste trabalho propomos alinhar algumas reflexões sobre a atuação pioneira do pintor Emílio Rouède (1848-1908) em Minas Gerais no decorrer do ano de 1894, período em que viveu na cidade de Ouro Preto. Em especial, comentaremos acerca das impressões que deixou o artista visitante sobre as concepções arquitetônicas das casas religiosas que acabava de descobrir nas vilas do ouro, breves estudos estes veiculados em uma série de crônicas que passou a publicar no periódico Le Brésil Republicain, onde comparecia como jornalista correspondente. Nos citados artigos, com maior destaque, dirigiu sua atenção à Capela de São João Batista no morro do Ouro Fino em Ouro Preto e à Igreja Matriz de Nossa Senhora da Boa Viagem no arraial de Belo Horizonte, que encerravam manifestações artísticas e arquitetônicas das mais antigas e originais das terras das Minas. Ademais, em bom uso de sua sensibilidade artística e largos conhecimentos, deixou observações pertinentes. Quais sejam, em linhas gerais: detectou problemas fundamentais no que diz respeito à conservação e à guarda das obras de arte; condenou intervenções indevidas de pretensos restauradores; propôs uma melhor investigação histórica; estimulou o imediato registro de fontes primárias, em vias de se perder; e, finalmente, alertou para o gravíssimo problema do roubo do patrimônio cultural. Durante sua permanência em Minas, Emílio Rouède dedicaria-se ainda ao ensino do desenho, e, sobremaneira, à pintura de cavalete, alcançando formar uma muito significativa série de paisagens. Terminaria, enfim, por participar ativamente do cotidiano e da vida social das cidades onde morou - Ouro Preto e, mais tarde, Itabira do Mato Dentro. Na presente comunicação, todavia, relembraremos com maior atenção as mencionadas crônicas, tornando-as assunto central do estudo.

Palavras-chave: Crônicas de Emílio Rouède; Arte colonial mineira; Influência bandeirante e estilo português.