Pensando nos nós do Macramê: uma história, uma técnica, um lugar de memória no cotidiano feminino

Ludimila Caliman Campos* e Mereida Maria Modesta Netto Garcia**

CAMPOS, Ludimila Caliman; GARCIA, Mereida Maria Modesta Netto. Pensando nos nós do Macramê: uma história, uma técnica, um lugar de memória no cotidiano feminino. 19&20, Rio de Janeiro, v. VII, n. 3, jul./set. 2012. Disponível em: <http://www.dezenovevinte.net/arte%20decorativa/aa_macrame.htm>.

*     *     *

Os nós na história

Ao longo do tempo, a criatividade aliada às necessidades cotidianas permitiram que os homens criassem soluções aos seus desafios. Foi em meio ao nascimento da própria cultura, como tal, que surgiram as primeiras técnicas de extração de fios, bem como a amarração desses fios. A utilização de fibras e fios é tão antiga quanto à história do próprio homem. Segundo Aparecido José Cirillo, em seu livro Artes da Fibra (2010), as manifestações têxteis no mundo parecem ter começado ainda no período neolítico, pois havia uma necessidade, além da própria vestimenta, de guardar, preservar e proteger seu alimento. Isso o estimulou a descoberta de procedimentos diversos, tais como a cerâmica e a cestaria. Ao que tudo indica, as formas entrelaçadas geraram inicialmente os primeiros utensílios têxteis.

Deste modo, adaptando-se aos processos para garantir a sobrevivência, o homem utilizou fibras vegetais e animais para confeccionar objetos têxteis chegando até ao método de tecelagem. Compreendendo e se apropriando de procedimentos cada vez mais complexos, as primeiras comunidades humanas desenvolveram técnicas de fiação com as fibras que propiciaram a criação de diversas amarrações de fios.

As fibras animais, em especial as semelhantes à lã, bem como as fibras vegetais, tai como o algodão, cânhamo, juta, sisal, ou linho, foram bastante utilizadas nas primeiras técnicas de fiação. Deste modo, desenvolveram-se diversas técnicas tais como o Macramê, o entrelaçamento de fios, bem como as técnicas preliminares que deram origem ao tricô e ao crochê (CAURIO,1983). Esses procedimentos se tornaram a base da tecelagem, os quais consistiram na fabricação de tecidos (CIRILLO, 2010).

Sobre o Macramê, especificamente, sabemos que é uma arte decorativa que consiste em atar fios em diversos tipos de nós apenas utilizando as mãos. O nome Macramé (Migramach) é de origem turca, e significa “tecido com franjas, tramas ornamentais e galão decorativo”. Provavelmente, esse nome se deu por conta dos tecelões turcos do século XIII d.C., os quais faziam muitos trabalhos com franjas em toalhas barradas.

Apesar de ter sido criado oficialmente, como técnica, na região da atual Turquia, estudos indicam que o Macramê era utilizado na China, na Mesopotâmia e no Egito por volta do ano 3.000 a.C.. No Museu Britânico, encontra-se um barrado assírio registrado como a peça mais antiga de Macramê, datada em 2000 a.C., feita com cipó, vime, couro e até mesmo capim.

No entanto, de fato, as fontes asseveram que a técnica teve seu maior destaque nos reinos árabes medievais e também durante o apogeu do Império Bizantino. Os espanhóis e portugueses se destacaram por serem os primeiros europeus a terem contato com a técnica, aprendida por meio dos mouros que haviam conquistado a Península Ibérica desde o século VIII d.C. A partir de então, será nas Cruzadas que o Macramê virá a ser conhecido pelos demais povos da Europa, em especial os italianos e franceses. No século XVI, o Macramé tornar-se-á uma especialidade de Gênova, quando a técnica de atar os fios será conhecida como “punto a groppo” (em italiano “laço atado”).[1] Os padrões eram geralmente geométricos e, às vezes, intercalados com figuras humanas estilizadas. O Macramê se destacou na França medieval por ser feito em tecidos para fazer a franja com linhas mais finas e não apenas com cordões e barbantes grossos. Já em Portugal medieval, o tecido era desfiado para fazer franja: lá, a técnica passou a ser chamada também de “bróia”, “brolha” ou “amarradinho”. O Macramê chegou ao Brasil por meio dos colonizadores portugueses, cognominado pelos apelidos dados a técnica ainda em Portugal. Sabe-se que, provavelmente, o Macramê veio por meio das senhoras que teciam seus enxovais de casamento. Posteriormente, a técnica seria ensinada pelas “sinhás” às escravas e deixando, assim, de ser uma prática exclusiva das senhoras ricas.

É digno de nota o fato de que os britânicos serão um dos povos que mais valorizará a arte dos amarrados. Ainda no século XVI, a Rainha Maria, esposa de Guilherme de Orange, ensinava às damas da corte a técnica que seu esposo havia trazido da Holanda. No entanto, o Macramê se tornará popularizado no Reino Unido somente no século XIX, tendo seu auge na Era Vitoriana quando o estilo romântico da época privilegiou a sensualidade e o uso exagerado de ornamentos.[2] Em 1860, é lançado o Sylvia's Book of Macrame Lace [Figura 1], no qual encontram-se instruções sobre como trabalhar com os nós nas mais diversas peças, feitos nesta época com linha muito fina e delicada, de modo a aparentar uma renda. Livros e revistas eram editados incentivando as donas de casa e suas filhas a aprender alguma técnica de modo a tornar-se um hobby e ainda produzir algo útil. A partir de então, vários livros e revistas serão feitos para o ensino da técnica com seus usos e modelos [Figura 2a e Figura 2b].

Sobre a difusão do Macramê, parece muito se dever aos marinheiros, mais precisamente aos navegantes árabes nas suas longas viagens, quando o tempo ocioso foi fator favorável para as descobertas de amarrações com as cordas dos navios, levando-os depois a confeccionar produtos com os fios disponíveis a bordo, fazendo desde objetos para uso pessoal, tais como franjas em toalhas, véus, xales, cintos e bolsas, até utensílios de pesca como redes, cordas e anzóis entrelaçados. Eles faziam esses objetos tanto para o uso pessoal quanto para a venda e troca nas cidades onde paravam. A habilidade na confecção de produtos com os fios e amarrações nos navios se propagou como um costume entre os marinheiros, tendo uma larga produção a bordo, sendo, além de comercializados nos portos, transmitidos também às mulheres dos navegantes que ficavam em terra.

O Macramê atravessou os anos sendo esquecido por alguns e resgatado por outros. No entanto, será nos anos 1970, com o movimento hippie nos Estados Unidos, o qual se espalhou pelo mundo, que a técnica voltará a ganhar notoriedade.

O Macramê é atualmente usado por vários seguimentos, desde bijuterias feitas por artesãos e sendo vendidas nas praças e até mesmo nas lojas de grifes de shoppings, passando por grandes e pequenos artistas a designers de moda e decoração. As simplórias franjas em toalhas de banho ou barrados em estolas eclesiásticas feitas por senhoras em muitas tardes, nos terreiros dos quintais de terra batida, são rivalizadas pelas peças de Macramê feitas pelas grandes confecções das marcas de fama mundial.

Os nós da técnica

O Macramê é uma técnica de atar fios entre tantas existentes as quais foram desenvolvidas ao longo dos anos e que são usados para várias finalidades. As peças feitas em Macramê costumam ser utilizadas para a decoração de ambientes, em roupas de cama, mesa e banho, no vestuário pessoal e também em acessórios como bolsas ou bijuterias e até calçados.

O Macramê é feito basicamente de dois tipos de nós e suas variações: o ponto Macramê e o ponto Festonê. Utilizando-se estes dois pontos pode-se criar uma grande variedade de outros pontos secundários.

Para fazer o Macramê é preciso fios e as mãos, auxiliado às vezes por alfinetes ou por uma base onde se prende os fios. Os fios podem ser de vários tipos e espessuras variadas, de qualquer material que permita a amarração, tais como cordões, cordas, linhas, fitas e outros. Também podem ser utilizados, junto com os nós, vários objetos para decorar o trabalho, como bolinhas decorativas para entremeios, sementes perfuradas, strass. Outros produtos, de acordo com a finalidade do trabalho, como alças para bolsas e fivelas para cintos, podem ser facilmente associados ao Macramê. A partir dos pontos básicos, diversas variações podem ser efetuadas, criando vários motivos diferentes.

Os nós no lugar de memória no cotidiano feminino

Quando pensamos no cotidiano, precisamos entender, primeiramente, que a teoria da cotidianidade tem sido estudada desde meados do século XX.[3] No entanto, a cada pesquisa, novos aspectos do próprio cotidiano têm sido levantados. A palavra “cotidiano” vem do latim cotidie ou cotidianus, tendo como significado o diário, o dia-a-dia e o comum (GUIMARAES, 2002). O objetivo de se refletir acerca do cotidiano é exatamente apreender o incomum no repetido.

Agnes Heller, no clássico Cotidiano e História (1985), afirma que o cotidiano é feito de objetivações, caracterizado pela reprodução da ação humana. Deste modo, a confecção de objetos pelo homem é uma ação de objetivação. Toda objetivação é fruto dos costumes que uma sociedade apropriou. Alguns aspectos são próprios das ações cotidianas, tais como: imitação, pragmatismo, pensamentos baseados no senso comum, ultrageneralização, etc. Na vida cotidiana do homem, o fato dele ter algum êxito nas tarefas diárias traduz uma forma de manipular o ethos do sistema, em uma reprodução da própria manipulação, em uma praxis alienada e utilitarista (GUIMARAES, 2002).[4]

Apesar de sabermos que há muitas criações feitas em Macramê as quais podemos considerar uma obra de arte por excelência, a maior parte daquilo que é confeccionado é considerado comum, por tratar-se de uma repetição, em uma noção do senso comum, não rompendo, deste modo, com as amarras das ações cotidianas.[5] É digno de nota o fato de que há um consenso em dizer que o cotidiano é a dimensão do senso comum, com todo o sofrimento, alegria, prazer, afeto, construções e desconstruções que somente o homem é capaz de realizar.

Como já foi anteriormente dito, o Macramê tem feito parte do cotidiano humano por longos séculos, assim como outras técnicas manuais. De fato, é no âmbito da vida cotidiana que as redes de lealdade e sociabilidade são tramadas e as técnicas são ensinadas e aprendidas por intermédio do compartilhamento de um dado conhecimento por um grupo.

Vale frisar que tal técnica tem sido compartilhada principalmente por mulheres. Tomando o exemplo do Brasil, essas costumavam se reunir desde o período colonial, como algumas ainda fazem, afim de “tricotar”. Essas rodas de conversa entre amigas, vizinhas e, principalmente parentes foram muito comuns principalmente no interior do país.

Pensando na família patriarcal própria da sociedade brasileira, observamos que há espaços públicos e privados. Tais mulheres, por lhes não ser lícito transitar nos espaços públicos, próprios dos homens, criaram seus próprios espaços públicos dentro do âmbito do privado, adquirindo a identidade que melhor lhe representasse.

Várias técnicas manuais feitas com fios e linhas tem preenchido o mundo privado feminino, se perpetuando por meio de tradições familiares, a função de cotidianamente transmitir às novas gerações os afazeres domésticos. Isto incluiu, por muitos anos, ensinar as moças da casa a costurar, bordar e executar tarefas ditas femininas ou “prendas domésticas”. Algumas revistas femininas do início do século XX recomendavam a técnica do Macramê [Figura 3a e Figura 3b]. Veja-se a citação na Revista Feminina, de outubro de 1918:

O Macramê tinha cahido no  esquecimento,  e  o  processo  de  sua   execussão  estaria,  hoje,  inteiramente  esquecido  se  elle  não  fosse  conservado  em  alguns  conventos  e  entre  alguns  povos  slavos,  herdeiros  da  tradição.  Há uns trinta annos,  mais  ou  menos,  quando  o Macramê apareceu, dizia-se que se tratava de uma invenção, quando,  na  verdade,  era  já  coisa  velha.  O Macramê é um dos lavores mais interessantes e mais variados, porque elle encontra a sua aplicação na ornamentação e enfeite de uma porção de objetos. Demais, estes lavores são de uma solidez a toda prova, o que tem contribuído grandemente para generalizar  o seu emprego. Como se vê, o estudo do Macramê é o que há, no gênero, de mais recomendável.  A sua dificuldade não é senão apparente.  E desde que a leitora queira acompanhar  com attenção  as  nossas  lições  e  observações, verá que, uma vez vencidas as  primeiras  dificuldades, tudo mais é fácil. Em resumo, o   Macramê  tem muito effeito e com elle pode-se executar uma enorme variedade de trabalho [...] (Revista Feminina, out. 1918. Acervo do Arquivo do Estado de São Paulo)

Entre a segunda metade do século XIX e a primeira metade do século XX, havia uma ideia no Brasil de que as mulheres não deveriam ser um peso financeiro para o marido. No entanto, as mulheres não eram bem aceitas para o trabalho, a não ser que o marido não conseguisse suprir as necessidades da família (LIPOVETSKY, 2000). Deste modo, o ideal seria que elas fizessem em casa tudo aquilo que fosse possível, sem sair do âmbito do privado, local onde ela era considerada “a rainha”. Por esse motivo, as revistas destinadas para o público feminino incentivavam a costura no lar.

As meninas, desde cedo, eram estimuladas a explorar seus estojos de costura a fim de aprender as mais diversas gamas de atavios e a confeccionar toalhas, toalhinhas bordadas e rendadas, caminhos-de-mesa, colchas, monogramas. Vale frisar que os bordados não tinham somente uma função ornamental, mas funcionavam como uma estratégia de individualização que acabou por se perpetuar nos diferentes trajes empregados nos ritos da vida privada e do cotidiano. A carga simbólica de cada peça era algo importante. Quando uma jovem se casava, muitas vezes, ela mesma tinha confeccionado seu próprio enxoval. As marcas de sua identidade estavam impregnadas em cada peça, tais como suas cores prediletas, seus amarrados e tramas, seus bordados e rendas (NOVAIS, SEVCENKO, 2002).

As peças feitas em família guardavam mais do que uma função pragmática: tais eram fruto da necessidade de perpetuação de um lugar de memória.[6] Entendemos que a técnica do Macramé, bem como as peças que são forjadas por meio dessa prática, são um lugar de memória (individual, familiar ou coletiva) na medida em que possuem uma intenção memorialista, a qual garante sua própria identidade, realçando aquilo que foi vivido. As pesquisas já confirmaram que a técnica do Macramê foi passada por meio de um fluxo mnemônico, que foi compartilhada entre os povos por tradições familiares e culturais, sob um sentimento de pertencimento coletivo; fica claro, ainda, o uso do Macramê como uma das  técnicas  manuais  ensinadas  às  moças num  passado bem próximo, como preparação para sua vida privada, doméstica e familiar. Objetos de uso pessoal como toalhas de banho ou indumentárias para a decoração do  lar  eram feitas com requinte e zelo, tratados como uma herança, passados de avós a netas como lembranças vivas de um sentimento íntimo e da perpetuação da memória e da experiência familiar. Quando Ostrower (1977) menciona as relações de afetividade como fundamentais para os processos de aprendizagem, pode-se compreender que os resgates artesanais familiares são feitos em decorrência das relações de afeto. Pelo afluir da memória arquivada, há resgates em detrimento de novas necessidades, reavivando-se conteúdos antigos que podem transformar-se em novos desafios e novas relações de afetividade. Uma peça feita de Macramé poderia suscitar uma relação de sociabilidade e de sensibilidade vinculada a um mundo ancestral, ao evocar a preservação da peça e perpetuação da  técnica. Vale frisar ainda que a técnica, quando resgatada em outra geração, sofrerá um processo de tradução cultural, tendo em vista as modificações feitas com os novos amarrados e as novas peças.

Os nós do Macramê, assim como as laçadas do crochê, do tricô ou as contagens feitas no ponto cruz ou no bordado, são elementos do cotidiano humano, usados principalmente por mulheres, que hora são esquecidos e hora resgatados para destacar as características das vivências pessoais. A história fala de grandes tapeçarias e bordados feitos cotidianamente por mulheres que aprendem diferentes técnicas de amarração, criam um vínculo mnemônico, enquanto esperam seus companheiros por muitos anos. Feitos em mosteiros, conventos, casebres, casarões, castelos e talvez em senzalas, os nós e laçadas foram e são companheiros fiéis de muitas pessoas que encontram, na quentura da linha, o aquecimento de seus corpos e almas por longos dias.

Referências bibliográficas

CÁURIO, Rita. Artêxtil no Brasil: Viagem pelo Mundo da Tapeçaria. Rio de Janeiro: Ed. do Autor, 1985.

CIRILLO, Aparecido José. Artes da Fibra.  Vitória: Universidade Federal do Espírito Santo, Núcleo de Educação Aberta e a Distância, 2010.

GUIMARAES, G. D. Aspectos da teoria do cotidiano: Agnes Heller em perspectiva. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2002.

HELLER, Agnes. Cotidiano e História. Rio de Janeiro: EdUERJ, 1985.

LACOMBE, M. S. M. Os fundamentos marxistas de uma sociologia do cotidiano. Revista de outubro, UNICAMP, 2007.

LIPOVETSKY, G. A terceira mulher: permanência e revolução do feminino. São Paulo: Companhia das Letras, 2000.

NOVAIS, F; SEVCENKO, N. História da Vida Privada no Brasil República: da Belle Epoque a era do Rádio. Vol. 3. São Paulo: Companhia das Letras, 2002.

OSTROWER, Fayga. Criatividade e Processos de Criação. 6ª Edição. Petrópolis: Vozes, 1987.

PRATICAL MACRAME LACE BORDERS, 1888. Weldon's n. 40, vol. 4 - Practical Macrame Lace Borders, Sachets, Tea Cosies, etc. (Weldon's Practical Needlework), 2012.

REVISTA FEMININA. Edição “O Macramê”, out. 1918. São Paulo: Acervo do Arquivo do Estado de São Paulo, 2012.

SYLVIAS BOOK OF MACRAMÉ LACE, 1886. London: New York : Ward, Lock, Bowden, and Co., 2012.


* Ludimila Caliman Campos é doutoranda do Programa de pós-graduação em História Social das Relações Políticas da Universidade Federal do Espírito Santo e desenvolve um projeto financiado pela CAPES com o seguinte título: Devoção popular, hibridismo cultural e conflito religioso: a emergência do marianismo no Império Romano (séc. II-V).

** Mereida Maria Modesta Netto Garcia é graduada em Artes Visuais pela Universidade Federal do Espírito Santo.

[1] Até o século XIX diversos artigos de Macramê serão exportados de Gênova para a América do Sul, para o México e ainda para a Califórnia.

[2] Na história do Reino Unido, a Era Vitoriana corresponde ao período de reinado da Rainha Vitóri, que estendeu-se de 1837 a 1901.

[3] Um dos primeiros trabalhos que trata da teoria do cotidiano, sob o aspecto da sociologia, se dá entre os anos de 1946-1981 com os três volumes da obra La critique de la vie quotidienne, bem o livro La vie quotidienne dans le monde moderne. Estes, cujo autor foi Henri Lefebvre, trazem à tona uma teoria do cotidiano marcada pela busca pelo diálogo com a realidade (LACOMBE, 2007).

[4] O conceito de ethos (advindo do grego - ética, hábito, costume e harmonia), nos estudos sociológicos, é, basicamente, uma espécie de síntese dos costumes de um povo. Largamente utilizado para a compreensão dos hábitos, sob o prisma social e cultural, tal conceito está presente nos estudos das identidades sociais. 

[5] Entre os artistas do Macramê, podemos destacar Carlos Antônio Salvador, Annie Rottenstein e Sonia Paul. O primeiro passou sua infância manuseando elementos têxteis, pois seu pai era alfaiate e sua mãe costureira. Por isso, ele domina diferentes técnicas têxteis artesanais.  Ele fez importantes exposições em São Paulo na década de 70 e 80.  A segunda, francesa radicada no Brasil desde 1975, tem se dedicado à arte têxtil desde então, se expressando unicamente em nós. Segundo ela, “o importante é eles serem tão simples que, tal como notas musicais, se  combinem  ao  infinito numa multitude expressiva“.  (CÁURIO, 1985, p. 222).  Suas pesquisas de materiais inusitados têm marcado suas obras até hoje. A terceira artista é paraense. A artetêxtil de Sonia é refinada, densa de significados e plasticidade.  Ela já participou de exposições em grupo e individuais, inclusive da II  e  III  Trienais  de Tapeçaria no MAM, São Paulo.

[6] Do ponto de vista operacional, à memória corresponderia uma retenção de dados já interligados em conteúdos vivenciais de cada ser humano. Assim sendo, circunstâncias novas e por vezes dissimilares poderiam reavivar um conteúdo anterior, se existirem fatores em relacionamentos análogos ao da situação original. Por esse motivo que a afetividade desempenha um papel singular nos processos de aprendizagem (OSTROWER, 1977).