A ARTE NA ARTE DE NEGOCIAR E NA DIPLOMACIA: A IMPORTÂNCIA DA MISSÃO AUSTRÍACA PARA A INDEPENDÊNCIA DAS ARTES VISUAIS NO BRASIL DO SÉCULO XIX

Maria João Nunes de Albuquerque (Universidade do Porto)

Resumo: Nesta comunicação procurarei apresentar alguns documentos sobre o ‘eco-europeu’ que a partida da corte portuguesa para o Brasil teve na "nova imagem" do Rio de Janeiro, cidade imperial, e a importância que esta cidade ganhou na Europa central como território autônomo, livre e independente, tanto a nível econômico e político como científico e artístico, a partir da primeira década de oitocentos.

Qual foi a importância dessa missão e qual o resultado obtido? Conhecemos a Viagem filosófica ao Brasil de Martius e Spix que apresenta mapas de exportação e importação de produtos brasileiros. Esses dados são publicados pela imprensa estrangeira e foi o crescente interesse econômico por estes territórios ateadores da chama para a descoberta do novo mundo no universo político e diplomático por parte da Europa central iluminista que se viu parte ativa deste período da História do Brasil. Que relação há entre este âmbito econômico, político e financeiro e a construção da História da Arte brasileira no século XIX?

Os objetivos da missão austríaca eram claros: “Sua majestade o rei da Baviera, insigne patrono das ciências, convencido das vantagens para as mesmas [partes] e sobretudo para a humanidade traria o mais intimo conhecimento da América, transmitiu para esse fim, no ano de 1815, à Academia da Ciências em Munique a ordem que providenciasse sobre a viagem científica ao interior da América do Sul”.

E no entanto, todos os volumes da Viagem Filosófica ao Brasil, como em algumas outras obras portuguesas, e vienenses que enumeraremos, são mencionados o número de navios e os produtos exportados Os autores desses documentos referem a excelência dos pintores e ilustradores que seguiram nos barcos dessa missão.

Mas que papel tiveram estes artistas, no Rio de Janeiro ou já depois na Europa, na construção do percurso das artes visuais para a autonomia em relação a Portugal?

A partir de pequenos excertos informativos sobre o papel dos pintores austríacos no Brasil e as repercussões que as suas estadas e vivências tiveram no desenvolvimento de uma escola de novos mestres ou de uma relação bi-lateral entre o Rio de Janeiro (e outras cidades do Brasil) e a cidade imperial austríaca, levaram-me a compulsar e reunir um conjunto de elementos que se encontravam, sobretudo em arquivos particulares na Eslovênia e em Praga, bem como em Viena, mas também brasileiros, que gostaria de partilhar neste II Colóquio Nacional de Estudos sobre Arte Brasileira no século XIX.

Palavras-chave: Missão Austríaca; Arte Brasileira; Pintores Austríacos.